Nesta quarta-feira (3), após quase duas horas de debate, o Plano Plurianual (PPA) 2026-2029 foi aprovado, em primeiro turno, pelos vereadores da Câmara Municipal de Curitiba (CMC). O texto-base elaborado pela Prefeitura de Curitiba recebeu votação unânime, mas houve divergências na análise das sete emendas apresentadas pelos parlamentares. Todas foram acolhidas hoje e serão incorporadas à redação do PPA até a próxima segunda-feira (8), quando a matéria retornará à pauta da CMC para a votação em segundo turno (013.00010.2025).

>> Confira o que as emendas aprovadas alteram no PPA 2026-2029

O PPA 2026-2029 define os parâmetros para a aplicação de R$ 59,7 bilhões na administração pública de Curitiba nos próximos quatro anos. Ele serve de referência para a elaboração do orçamento anual, estabelecendo metas e limites que guiam a gestão municipal. Aprovado no início de cada mandato, o Plano segue vigente até o primeiro ano da gestão seguinte, para evitar “furos” no planejamento da cidade. Ao atuar em conjunto com a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei Orçamentária Anual (LOA), o PPA previne mudanças abruptas na administração da cidade.

O destaque deste Plano Plurianual é a expectativa de R$ 5,38 bilhões em investimentos diretos, mais que o dobro do PPA anterior, que foi de R$ 2,43 bilhões. Entre as obras elencadas pela gestão Eduardo Pimentel, estão a continuidade de obras estruturantes de mobilidade, como o BRT Leste-Oeste e a adoção de ônibus elétricos, e a ampliação de programas sociais, incluindo novas unidades de saúde, expansão da rede de educação infantil e da rede de restaurantes populares, além das políticas de acolhimento a pessoas em situação de vulnerabilidade.

A gestão Eduardo Pimentel elaborou um PPA dividido em três eixos principais, que organizam 11 programas de governo, dentro dos quais estão as metas propostas pela gestão para os próximos quatro anos. Os eixos são Curitiba Inclusiva (com os programas Curitiba que Acolhe, Curitiba que Acompanha, Curitiba que Emancipa e Curitiba que Comunica), Curitiba Estruturada e Bem Cuidada (Mantendo Curitiba, Estruturando Curitiba e Administrando Curitiba) e Curitiba Inovadora e Sustentável (Enriquecendo Curitiba, Curitiba Inovadora, Curitiba Sustentável e Legislativo Municipal).

Eficiência, investimentos e desburocratização são debatidos pelos vereadores

O presidente Tico Kuzma (PSD) abriu a discussão explicando o rito de votação e destacando que o texto-base do PPA chegou ao plenário após análise técnica da Comissão de Economia. Na sequência, o líder do Governo, Serginho do Posto (PSD), afirmou que o Plano é “uma proposta muito consistente, com programas bem estruturados”, ressaltando a previsão de “mais de R$ 5 bilhões em investimentos diretos” para os próximos quatro anos e a ampliação de financiamentos internacionais voltados à mobilidade, à habitação e à sustentabilidade. Ele também frisou o avanço da desburocratização, afirmando que Curitiba ampliou “de 606 para mais de 1.200” as atividades de baixo risco dispensadas de alvará, criando um ambiente mais favorável ao empreendedorismo.

Ao tratar da eficiência administrativa, a vereadora Indiara Barbosa (Novo) alertou para o peso das despesas de manutenção, afirmando que os programas de administração e custeio somam “mais de 50% de todo o orçamento”. Ela avaliou que é preciso aumentar o espaço para investimentos finalísticos e defendeu ações articuladas que combinem acolhimento, desenvolvimento integral e emancipação. Indiara também analisou os programas sociais, afirmando que “o Curitiba que Acompanha representa cerca de 35% do PPA” e que políticas voltadas à população vulnerável precisam fortalecer a autonomia econômica, especialmente no caso da população em situação de rua.

A vereadora Camilla Gonda (PSB) apontou lacunas na peça, observando que “a juventude aparece apenas uma vez no PPA”, o que considera insuficiente frente aos desafios de educação, cultura e oportunidades profissionais. Ela defendeu metas mais claras e transversais, articuladas a diferentes eixos do Plano. A vereadora Delegada Tathiana Guzella (União), em aparte, elogiou o trabalho técnico das equipes da Prefeitura e da Câmara, afirmando que o PPA é um instrumento complexo, que exige compatibilizar expectativas sociais com diretrizes de médio prazo e limites orçamentários.

Pauta ambiental e planejamento urbano ganham destaque

A discussão ambiental ganhou centralidade com o aparte da vereadora Laís Leão (PDT), que destacou a importância de incluir o Ecodistrito do Rio Belém entre as prioridades do PPA. Ela lembrou que o território compreende “uma das áreas mais vulneráveis às mudanças climáticas” da cidade, e reforçou que o instrumento de planejamento será determinante para viabilizar as ações previstas. Segundo a vereadora, “sem estar no PPA, o Ecodistrito não consegue sair do papel”, pois não há execução possível sem previsão orçamentária compatível.

A vereadora Rafaela Lupion (PSD), presidenta da Comissão de Urbanismo, ampliou o debate relacionando o PPA à revisão do Plano Diretor e às discussões conduzidas pelo Ippuc. Ela afirmou que Curitiba vive “um momento de profunda discussão democrática sobre o futuro urbano da cidade”, com oficinas nas regionais e participação ativa dos conselhos setoriais. Rafaela defendeu a integração entre mobilidade, habitação, saneamento e sustentabilidade, ressaltando que o PPA organiza essa estratégia em três eixos e 11 programas de governo.

O líder do Governo, Serginho do Posto, reforçou a dimensão ambiental do Plano, citando obras para conter enchentes, a criação de novas áreas verdes, a modernização dos sistemas de drenagem e a adaptação da cidade aos efeitos climáticos extremos. Ele afirmou que Curitiba está “preparando a cidade para os eventos climáticos extremos”, vinculando essas ações a um ciclo de investimentos sustentáveis que envolve parques, infraestrutura verde e expansão dos ônibus elétricos. Segundo ele, essas iniciativas reforçam o compromisso do PPA com inovação e responsabilidade ambiental.

*Notícia revisada pelo estudante de Letras Gabriel Kummer
Supervisão do estágio: Ricardo Marques