Mamute Feira Gráfica reúne gerações de artistas na Câmara de Curitiba
Palco Petrobrás foi uma das novidades da 7ª Mamute, realizada neste final de semana na Câmara de Curitiba. (Fotos: Rodrigo Fonseca, Diogo Dreyer, José Lázaro Jr. e Amira Massabaki)
Com cerca de 8 mil pessoas no evento e R$ 500 mil em vendas, a Mamute Feira Gráfica chegou à sua sétima edição neste sábado (8), ocupando a Praça Eufrásio Correia e o estacionamento da Câmara Municipal de Curitiba (CMC), com mais de 164 artistas do Brasil e do exterior. O evento, gratuito e aberto ao público, começou às 11h e foi até as 20h, com feira de artes gráficas, música ao vivo, gastronomia, oficinas infantis e atividades acessíveis. A feira é considerada uma das mais importantes do país em sua área e representa um marco na integração entre arte, economia criativa e uso do espaço público.
“A Mamute é um espaço para conviver, ressignificar a praça e viver a cidade como um coletivo. A cada edição, a procura aumenta, e a gente sente que ela incentiva a produção gráfica e a economia criativa”, afirmou Ana Hupfer, da Gloriosa Produção Cultural, responsável pelo evento. Ela explicou que o evento recebeu 520 inscrições e selecionou 164 expositores, mantendo a curadoria que valoriza tanto artistas experientes quanto iniciantes.
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“A ideia é promover o encontro de gerações, de linguagens e de técnicas. Já vimos parcerias nascerem aqui, artistas que conheceram editores na feira e lançaram livros depois. A Mamute catalisa esse tipo de encontro e transforma conexões em novos projetos”, completou. Ana Hupfer também celebrou o reconhecimento obtido com o patrocínio nacional. “O Palco Petrobras é uma grande conquista. Passamos num edital com mais de oito mil inscritos, e isso valida a importância do que fazemos aqui: unir arte gráfica, música autoral e convivência coletiva”, comemorou.
Encontro de gerações e produção autoral
Entre os artistas que participam da feira, a gravadora e ilustradora Denise Roman representa a geração pioneira da gravura paranaense. Com 46 anos de trajetória, ela começou na litografia em 1979 e nunca mais abandonou a técnica. “Falou em Mamute, eu tô dentro! É muito legal ver o encontro de gerações, rever alunos e sentir a energia de quem está começando”, contou. Denise destacou que o evento renova o entusiasmo dos artistas e do público. “A arte curitibana sempre teve força, mas a Mamute dá visibilidade a isso. Ver tanta gente jovem interessada na gravura é o maior presente que eu poderia ter depois de tantos anos ensinando.”
A bióloga e artista Bárbara Moriel, que iniciou sua trajetória em 2023 no ateliê de xilogravura do Solar do Barão, compartilhou a experiência de quem descobriu na feira um impulso para seguir na carreira. “A Mamute é a melhor feira do país. O público vem porque sabe que vai encontrar arte boa e um presente diferenciado [para as festas do final do ano]. Aqui o clima é de alegria e troca”, afirmou. Em sua terceira participação, ela estreou peças de cerâmica e linoleogravura. “Gosto de testar coisas novas e ouvir o público. A feira é uma vitrine, mas também um laboratório”, brincou
Para o artista Klaus Koti, ao lado de Giuliana Teles na loja e galeria Múltiplo, a feira é um retrato da vitalidade cultural de Curitiba. “A Mamute junta artistas de todo o Brasil e dá a eles um espaço para mostrar seu trabalho. É a maior feira do Paraná, e o público pode ver arte feita à mão, conhecer novas técnicas e se aproximar da produção local”, explicou. Ele, que também atua como músico (Wi-Fi Kills e O Lendário Chucrobillyman) e designer, vê o evento como um ponto de encontro entre linguagens. “A feira mostra essa energia criativa viva”, testemunhou.

Arte, cultura e economia criativa
O presidente da CMC, vereador Tico Kuzma (PSD), reforçou que a abertura do Legislativo ao público faz parte de um projeto maior de valorização do Centro da cidade. “É isso que estamos dizendo quando falamos de retomar o Centro da cidade, que a Câmara deve receber as pessoas, abrir seus portões ao povo. É muito legal ver as pessoas expondo arte no estacionamento da Câmara, pessoas comprando cultura, a música também, e as famílias aqui, com espaço kids”, declarou.
A vereadora Giorgia Prates - Mandata Preta (PT), que coordenou uma emenda coletiva de R$ 95 mil para a Mamute (308.00694.2024), destacou a relevância econômica e simbólica da iniciativa. “A Mamute mostra o tamanho da arte curitibana. Desde quem montou o palco até quem está vendendo hoje, todo mundo está trabalhando. É resistência e economia criativa pulsando na rua. A gente precisa olhar para movimentos como a Mamute e entender que apoiar cultura é também apoiar trabalho, geração de renda e cidadania”, defendeu Giorgia Prates.
A emenda coordenada por Giorgia Prates teve contribuições de Tico Kuzma (PSD), Sargento Tânia Guerreiro (Pode), Jornalista Márcio Barros (PSD), Oscalino do Povo (PP) e Noemia Rocha (MDB).

Programação e sustentabilidade
A feira contou com o Palco Petrobras, que estreiou nesta edição com apresentações de Piano de Cuia (11h), Bloco Boca Negra com Janine Mathias (13h30), Tukumã (16h) e o duo Castel, com participação especial da banda Tuyo (19h). O evento também ofereceu a mostra Mira de Intervenções Visuais Urbanas, a Roda de Bordado Livre e o espaço infantil “Mamutinha”, com oficinas de colagem, pintura e brinquedos artísticos criados pelo artesão Marcelo Weber.
Na área gastronômica, o público encontrou culinária autoral e fornecedores locais, como Lupe Comida Mexicana, Aqui na Mata Padaria, Mahá Comida e Arte, Tondí Massa e Bar, Gracias Empanadas e Kitsune. A feira também seguiu reforçando práticas sustentáveis, com coleta seletiva, copos reutilizáveis e bebedouro público. “A Mamute sempre teve a sustentabilidade como característica presente, desde o descarte consciente até a identidade visual, que é parcialmente reutilizável e se transforma em novos produtos”, destacou Ana Hupfer.
A empresária curitibana Patrícia Belz, visitante da feira, afirmou que espaços como a Mamute valorizam os pequenos produtores e o design autoral. “É um ponto de encontro para conhecer novos trabalhos e fomentar a produção local. Deveria acontecer mais vezes por ano”, disse. O estudante universitário João Scarpellini, de 19 anos, que participou pela primeira vez da Mamute, se surpreendeu com o evento. “Nunca tinha vindo antes e fiquei impressionado com a quantidade de arte e de gente. É uma feliz surpresa”, contou.
Realizada pela Gloriosa Produção Cultural, a Mamute Feira Gráfica #7 é apresentada pelo Ministério da Cultura, pelo Governo Federal e pela Petrobras, com apoio cultural da Câmara Municipal de Curitiba, da Fundação Cultural de Curitiba e da Prefeitura de Curitiba.
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