Pequeno Cotolengo pede apoio da Câmara de Curitiba para ofertar mais leitos
Padre Renaldo Lopes agradeceu o apoio dos vereadores ao Pequeno Cotolengo. (Fotos: Rodrigo Fonseca/CMC)
“As emendas dos vereadores transformam vidas porque garantem dignidade, segurança e cuidado integral para quem mais precisa”, afirmou o padre Renaldo Amauri Lopes na Tribuna Livre desta quarta-feira (19), na Câmara Municipal de Curitiba (CMC), ao apresentar os resultados dos investimentos destinados ao Complexo de Saúde Pequeno Cotolengo. Na presidência da sessão, Leonidas Dias (Pode) elogiou a prestação de contas da entidade e agradeceu Indiara Barbosa (Novo), por convidar o Pequeno Cotolengo a ocupar a Tribuna Livre (076.00038.2025).
Padre Renaldo explicou que o Complexo Pequeno Cotolengo recebeu cerca de R$ 644 mil em emendas direcionadas por vereadoras e vereadores, aplicados em equipamentos industriais, itens de higiene e esterilização, modernização estrutural e reforço das equipes que atuam nas unidades de acolhimento e reabilitação. Esses recursos, segundo ele, garantem segurança sanitária, melhoram a rotina de trabalho dos profissionais e ampliam a qualidade de vida dos atendidos.
Como cerca de 70% do orçamento anual depende de doações, a parceria com a Câmara de Curitiba torna-se determinante para sustentar e expandir serviços essenciais, afirmou o diretor do Pequeno Cotolengo. Padre Renaldo relatou ainda que a Secretaria Municipal da Saúde solicitou a abertura de mais 40 leitos de cuidados prolongados, mas a expansão exige novos aportes financeiros e planejamento conjunto.
60 anos de atuação, estrutura completa e cuidado integral
Ao apresentar a instituição, o diretor explicou que o Pequeno Cotolengo, mantido pela Congregação de Dom Orione, atua há seis décadas em Curitiba, com uma estrutura que reúne assistência social, saúde e educação. Atualmente, cerca de 220 moradores vivem em regime de acolhimento institucional, enquanto o hospital de transição opera aproximadamente 58 leitos destinados à reabilitação de pacientes do SUS. A instituição também mantém a maior escola de educação especial do Paraná, responsável por atender moradores e estudantes encaminhados por órgãos públicos.
Em 2024, os serviços somados ultrapassaram 400 mil atendimentos, com expectativa de alcançar 600 mil até o final deste ano. As atividades envolvem fonoaudiologia, terapia ocupacional, fisioterapia, psicologia, equoterapia, enfermagem, nutrição e outras áreas que integram o cuidado contínuo. O padre reforçou que o acolhimento segue critérios técnicos definidos pela FAS e pela Secretaria Municipal da Saúde, considerando perfis específicos para cada casa e a complexidade dos casos, sempre com foco no cuidado humanizado e na proteção de pessoas em situação de vulnerabilidade severa.
Reabilitação, desospitalização e atendimento ao autismo
Na apresentação, o padre Renaldo detalhou o papel estratégico da unidade de cuidados prolongados na rede pública de saúde. O setor recebe pacientes que já não necessitam de leitos hospitalares de alta complexidade, mas que ainda dependem de reabilitação intensiva e suporte multidisciplinar. Esse processo contribui para desospitalizar, liberando vagas no SUS e promovendo a autonomia dos pacientes, que retornam ao convívio familiar de forma mais segura. As equipes também capacitam familiares para o manejo de traqueostomia, sondas e cuidados rotineiros, diminuindo riscos e fortalecendo vínculos.
O diretor destacou também a implantação do ambulatório para crianças e adolescentes com Transtorno do Espectro Autista (TEA), de 0 a 17 anos, em resposta à demanda da Secretaria Municipal da Saúde. O novo serviço tem contribuído para reduzir a fila de espera e ampliar o acesso à reabilitação. “Não perguntamos quem a pessoa é, mas sim qual é sua dor e sua necessidade”, afirmou Renaldo, destacando o compromisso da instituição com atendimento universal e gratuito, independente de credo, cor ou origem.
Certificações de excelência e transparência no uso dos recursos
O Pequeno Cotolengo também apresentou aos vereadores as certificações que comprovam sua qualidade técnica e compromisso com a segurança do paciente. A instituição recebeu o selo “Ouro” da Joint Commission International (JCI), uma das certificações mais rigorosas do mundo em saúde. Além disso, figura entre as Melhores ONGs do Brasil e é reconhecida como um dos melhores ambientes de trabalho pelo Great Place to Work (GPTW). Renaldo destacou que essa credibilidade é resultado de processos contínuos de auditoria e transparência, reforçando que cada recurso investido — público ou doado — é aplicado de forma responsável.
O diretor relembrou histórias de moradores acolhidos em condições de abandono extremo e afirmou que o trabalho da instituição combina competência técnica, cuidado afetivo e responsabilidade social. “Cuidar exige recursos, mas exige, antes de tudo, compromisso com cada vida que chega até nós”, afirmou, ao defender a continuidade das parcerias institucionais.
Vereadores reconhecem trabalho do Pequeno Cotolengo em Curitiba
Diversos vereadores utilizaram o tempo de fala para relatar experiências pessoais e institucionais com o Pequeno Cotolengo. Indiara Barbosa (Novo) destacou sua relação com a instituição e o empenho para destinar recursos de emendas. Sidnei Toaldo (PRD) relatou ter acompanhado a internação de um amigo e elogiou a organização do serviço de reabilitação. A vereadora Delegada Tathiana Guzella (União) perguntou sobre a influência da fé no processo de recuperação, e Renaldo explicou que, embora a instituição seja de origem religiosa, o acolhimento é universal e centrado na dignidade humana.
A vereadora Sargento Tânia Guerreiro (Pode) elogiou o uso de QR codes nos leitos para controle de cuidados, tecnologia que, segundo ela, reforça a segurança dos pacientes. Fernando Klinger (PL) compartilhou lembranças da época em que atuou em projetos de extensão no local e destacou o impacto emocional da experiência. Tiago Zeglin (MDB) pediu detalhes sobre o churrasco beneficente do primeiro domingo do mês, uma das iniciativas que sustentam financeiramente o Complexo. Marcos Vieira (PDT) perguntou sobre critérios de acesso e fila de espera, enquanto Camilla Gonda (PSB) destacou a transparência e a relevância social da instituição. Meri Martins (Republicanos) lembrou emendas federais destinadas por seu marido e reforçou o apoio ao trabalho.
Ao concluir sua participação, o padre Renaldo reiterou que a ampliação dos serviços — especialmente a abertura de novos leitos — depende de investimentos contínuos e planejamento conjunto com o poder público. Ele agradeceu o apoio da Câmara e convidou a população a conhecer o Pequeno Cotolengo, inclusive nas atividades abertas ao público. Leonidas Dias (Pode) encerrou a sessão destacando o compromisso do Legislativo com políticas públicas de cuidado, reabilitação e inclusão social.
*Notícia revisada pelo estudante de Letras Gabriel Kummer
Supervisão do estágio: Ricardo Marques
Reprodução do texto autorizada mediante citação da Câmara Municipal de Curitiba