Aquecedores à gás causam diversos acidentes em Curitiba

por Assessoria Comunicação publicado 21/03/2006 17h35, última modificação 08/06/2021 09h50
A Comissão de Urbanismo e Obras Públicas da Câmara Municipal de Curitiba promoveu, nesta terça-feira (21), reunião aberta para discutir os problemas de aquecedores de gás. Estavam presentes, além de representantes do Sinduscom, Compagás, Liquigás, Prefeitura e GNTec, a presidente da comissão vereadora Roseli Isidoro (PT), vereador Felipe Braga Côrtes (PMDB) e Jorge Bernardi (PDT).
Segundo Roberto de Freitas, engenheiro de segurança do trabalho do Ministério Público do Paraná, há diversos processos envolvendo morte de empregadas domésticas relacionados ao vazamento de gás, no ano passado. Os principais problemas que acarretam os vazamentos são prédios com deficiência de projeto; aparelhos instalados por empresas que não seguem as normas; e falta de informações dos efeitos do monóxido de carbono.
Pedro Guimarães, da Associação de Instaladores de Aquecedores à Gás, comentou que 90% dos aquecedores instalados em Curitiba não cumprem todas as normas técnicas de segurança. “Até mesmo muitos engenheiros desconhecem as normas técnicas, fornecendo dicas de instalação”. Segundo Guimarães, “Curitiba é muito diferente de outras capitais. Nos últimos cinco anos, São Paulo e Rio de Janeiro registraram apenas um óbito em cada cidade causado pela deficiência dos aquecedores. Em Curitiba, temos que ter atendimento diferenciado, até mesmo pela diferença climática”, afirmou, sugerindo treinamento e adequação às normas da ABNT.
Vazamento
O engenheiro Stelios Chomatas destacou que a instalação dos aquecedores deve estar previsto na execução do projeto, e apresentou os principais problemas que causam o vazamento do monóxido de carbono. Dentre eles, os principais são o local impróprio da central de gás; pressão do gás acima do permitido; erros na tubulação; falta de válvula de bloqueio, ou válvula vencida; ventilação insuficiente; problemas na chaminé; duto insuficiente e mangueiras inadequadas atrás do fogão. Stelios ressaltou que é possível que o monóxido de carbono, cause a morte em apenas 180 minutos, a chamada morte branca.
"Em Curitiba, não há órgão que verifique ou fiscalize as instalações de gás; o encontro de todas as entidades ligadas ao tema poderia melhorar e adequar a situação". De acordo com os participantes da reunião, há normas da ABNT e do Corpo de Bombeiros vigorando, e há muitas divergências entre elas. O vereador Felipe Braga Côrtes sugeriu o envio de documento à Prefeitura de Curitiba pedindo prazo para manifestação a respeito. “O fundamental é a fiscalização”, disse o vereador.
Representando a Prefeitura, Jorge de Castro, engenheiro coordenador do Cosedi, explicou que é muito complexa a vistoria que deve ser feita, além do alto custo e da demora da licitação. “Quem pagará os laudos técnicos depois? Será repassado à população?”, indagou Jorge, sem comentar prazos para o início da fiscalização.
O debate foi produtivo entre todos os participantes, que expuseram as suas idéias, problemas e possíveis soluções para o problema da instalação de aquecedores de gás. A vereadora Roseli Isidoro encerrou a reunião comentando que aguarda um documento da prefeitura, e sugeriu uma conversa com o secretário de Urbanismo, Luiz Fernando Jamur, para que o assunto seja colocado em pauta nas próximas reuniões.
A Prefeitura de Curitiba criou o CVS, Certificado de Vistoria de Segurança, que confirma se a edificação está de acordo com a ABNT, nos aspectos de projeto, edificação, conservação e manutenção.
Casos
O Instituto de Criminalística do Paraná informa que atende em média oito casos por ano de morte por intoxicação pelo monóxido de carbono. O Corpo de Bombeiros esclarece que nos últimos cinco anos foram atendidas 28 vítimas em ocorrências envolvendo acidentes com aquecedores à gás.