Câmara aprova envio de alertas de desaparecidos por celular em Curitiba

por José Lázaro Jr. | Revisão: Celso Kummer* — publicado 04/11/2025 14h25, última modificação 04/11/2025 14h32
Projeto da vereadora Delegada Tathiana amplia alcance do ARP, com envio do alerta de desaparecidos à população de Curitiba por mensagens de celular.
Câmara aprova envio de alertas de desaparecidos por celular em Curitiba

Delegada Tathiana: "numa investigação de desaparecimento, o tempo que passa é a prova que se esvai". (Foto: Carlos Costa/CMC)

De forma unânime, com 28 votos favoráveis, a Câmara Municipal de Curitiba (CMC) aprovou, nesta terça-feira (4), a ampliação do sistema de Alerta para Resgate de Pessoas (ARP). Antes restrito às autoridades envolvidas na busca pelos desaparecidos, o alerta agora passará a ser enviado ao telefone celular das pessoas cadastradas junto à Prefeitura de Curitiba. “Numa investigação de desaparecimento, o tempo que passa é a prova que se esvai, como dizíamos na Polícia Civil. O tempo é tudo”, justificou a autora da iniciativa, vereadora Delegada Tathiana Guzella (União).

Na tribuna da Câmara, Delegada Tathiana contou da sua experiência, nos Estados Unidos da América (EUA), enquanto acompanhava seu filho em um curso, e viu todos ao seu redor, no estado do Texas, receberem uma mensagem no telefone celular, sobre foragidos da Justiça. “Já temos esse sistema na Defesa Civil, para avisar das intempéries. O custo [de implantação] é baixo, porque [esse sistema] já existe”, apontou a parlamentar, sugerindo uma forma de pôr em prática a ampliação do ARP em Curitiba. “A segurança também é responsabilidade da comunidade”, afirmou.

Como vai funcionar a ampliação do Alerta para Resgate de Pessoas?

Atualmente, a lei municipal 16.061/2022 determina que o Alerta para Resgate de Pessoas (ARP) — criado para agilizar a localização de crianças e adolescentes desaparecidos — seja divulgado por meio de e-mails institucionais, publicações em sites oficiais e envio de mensagens de texto a autoridades e gestores públicos, como diretores de órgãos municipais, forças de segurança e terminais de transporte. O sistema, portanto, funciona dentro da estrutura administrativa e depende da atuação dos órgãos públicos para que a informação chegue à sociedade.

Com a proposta apresentada pela vereadora Delegada Tathiana Guzella, o ARP será ampliado para permitir que mensagens de alerta também sejam enviadas diretamente a cidadãos cadastrados, por SMS ou aplicativos de celular. A medida transforma a população em aliada das buscas, criando um canal de comunicação direta entre o poder público e a comunidade. Com isso, o sistema deixa de ser restrito aos agentes oficiais e passa a envolver a população de forma ativa, aumentando a velocidade e o alcance das mobilizações em situações de desaparecimento (005.00581.2025).

Envio de mensagens por celular ganhou apoios na Câmara de Curitiba

Ouvida pelos vereadores quando o assunto é a proteção de crianças e adolescentes, a vereadora Sargento Tânia Guerreiro (Pode) elogiou a proposta da Delegada Tathiana e lembrou do histórico desse movimento de busca pelos desaparecidos em Curitiba. “Eu trabalho no movimento nacional desde 1991 e naquela época tínhamos muitas crianças desaparecidas, mas apenas cartazes, com resultado quase zero”, alertou. Ela destacou a importância da política da busca imediata por crianças, sem necessidade de esperar 24 horas para dar início ao trabalho de investigação.

Para Camilla Gonda (PSB), envolver a população na busca por pessoas desaparecidas, por meio de mensagens de celular, a exemplo do que já faz a Defesa Civil, “é uma proposta extremamente simples, mas significativa, porque a comunidade pode ser determinante para o sucesso das buscas”. Giorgia Prates - Mandata Preta (PT), Indiara Barbosa (Novo), Serginho do Posto (PSD), Andressa Bianchessi (União), Laís Leão (PDT) e Vanda de Assis (PT) concordaram com Gonda, destacando a importância da agilidade e da mobilização da comunidade.

O projeto de lei volta ao plenário, nesta quarta-feira (5), para votação em segundo turno.

*Notícia revisada pelo estudante de Letras Celso Kummer
Supervisão do estágio: Ricardo Marques