Vereadores de Curitiba sugerem ajustes pontuais no decreto da bandeira vermelha

por José Lázaro Jr. — publicado 17/03/2021 19h05, última modificação 17/03/2021 19h06
Delivery até as 23 horas, ampliação do horário de funcionamento dos supermercados e abertura desses estabelecimentos aos domingos, sem restrição de itens.
Vereadores de Curitiba sugerem ajustes pontuais no decreto da bandeira vermelha

Na bandeira vermelha, as sessões da CMC estão ocorrendo por videoconferência. (Imagem: Reprodução/YouTube CMC)

Com a possibilidade de o decreto que instituiu a bandeira vermelha na capital do Paraná ser prorrogado pelo Executivo, os vereadores da Câmara Municipal de Curitiba (CMC) aprovaram, nesta quarta-feira (17), três sugestões à prefeitura propondo mudanças pontuais nas regras de lockdown. Em discussão na CMC desde segunda (15), quando os parlamentares comentaram o decreto do prefeito Rafael Greca, algumas sugestões oficializadas hoje já tinham sido parcialmente atendidas pela administração (leia mais).

Entre elas está a flexibilização do horário do delivery, originalmente restrita às 20h no decreto 565/2021, mas depois estendida até as 22h pelo próprio Executivo. Hoje, por iniciativa do vereador Alexandre Leprevost (SD), assinada por mais 21 parlamentares, foi aprovado, em votação simbólica, o pedido para que os serviços de entrega funcionassem até as 23 horas (203.00087.2021). “Às 22h já está de bom tamanho”, comemorou Leprevost, acrescentando que “os empresários que trabalham com delivery ficaram muito gratos [com o ajuste] e reconheceram positivamente a atitude da CMC”.

Alexandre Leprevost considerou que, dada a gestão da crise de saúde pública, é papel dos vereadores apontarem ajustes nas ações do Executivo. O comentário foi repetido por mais parlamentares durante a votação dos requerimentos pedindo a ampliação do horário dos supermercados (203.00090.2021), apresentado por Tico Kuzma (Pros), após diálogo com a Apras (Associação Paranaense de Supermercados), e a abertura desses estabelecimentos aos domingos, sem restrição de itens, protocolado por Indiara Barbosa (Novo), com a assinatura de mais seis vereadores (203.00091.2020). Os dois foram igualmente aprovados, em votações simbólicas.

Herivelto Oliveira (Cidadania) anunciou que, por razões de protocolo, não foi votado hoje o pedido para autorizar as feiras livres durante a bandeira vermelha, mas que isto deveria ser considerado pelo Executivo, uma vez que é uma atividade ao ar livre e de interesse local, restrito à vizinhança. Leprevost ponderou que também o drive-thru poderia ser autorizado, “pois não põe em risco as pessoas”. Marcelo Fachinello (PSC) sugeriu que, se os mercados não abrirem aos domingos, poderiam ao menos ser autorizados a vender por delivery seus produtos nesse dia.

A discussão completa desses temas, que tomou mais de três horas da sessão de hoje, está disponível no YouTube da Câmara Municipal de Curitiba. No diálogo, que mobilizou 16 dos 38 parlamentares da CMC, por exemplo, Denian Couto (Pode) sugeriu que, a exemplo do que aconteceu em Porto Alegre, grandes empresários locais pudessem doar ao SUS um hospital de campanha, para uso emergencial, como forma de aliviar a pressão sobre a rede de saúde. “Será que não chegou a hora dos empresários auxiliarem o poder público?”, questionou.

“Toda ação que ele fizer [o prefeito, Rafael Greca, à frente do Executivo] no sentido de proibir as pessoas a fazerem algo vai ser impopular e eu admiro a coragem para tomar essas ações”, comentou Hernani (PSB). “Mas ou se toma uma medida geral mais severa, fechando Curitiba e os municípios vizinhos, ou transfere essa responsabilidade para os empresários, fazendo lockdown facultativo”, continuou o vereador.

Se há uma variedade de sugestões no debate entre os vereadores, surgiu também o consenso que seria oportuno para a prefeitura antecipar a decisão sobre a continuidade, ou não, da bandeira vermelha – evitando repetir o anúncio sem sobreaviso da semana passada, criticado em plenário. Segundo os parlamentares, isto faria com que não houvesse perda de produtos e problema para a organização das escalas de trabalho.