Projeto propõe hip hop como atividade extracurricular nas escolas de Curitiba

por Pedritta Marihá Garcia — publicado 08/12/2025 17h20, última modificação 08/12/2025 17h20
Proposta busca ampliar acesso de estudantes à cultura urbana e fortalecer inclusão educacional.
Projeto propõe hip hop como atividade extracurricular nas escolas de Curitiba

A ideia é que o hip hop seja difundido como atividade extracurricular, abrangendo seus cinco elementos: o MC (rap), o DJ, o break dance, o graffiti e o conhecimento. (Foto: Rodrigo Fonseca/CMC)

Por considerar o hip hop uma ferramenta pedagógica capaz de promover identidade, participação social e desenvolvimento artístico, tramita na Câmara Municipal de Curitiba (CMC) um projeto de lei que o reconhece como atividade extracurricular na rede municipal de ensino. A iniciativa reforça políticas públicas voltadas à juventude e à valorização da cultura urbana, aproximando práticas artísticas contemporâneas do cotidiano escolar. 

A matéria é de autoria da Giorgia Prates – Mandata Preta (PT) e prevê que o hip hop será difundido como atividade extracurricular, abrangendo seus cinco elementos reconhecidos internacionalmente: o MC (rap), ligado à oralidade e à crítica social; o DJ, associado à criação de bases sonoras; o break dance, que integra dança urbana e expressão corporal; o graffiti, como manifestação visual; e o conhecimento, entendido como dimensão educativa, crítica e comunitária do movimento.

De acordo com o projeto (005.00686.2025), a Secretaria Municipal da Educação (SME) estará autorizada a firmar acordos de cooperação com grupos de hip hop sediados em Curitiba, garantindo a oferta das oficinas sem custos para a administração pública. Caso as escolas não disponham de espaço apropriado, a proposta permite o uso de materiais didáticos alternativos, como cartilhas, folders e exposições, assegurando a continuidade pedagógica das atividades.

Cultura popular, educação inclusiva e formação cidadã

A justificativa apresentada pela autora traz um conjunto substancial de argumentos sociais, culturais e educacionais. O hip hop é descrito como um movimento que surgiu nas periferias urbanas e que, ao longo das últimas décadas, consolidou-se como ferramenta de identidade e transformação comunitária. Conforme registra o documento, trata-se de uma expressão que favorece a autoestima, protagonismo juvenil e participação social.

A vereadora destaca que o movimento promove valores como respeito, coletividade e disciplina, além de contribuir para a permanência escolar. O texto afirma que o hip hop “é capaz de revelar talentos invisibilizados, gerar reconhecimento e ampliar horizontes”, enfatizando seu potencial como linguagem artística de impacto social. Prates também ressalta experiências exitosas em outros municípios, nas quais oficinas de hip hop demonstraram aumento de engajamento estudantil, redução da evasão e melhoria da convivência escolar.

Outro fundamento relevante é o alinhamento com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que reconhece a importância de práticas culturais e artísticas diversificadas no processo formativo. Nesse sentido, a autora argumenta que a presença do hip hop nas escolas amplia a conexão entre educação formal e realidade contemporânea: “É uma prática que democratiza o acesso à arte e estimula a formação crítica da juventude”, afirma a parlamentar.

Movimento cultural e economia criativa: impacto além da sala de aula

Giorgia Prates também observa que o hip hop movimenta setores como artes visuais, música, dança, moda, audiovisual e produção cultural, ampliando oportunidades de geração de renda e fortalecendo a economia criativa. Ao reconhecer o movimento como atividade extracurricular, o projeto contribui para aproximar estudantes de circuitos culturais locais, ampliando sua inserção em redes artísticas e comunitárias.

O texto também destaca o papel do hip hop como ponte entre escola e território, promovendo integração com coletivos e artistas locais. Essa aproximação pode favorecer projetos de formação continuada, oficinas temáticas, apresentações e eventos comunitários, estimulando o protagonismo juvenil e o fortalecimento das políticas públicas de cultura. O projeto foi protocolado em 3 de outubro e aguarda novo parecer da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), após ter sido devolvido ao gabinete parlamentar para ajustes.

Clique na imagem abaixo para entender como funciona a tramitação de um projeto de lei na CMC:

Boiler tramitação projetos