Câmara aprova campanha permanente contra esporotricose animal

por José Lázaro Jr. | Revisão: Ricardo Marques — publicado 21/10/2025 12h55, última modificação 21/10/2025 17h03
Proposta da vereadora Giorgia Prates inclui a esporotricose na lista de doenças-alvo de campanhas educativas sobre saúde pública e bem-estar animal em Curitiba.
Câmara aprova campanha permanente contra esporotricose animal

Vereadora Giorgia Prates alertou para os riscos da esporotricose em Curitiba. (Fotos: Rodrigo Fonseca/CMC)

Com 22 votos favoráveis, a Câmara Municipal de Curitiba (CMC) aprovou, nesta terça-feira (21), em primeiro turno, o projeto que amplia as campanhas municipais de prevenção a doenças zoonóticas, incluindo a esporotricose animal entre as enfermidades combatidas. O substitutivo geral, de autoria da vereadora Giorgia Prates - Mandata Preta (PT), transforma a medida em política pública permanente voltada à educação e à vigilância sanitária (005.00054.2024 com 031.00048.2024).

A proposta altera a lei municipal 11.474/2005, que autoriza campanhas permanentes de esclarecimento sobre zoonoses, e estabelece novas diretrizes, determinando que as ações deverão ser educativas, sem culpabilizar os animais, e incluir distribuição de materiais informativos, orientações comunitárias e campanhas publicitárias. Também reforça a importância da castração e da prevenção ao abandono. “Esse não é um tema restrito a quem ama os animais, mas uma questão de política pública, de vigilância sanitária e de compromisso ético com a cidade”, afirmou a autora do projeto.

Giorgia Prates defende que o objetivo da proposta é “salvar vidas humanas e animais”, consolidando o conceito de saúde única, que integra as dimensões humana, animal e ambiental. Ela relatou que o projeto de lei foi elaborado em diálogo com pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e do Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV-PR), além de ONGs e protetores independentes.

A parlamentar destacou que a medida busca responder ao avanço da esporotricose na Região Metropolitana de Curitiba, que registrou 1.006 casos em animais e 211 em humanos apenas em 2025. “Estamos diante de uma epidemia que exige uma resposta pública, articulada e permanente”, disse. As campanhas deverão ser coordenadas por órgãos como a Secretaria Municipal do Meio Ambiente e o Centro de Controle de Zoonoses, e incluir campanhas publicitárias, distribuição de materiais informativos em feiras e eventos e orientações comunitárias sobre prevenção e castração.

Desinformação sobre esporotricose tem dificultado diagnósticos

Na tribuna da Câmara de Curitiba, a vereadora Giorgia Prates mencionou dados de estudos recentes e reforçou o caráter de saúde pública do combate à esporotricose. “Em 2025, o Paraná registrou 1.006 casos confirmados em animais, sendo 629 na Região Metropolitana de Curitiba, e 211 casos humanos, dos quais 107 também nesta região. Entre 2022 e 2023, os casos em animais mais que triplicaram e continuam crescendo. Estamos diante de uma epidemia que exige resposta pública e permanente”, declarou.

A parlamentar também relatou um episódio pessoal que a motivou a propor o projeto. “Meu gatinho Jesus foi operado achando que tinha câncer, mas depois descobrimos que era esporotricose. Tiramos três dedinhos dele à toa. Hoje ele está bem, mas isso mostra o quanto o diagnóstico errado faz diferença”, contou. Ela lembrou que o caso evidenciou a importância de diagnósticos corretos e de campanhas educativas para orientar tutores e profissionais.

Vereadores defendem projeto: “é questão de saúde”

A inclusão da esporotricose nas campanhas permanentes de combate a zoonoses em Curitiba ganhou o apoio, em plenário, de diversos vereadores. Andressa Bianchessi (União), que também atua na pauta da causa animal, elogiou a proposta de Giorgia Prates. “Cuidar da saúde animal é cuidar da saúde das pessoas. Só se faz saúde única de verdade quando cuidamos dos humanos, dos animais e do meio ambiente”, concordou.

Pier Petruzziello (PP) parabenizou a autora e destacou o caráter social da proposta. “Não é só uma questão de amor aos animais, é um projeto de saúde pública que vai além da causa animal”, afirmou. Nori Seto (PP) elogiou a articulação com universidades e a retomada do convênio com a PUCPR. Meri Martins (Republicanos) ressaltou o aspecto educativo da medida e o cuidado com as famílias que convivem com gatos infectados.

“A campanha pode tornar visível uma doença que vem acontecendo de forma acelerada. É um projeto de saúde pública, por isso tem o nosso voto favorável”, disse Serginho do Posto (PSD). A vereadora Camilla Gonda (PSB) lembrou que a proposta fortalece o princípio da saúde única: “Projetos como este reconhecem a responsabilidade pública na contenção de doenças e fortalecem o papel do Município na proteção à saúde coletiva”.

A votação foi concluída com 22 votos favoráveis e nenhuma abstenção, resultando na aprovação do substitutivo em primeiro turno. A proposta retorna ao plenário nesta terça (22), para segunda votação.