Saúde Única é debatida na Câmara de Curitiba
Especialistas explicam o que é Saúde Única em Audiência Pública na Câmara de Curitiba (CMC). (Foto: Carlos Costa/CMC)
Nesta última terça-feira (4), o vereador Nori Seto (PP) realizou uma Audiência Pública com o tema “Saúde Única, para preservar e manter a saúde global”. O objetivo da atividade, diz o parlamentar, é debater o conceito e difundir orientações comunitárias sobre a importância do papel desses profissionais. O evento aconteceu no auditório da Câmara Municipal de Curitiba (CMC) e reuniu, além de vereadores da Casa, deputados federais, representantes da área, médicos e membros da Associação Comercial do Paraná (ACP). A audiência contou com transmissão ao vivo pelo YouTube da CMC (407.00039.2025) .
“Quando nós olhamos para o âmbito da Saúde Única, nós olhamos para os profissionais de diversas áreas, diversas profissões, como nutricionistas, médicos, biomédicos, médicos veterinários, enfermeiros, entre outros. São diversas profissões aqui representadas, cada um com seu olhar, sua especialidade e sua linguagem própria. À primeira vista pode parecer que falamos de mundos diferentes, mas, na verdade, falamos todos da mesma casa, o planeta em que vivemos”, disse Nori Seto na abertura da Audiência Pública.
Autor da lei municipal 16.500/2025, que institui a promoção da Saúde Única em Curitiba, Nori Seto entende que o conceito é importante porque reconhece a interconexão entre a saúde de humanos, animais e do meio ambiente. Essa abordagem integrada é crucial para prevenir doenças infecciosas (zoonoses), combater a resistência antimicrobiana, garantir a segurança alimentar e proteger a biodiversidade, sendo essencial para a saúde pública e o bem-estar geral.
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Debate traz alerta para mudanças climáticas
“Falamos de um tema essencial para a saúde pública, para a ciência da humanidade e para a convivência harmoniosa entre todos os seres vivos. A Saúde Única, comemorada mundialmente no dia 3 de novembro, foi estudada há décadas para destacar a saúde como critério central para a sustentabilidade humana. Ela reconhece que a saúde humana está interligada à saúde animal, das plantas e do ambiente. O conceito abarca a colaboração multidisciplinar e intersetorial para enfrentar ameaças globais e locais”, explicou Adolfo Sasaki, médico veterinário e presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado do Paraná (CRMV-PR).
“Nós estamos no ano da COP 30 [Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas], que traz um desafio das mudanças climáticas para o nosso meio, que afeta todo esse contexto da saúde humana, animal e da questão ambiental. Então, é importante esse debate para reverberar para a sociedade e que a gente possa avançar e encontrar nesse debate inspiração para melhorar as políticas públicas”, discursou a deputada estadual, Márcia Huçulak. A deputada trouxe o exemplo da Covid-19, pois, segundo ela, o que aconteceu envolveu toda a relação da saúde humana, animal e ambiental. “Cada catástrofe que acontece, compromete toda a esfera pública”, acrescentou Márcia Huçulak.
Para André Luís Pasdiora, coordenador de vigilância em Saúde Ambiental da Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba (CMC), o tema da vigilância ambiental é desconhecido no próprio sistema de saúde. “Ele é uma ferramenta, porque a gente ainda sofre um pouco com aquela visão hospitalocêntrica, que só a visão do hospital que vai resolver um problema da saúde. Mas não. Os nossos problemas vêm das nossas relações com a sociedade”, discursou André Luís Pasdiora.
Entre os exemplos trazidos na audiência para explicar como a vigilância ambiental atua, o coordenador falou sobre a última epidemia de dengue que ocorreu na cidade em 2024. “Para combater o aumento dos casos, nós tivemos que puxar os princípios de Saúde Única. Quando falamos em controle vetorial, nós temos muito fator ambiental envolvido, muitas questões sociais e climáticas. Porque a dengue é uma doença negligenciada e que vem aumentando onde tem mais vulnerabilidade social. Ou seja, temos que atuar de forma intersetorial”, complementou Pasdiora.
Laboratórios são exemplos de Saúde Única no Paraná
“O laboratório Lec [Laboratório de Ecologia e Conservação - UFPR], de ecologia e conservação, na cidade Pontal do Sul, estuda animais marinhos e vale a pena todo mundo conhecer, porque lá eles percebem resistência bacteriana em animais marinhos devido a águas e dejetos jogados nos nossos rios e mares que estão afetando os mamíferos marinhos, não somente com resistência antimicrobiana, mas temos até cinomose em lobos marinhos, ou seja, um vírus de cão doméstico já está afetando a vida marinha”, contou Adolfo Sasaki.
Outro exemplo trazido pelo médico veterinário, é o Centro de Produção de Pesquisa de Imunobiológicos (CPPI), em Piraquara, que produz soro contra a aranha-marrom e contra as serpentes através do uso de animais, como o cavalo, para a produção do soro que serve como antígeno. O Centro também produz sangue que é fornecido ao Instituto Volbito que infecta mosquitos para servirem como agentes contra a dengue. “Olha que interessante, vários exemplos de várias profissões em prol da Saúde ùnica, que tratam os animais para que eles não afetem os seres humanos e o meio ambiente”, acrescentou Sasaki.
“Ciência em prol da sociedade”, defendeu presidente do Crefito-8
Durante os depoimentos acerca da melhoria no ambiente de trabalho dos profissionais que atuam na Saúde Única, o presidente do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 8ª Região (Crefito-8) e coordenador do Fórum dos Conselhos Regionais da Área da Saúde do Estado do Paraná (FCRAS-PR), Bruno Aldenucci disse que só é possível que o tema avance se for respeitada todas as áreas de atuação que cooperam com a ciência em prol da sociedade.
Também foram levantados temas sobre a integração assistencial a toda sociedade, a fim de que a Saúde Única encontre ferramentas para novas políticas públicas que cuidem de todos os setores da sociedade. No encerramento da audiência, Nori Seto destacou que todas as demandas trazidas na Audiência Pública serão analisadas pelo seu gabinete e encaminhadas à Prefeitura de Curitiba.
*Matéria elaborada pela estudante de Jornalismo Mariana Aquino*, especial para a CMC.
Supervisão do estágio: José Lázaro Jr.
Edição: José Lázaro Jr.
**Notícia revisada pelo estudante de Letras Celso Kummer
Supervisão do estágio: Ricardo Marques
Reprodução do texto autorizada mediante citação da Câmara Municipal de Curitiba