Câmara concede Cidadania Honorária ao ex-deputado federal Fernando Francischini

por João Cândido Martins | Revisão: Ricardo Marques — publicado 13/12/2023 09h20, última modificação 13/12/2023 09h22
A homenagem coincide com o pedido de aposentadoria de Francischini que, após 33 anos de serviço público, pretende exercer a advocacia.
Câmara concede Cidadania  Honorária ao ex-deputado federal Fernando Francischini

Fernando Francischini, ex-deputado federal, ex deputado estadual e ex-secretário estadual de Segurança, recebeu a Cidadania Honorária por iniciativa do vereador Rodrigo Reis. (Foto: Carlos Costa/CMC)

Nesta terça-feira (12), a Câmara Municipal de Curitiba promoveu uma sessão solene para a concessão da Cidadania Honorária a Fernando Francischini, ex-deputado federal, ex-deputado estadual, e ex-secretário estadual de Segurança Pública do estado do Paraná. A homenagem foi uma iniciativa do vereador Rodrigo Reis (União), e a sessão teve a presidência do vereador Mauro Ignácio (União), segundo-vice-presidente da Câmara Municipal de Curitiba.

Além deles, compuseram a mesa: Desembargador Wellington Emanuel Coimbra de Moura, presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná; Reginaldo Rolim Pereira, representando Gilberto Giacoia, procurador-geral da Justiça do Estado do Paraná; Flávia Francsichni, deputada estadual, ex-vereadora e esposa do homenageado; Nizar Husseim, cônsul honorário da República do Líbano. Também estavam presentes os vereadores: Mauro Bobato (Pode), Ezequias Barros (PMB), Sargento Tânia Guerreiro (União) e Nori Seto (PP). O evento teve a participação musical de Dora de Aquino, a “Dorinha da Gaita”.

Assista à sessão solene no Canal da Câmara no Youtube.

Veja as fotos da cerimônia no Flickr da Câmara.

Saudação oficial

Rodrigo Reis iniciou a saudação oficial ao homenageado lembrando que ele nasceu em Londrina, no ano de 1970, mas passou uma parte da infância na cidade de Cianorte, vindo a morar em Curitiba aos 8 anos de idade. “Aqui construiu seu lar e sua família ao lado da Flávia Francischini e de seus quatro filhos”, disse o vereador, que lembrou que o homenageado é formado em Direito, com especialização em combate ao tráfico e à lavagem de dinheiro, tendo conquistado o 1o lugar no concurso que ensejou seu ingresso na Polícia Federal. “Como delegado federal, esteve à frente das operações que levaram à prisão dos traficantes Juan Carlos Abadía e Fernandinho Beira-Mar, assim como do contrabandista internacional Law Kin Chong.

Francischini foi por duas vezes deputado federal, com mandatos entre os anos de 2010 a 2018. De acordo com Rodrigo Reis, o homenageado foi uma figura decisiva durante a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigou a Petrobras, além de participar ativamente do processo que resultou no impeachment da então presidente Dilma Roussef.

“Em 2018”, lembrou Reis, “Francischini veio a se eleger deputado estadual obtendo quase 500 mil votos. No mesmo ano, foi reconhecido como o melhor deputado federal do país pelo site Congresso em Foco, em função do mandato então encerrado”. Ainda segundo Rodrigo Reis, na Alep, o homenageado assumiu a presidência da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, momento em que desenvolveu e pôs em prática o projeto CCJ Cidadã.

O mandato de Francischini como deputado estadual foi cassado e ele se tornou inelegível, por seis votos a um no plenário Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 28 de agosto de 2021. Na visão do vereador Rodrigo Reis, a decisão foi injusta. “Foi o primeiro deputado que, mesmo com a imunidade parlamentar, sofreu censura e perseguição por ter uma opinião firme, num momento em que muitos estão com medo de expor suas opiniões”, disse Reis. O vereador também lembrou que conhece o homenageado desde os tempos de colégio, quando ambos jogavam handebol no mesmo time. “Francischini é merecedor não só do título, mas também do respeito de toda a sociedade curitibana”, finalizou o parlamentar.

Contribuição para uma sociedade mais justa e segura

Flávia Francischini, deputada estadual, ex-vereadora e esposa do homenageado, disse ser uma honra estar novamente no Palácio Rio Branco, sede da Câmara, dessa vez na condição de deputada estadual para falar sobre Fernando Francischini. “Um homem exemplar em toda sua trajetória profissional, um paranaense que sempre honrou sua família, seu pais, seus amigos e colegas de profissão”, disse a deputada, que também manifestou orgulho por ser casada com o deputado que obteve o maior número de votos na história política do Paraná.

Para Fernanda Francischini, o homenageado contribuiu na construção de uma sociedade mais justa e mais segura em todas as atividades que participou: na Polícia Federal, na Polícia Militar, na Interpol, no Exército, na Rone, na Companhia de Operações Especiais, na Secretaria Antidrogas de Curitiba, na Câmara Federal e na Alep, além de ter sido um dos principais coordenadores da campanha eleitoral de Jair Bolsonaro, em 2018.

Fernando sempre fez tudo com maestria e excelência. Sua expertise em querer aprender e cuidar do próximo, em acolher os que mais precisam sempre foi inspiração, não só para mim, mas para todos”, disse a deputada que rememorou o papel do homenageado nas prisões de megatraficantes e de um contrabandista internacional. “Essas prisões só mostram o grande homem que ele é, porque sua trajetória foi na defesa da ordem pública e na constante luta contra o poder destrutivo do crime, deixando um legado relevante no enfrentamento ao tráfico de drogas no Brasil”, afirmou Fernanda.

A deputada estadual lembrou que o homenageado foi o relator na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania da Câmara Federal, emitindo parecer favorável ao Projeto de Lei 5501/13, do Senado, que muda o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/90) para obrigar o Sistema Único de Saúde (SUS) a adotar protocolo com padrões para a avaliação de riscos ao desenvolvimento psíquico das crianças.

Posteriormente, como deputado estadual, propôs projetos importantes, como o que proibiu o corte de serviços essenciais como água, luz e gás durante a pandemia, entre outras iniciativas. Para ela, a cassação do mandato de Francischini como deputado estadual foi injusta, “uma sombra que pairou sobre uma carreira que foi construída por anos. Mas ele não se abateu. Pelo contrário, Fernando Francischini se mantém firme na sua busca pela verdade e pela justiça, sempre motivado pela vontade de trabalhar em prol da população”, concluiu a deputada.

Agradecimento

Fernando Francischini agradeceu a presença de todos e disse que sua história havia sido bem contada pelo vereador Rodrigo Reis e por sua esposa, a deputada Flávia Francischini. “É emocionante para mim que essas palavras venham de um amigo e da Flávia, ela que deu continuidade ao meu trabalho”, disse o ex-deputado federal.

Ele destacou que nasceu em Londrina, criado em Cianorte, mas que foi em Curitiba que ele criou sua família. “A entrega deste prêmio coincide com o fato de que recentemente pedi aposentadoria da Polícia Federal, pois entendo que esse ciclo se encerrou na minha vida. Nos próximos anos de governo - com o qual não concordo, eu não teria muito a contribuir com a Polícia Federal, essa instituição que fez muito mais por mim do que eu por ela ao longo desses 33 anos de serviço público”, disse o homenageado. 

Ele revelou que pretende advogar. “Tenho registro na OAB há 20 anos”, disse Francischini. Ele comentou sobre sua participação na elaboração da “Lei do Crime Organizado”, que trouxe a possibilidade da delação premiada, mecanismo muito usado na Operação Lava Jato. "Iniciativa que nós continuamos defendendo, entre outras bandeiras que nunca abandonamos”, disse Francischini.

Para ele, o título de Cidadão Honorário coroa o momento que está vivendo. “Nosso país precisa nos próximos anos de pessoas de bem, de pessoas decentes com posições ideológicas firmes. Pessoas que saibam respeitar as diferenças, defendam a liberdade de expressão e que defendam os vulneráveis, aqueles que muitas vezes não têm acesso à justiça e a outras setores da administração pública”, afirmou o homenageado.

Outras presenças

Tânia Francischini, mãe do homenageado; Fabiane Francischini, irmã; Antônio Nunes, cunhado; Junior Bini, secretário de Segurança de Almirante Tamandaré, representando o prefeito daquele município, Gerson Colodel; Celso Kloss, diretor-presidente do Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar); Viviane da Paz, representando o secretário estadual de Justiça, Santin Roveda; o vereador Kayo Augustus, representando o prefeito de Quatro barras, Loreno Tolardo; Bete Pavin, ex-prefeita de Colombo; Haroldo Demarchi, representando o Poder Judiciário; Lindolfo Luiz Júnior, diretor de Novos Negócios e Relações Institucionais do Tecpar; Adriane Correia Pereira, procuradora jurídica do Tecpar; Valter Cézar, coordenador de assuntos trabalhistas e sindicais, representando o deputado estadual Mauro Moraes; Rafael Augusto Cassetari, desembargador do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná; Aroldo de Marco, desembargador do TJ-PR; Valcir Momback, assessor do presidente do TRE; e a ex-vereadora Julieta Reis, mãe do vereador Rodrigo Reis.