Mamute Feira Gráfica reúne gerações de artistas na Câmara de Curitiba

por José Lázaro Jr. | Revisão: Ricardo Marques — publicado 10/11/2025 08h40, última modificação 10/11/2025 09h23
Com patrocínio da Petrobras e apoio da Câmara de Curitiba, evento aconteceu neste sábado na Praça Eufrásio Correia e no estacionamento do Legislativo.
Mamute Feira Gráfica reúne gerações de artistas na Câmara de Curitiba

Palco Petrobrás foi uma das novidades da 7ª Mamute, realizada neste final de semana na Câmara de Curitiba. (Fotos: Rodrigo Fonseca, Diogo Dreyer, José Lázaro Jr. e Amira Massabaki)

Com cerca de 8 mil pessoas no evento e R$ 500 mil em vendas, a Mamute Feira Gráfica chegou à sua sétima edição neste sábado (8), ocupando a Praça Eufrásio Correia e o estacionamento da Câmara Municipal de Curitiba (CMC), com mais de 164 artistas do Brasil e do exterior. O evento, gratuito e aberto ao público, começou às 11h e foi até as 20h, com feira de artes gráficas, música ao vivo, gastronomia, oficinas infantis e atividades acessíveis. A feira é considerada uma das mais importantes do país em sua área e representa um marco na integração entre arte, economia criativa e uso do espaço público.

“A Mamute é um espaço para conviver, ressignificar a praça e viver a cidade como um coletivo. A cada edição, a procura aumenta, e a gente sente que ela incentiva a produção gráfica e a economia criativa”, afirmou Ana Hupfer, da Gloriosa Produção Cultural, responsável pelo evento. Ela explicou que o evento recebeu 520 inscrições e selecionou 164 expositores, mantendo a curadoria que valoriza tanto artistas experientes quanto iniciantes.

>> Confira a cobertura fotográfica da 7ª Mamute Feira Gráfica na Câmara de Curitiba

“A ideia é promover o encontro de gerações, de linguagens e de técnicas. Já vimos parcerias nascerem aqui, artistas que conheceram editores na feira e lançaram livros depois. A Mamute catalisa esse tipo de encontro e transforma conexões em novos projetos”, completou. Ana Hupfer também celebrou o reconhecimento obtido com o patrocínio nacional. “O Palco Petrobras é uma grande conquista. Passamos num edital com mais de oito mil inscritos, e isso valida a importância do que fazemos aqui: unir arte gráfica, música autoral e convivência coletiva”, comemorou.

Encontro de gerações e produção autoral

Entre os artistas que participam da feira, a gravadora e ilustradora Denise Roman representa a geração pioneira da gravura paranaense. Com 46 anos de trajetória, ela começou na litografia em 1979 e nunca mais abandonou a técnica. “Falou em Mamute, eu tô dentro! É muito legal ver o encontro de gerações, rever alunos e sentir a energia de quem está começando”, contou. Denise destacou que o evento renova o entusiasmo dos artistas e do público. “A arte curitibana sempre teve força, mas a Mamute dá visibilidade a isso. Ver tanta gente jovem interessada na gravura é o maior presente que eu poderia ter depois de tantos anos ensinando.”

A bióloga e artista Bárbara Moriel, que iniciou sua trajetória em 2023 no ateliê de xilogravura do Solar do Barão, compartilhou a experiência de quem descobriu na feira um impulso para seguir na carreira. “A Mamute é a melhor feira do país. O público vem porque sabe que vai encontrar arte boa e um presente diferenciado [para as festas do final do ano]. Aqui o clima é de alegria e troca”, afirmou. Em sua terceira participação, ela estreou peças de cerâmica e linoleogravura. “Gosto de testar coisas novas e ouvir o público. A feira é uma vitrine, mas também um laboratório”, brincou

Para o artista Klaus Koti, ao lado de Giuliana Teles na loja e galeria Múltiplo, a feira é um retrato da vitalidade cultural de Curitiba. “A Mamute junta artistas de todo o Brasil e dá a eles um espaço para mostrar seu trabalho. É a maior feira do Paraná, e o público pode ver arte feita à mão, conhecer novas técnicas e se aproximar da produção local”, explicou. Ele, que também atua como músico (Wi-Fi Kills e O Lendário Chucrobillyman) e designer, vê o evento como um ponto de encontro entre linguagens. “A feira mostra essa energia criativa viva”, testemunhou.

     

Arte, cultura e economia criativa

O presidente da CMC, vereador Tico Kuzma (PSD), reforçou que a abertura do Legislativo ao público faz parte de um projeto maior de valorização do Centro da cidade. “É isso que estamos dizendo quando falamos de retomar o Centro da cidade, que a Câmara deve receber as pessoas, abrir seus portões ao povo. É muito legal ver as pessoas expondo arte no estacionamento da Câmara, pessoas comprando cultura, a música também, e as famílias aqui, com espaço kids”, declarou.

A vereadora Giorgia Prates - Mandata Preta (PT), que coordenou uma emenda coletiva de R$ 95 mil para a Mamute (308.00694.2024), destacou a relevância econômica e simbólica da iniciativa. “A Mamute mostra o tamanho da arte curitibana. Desde quem montou o palco até quem está vendendo hoje, todo mundo está trabalhando. É resistência e economia criativa pulsando na rua. A gente precisa olhar para movimentos como a Mamute e entender que apoiar cultura é também apoiar trabalho, geração de renda e cidadania”, defendeu Giorgia Prates.

A emenda coordenada por Giorgia Prates teve contribuições de Tico Kuzma (PSD), Sargento Tânia Guerreiro (Pode), Jornalista Márcio Barros (PSD), Oscalino do Povo (PP) e Noemia Rocha (MDB).

   

Programação e sustentabilidade

A feira contou com o Palco Petrobras, que estreiou nesta edição com apresentações de Piano de Cuia (11h), Bloco Boca Negra com Janine Mathias (13h30), Tukumã (16h) e o duo Castel, com participação especial da banda Tuyo (19h). O evento também ofereceu a mostra Mira de Intervenções Visuais Urbanas, a Roda de Bordado Livre e o espaço infantil “Mamutinha”, com oficinas de colagem, pintura e brinquedos artísticos criados pelo artesão Marcelo Weber.

Na área gastronômica, o público encontrou culinária autoral e fornecedores locais, como Lupe Comida Mexicana, Aqui na Mata Padaria, Mahá Comida e Arte, Tondí Massa e Bar, Gracias Empanadas e Kitsune. A feira também seguiu reforçando práticas sustentáveis, com coleta seletiva, copos reutilizáveis e bebedouro público. “A Mamute sempre teve a sustentabilidade como característica presente, desde o descarte consciente até a identidade visual, que é parcialmente reutilizável e se transforma em novos produtos”, destacou Ana Hupfer.

A empresária curitibana Patrícia Belz, visitante da feira, afirmou que espaços como a Mamute valorizam os pequenos produtores e o design autoral. “É um ponto de encontro para conhecer novos trabalhos e fomentar a produção local. Deveria acontecer mais vezes por ano”, disse. O estudante universitário João Scarpellini, de 19 anos, que participou pela primeira vez da Mamute, se surpreendeu com o evento. “Nunca tinha vindo antes e fiquei impressionado com a quantidade de arte e de gente. É uma feliz surpresa”, contou.

Realizada pela Gloriosa Produção Cultural, a Mamute Feira Gráfica #7 é apresentada pelo Ministério da Cultura, pelo Governo Federal e pela Petrobras, com apoio cultural da Câmara Municipal de Curitiba, da Fundação Cultural de Curitiba e da Prefeitura de Curitiba