Dados do 2º quadrimestre mostram Câmara de Curitiba cumprindo LRF

por José Lázaro Jr. | Revisão: Ricardo Marques — publicado 29/09/2025 11h05, última modificação 29/09/2025 11h21
Gasto com pessoal caiu para 1,1% da Receita Corrente Líquida, um dos menores resultados do histórico da Câmara de Curitiba.
Dados do 2º quadrimestre mostram Câmara de Curitiba cumprindo LRF

Prestação de contas da Câmara de Curitiba foi transmitida ao vivo pelo canal da CMC no YouTube. (Foto: Carlos Costa/CMC)

Em audiência pública realizada nesta segunda-feira (29), durante a sessão plenária, a diretora contábil-financeira (DCF) da Câmara Municipal de Curitiba (CMC), Aline Bogo, prestou contas dos gastos do Legislativo até o segundo quadrimestre de 2025, com dados de janeiro a agosto de 2025. Segundo a Constituição Federal, a CMC teria direito a R$ 362,8 milhões do Orçamento de Curitiba (4,5% de parte da Receita Corrente Líquida, RCL, do ano anterior), mas requereu somente R$ 242 milhões para utilizar em 2025 (3%), poupando antecipadamente R$ 120,8 milhões.

Aline Bogo afirmou que a Câmara de Curitiba permanece dentro de todos os limites constitucionais e legais de despesa com pessoal. A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) determina que o Legislativo não pode ultrapassar 6% da Receita Corrente Líquida (RCL) do Município com esses gastos. No período entre setembro de 2024 e agosto de 2025, a RCL ajustada foi de R$ 12,34 bilhões, enquanto a despesa líquida com pessoal da CMC ficou em R$ 135,3 milhões, o que equivale a apenas 1,10% da RCL. “É um dos percentuais mais baixos que já tivemos”, destacou a diretora contábil-financeira.

Já a Emenda Constitucional 25/2000 estabelece que até 70% do orçamento das câmaras municipais pode ser destinado à folha de pagamento, considerando ativos, inativos e pensionistas. Em Curitiba, o percentual efetivamente realizado também se manteve bem abaixo desse limite, atingindo 33,39%, dos quais R$ 70 milhões com ativos (19,33%) e R$ 51 milhões com inativos e pensionistas (14,06%). Aline Bogo destacou que, mesmo com a inclusão dos pagamentos feitos pelo Instituto de Previdência do Município de Curitiba (IPMC), a CMC permaneceu bem abaixo do teto legal.

De janeiro a agosto, Câmara repassou R$ 4,39 mi extras à Prefeitura de Curitiba

A gestão orçamentária da Câmara de Curitiba proporcionou R$ 2,75 milhões em rendimentos de aplicações financeiras e a baixa de R$ 1,63 milhão em restos a pagar cancelados. Com isso, a Câmara pôde repassar ao Tesouro Municipal R$ 4,39 milhões no período. “A receita patrimonial não fica com a Câmara, por isso ela é repassada mensalmente à Prefeitura de Curitiba”, explicou Aline Bogo, durante a audiência pública. Ela projetou que, além desse procedimento obrigatório, haverá economia de recursos próprios durante o ano.

De janeiro a agosto, o Poder Executivo transferiu à Câmara um total de R$ 161,3 milhões, montante que corresponde ao repasse constitucional obrigatório para a manutenção das atividades legislativas. Desse valor, R$ 125,9 milhões já foram empenhados, restando uma margem financeira ainda disponível para execução até o fim do exercício. Os valores empenhados até aqui representam 52% do orçamento de R$ 242 milhões previsto para a Câmara de Curitiba em 2025.

Gastos com pessoal são 68% das despesas correntes

Mantendo o padrão dos anos anteriores, a distribuição dos gastos apresentada na prestação de contas da CMC evidencia a predominância da folha de pagamento na estrutura orçamentária da Câmara. As despesas de pessoal e encargos sociais representaram 68% do total no quadrimestre, sendo que, dos R$ 85,7 milhões gastos com pessoal até agosto, 49,3% foram destinados a efetivos, 42% a comissionados e 8,6% para subsídios de vereadores.

As outras despesas correntes foram de R$ 39,79 milhões, que correspondem a 31,6% dos gastos da Câmara de Curitiba até agosto de 2025. As áreas que mais compõem para esse resultado são os aportes ao IPMC (R$ 11 milhões), serviços de tecnologia (R$ 8,67 mi), outros serviços de terceiros (R$ 7,97 mi), benefícios e auxílios (R$ 5,7 mi) e locação de mão de obra (R$ 5 mi). As despesas de capital no segundo quadrimestre chegaram a R$ 491 mil, dos quais a maior parte foi para obras nos prédios da CMC (R$ 297 mil).

Em 2025, a CMC inscreveu R$ 6,5 milhões na categoria de restos a pagar, dos quais 58,3% já foram quitados, 25% cancelados por não serem mais devidos e 16,7% permanecem pendentes de pagamento. Os gastos com viagens totalizaram R$ 206,9 mil no segundo quadrimestre. O valor inclui despesas com diárias, passagens e hospedagens, sendo que 64% dos recursos foram utilizados por vereadores e assessores em atividades legislativas externas e 36% destinaram-se a servidores efetivos

Com transmissão ao vivo pelo canal da CMC no YouTube, a prestação de contas da CMC foi realizada pela Comissão de Economia, Finanças e Fiscalização, com Serginho do Posto (PSD), presidente, e Indiara Barbosa (Novo), vice, coordenando os trabalhos. As audiências públicas quadrimestrais de prestação de contas são uma exigência legal para todas as esferas de governo. A apresentação dos relatórios deve ser realizada até o fim dos meses de fevereiro, maio e setembro, nas respectivas Casas Legislativas de todo o Brasil.