Vereadores e Secretaria da Saúde discutem ampliação do SUS de Curitiba

por Fernanda Foggiato | Revisão: Ricardo Marques — publicado 25/02/2025 17h05, última modificação 26/02/2025 08h19
Novo Ambulatório Encantar, Hospital do Bairro Novo e UPA Santa Felicidade foram temas de perguntas à secretária Tatiane Filipak.
Vereadores e Secretaria da Saúde discutem ampliação do SUS de Curitiba

Secretária da Saúde respondeu às perguntas dos vereadores de Curitiba depois de apresentar os indicadores da rede SUS. (Foto: Carlos Costa/CMC)

Propostas do plano de governo do prefeito Eduardo Pimentel para ampliar a rede de atendimentos do Sistema Único de Saúde (SUS) foram o principal tema do debate de audiência pública da Câmara Municipal de Curitiba (CMC), na sessão desta terça-feira (25). Os vereadores e a secretária da Saúde da capital, a médica Tatiane Filipak, trataram do novo Ambulatório Encantar, do Hospital do Bairro Novo e da construção de Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), entre outros serviços à população.

Meri Martins (Republicanos) e Pier Petruzziello (PP), por exemplo, perguntaram sobre se existe a intenção de ampliar os atendimentos ou criar novas unidades do Ambulatório Encantar, serviço voltado a pessoas com transtorno do espectro autista (TEA) e suas famílias, com sede no bairro Alto da Glória. A Delegada Tathiana Guzella (União) não tratou especificamente do Encantar, mas questionou as estratégias da Secretaria da Saúde para diminuir a fila de espera pelo diagnóstico do TEA e dar vazão aos atendimentos, no pós-diagnóstico.

“Sim, o espectro autista é um grande desafio. Já no plano de governo do prefeito Eduardo Pimentel está previsto um novo Encantar”, respondeu Filipak. “Ele está sendo transferido para uma nova sede [...] que vai nos permitir uma média de 800 atendimentos ao mês”, estimou a secretária. Hoje, de acordo com ela, a média é de 200 a 300 atendimentos mensais. O Executivo, acrescentou, atualmente avalia a locação de outro imóvel ou a construção de uma sede maior. “Vamos avançar muito. Zerar a fila eu digo que é praticamente impossível, sempre surgirão novos casos.”

Marcos Vieira (PDT) perguntou sobre a construção do Hospital do Bairro Novo. Segundo Filipak, já existe um pré-projeto e, atualmente, uma equipe de técnicos de diferentes secretarias debate “qual é o melhor formato de construção, quem nós vamos contratar, quem vai fazer a gestão”. A ideia é lançar a licitação no próximo semestre. “Eu brinquei esses dias que o prefeito tem três filhos e eu arrisco a dizer que o quarto é o Hospital do Bairro Novo. Em toda a apresentação que nós vamos ele é citado. É uma meta e nós vamos entregar.”

A gestão do prefeito Eduardo Pimentel e do vice Paulo Martins, afirmou o presidente Tico Kuzma (PSD), tem o compromisso de tirar do papel “esse audacioso plano de governo [...], a construção desse novo Hospital do Bairro Novo". Nori Seto (PP), por sua vez, perguntou à secretária se já existe um cronograma para a construção da UPA Santa Felicidade, “uma demanda muito importante para os bairros da região”. “Também é uma meta. Já estamos analisando as formas de viabilizar o financiamento através do Governo Federal”, indicou ela. Outra opção, disse Filipak, é que a estrutura inicialmente seja locada.

À vereadora Vanda de Assis (PT), a secretária da Saúde indicou que Curitiba conta, hoje, com 13 Centros de Atenção Psicossocial (CAPs), 7 deles com atendimento 24 horas. “Temos um projeto, que já está inclusive no plano de governo, de ampliação no número de CAPs”, citou. Ela também afirmou que o serviço “é porta aberta”, isto é, “as unidades podem encaminhar os seus pacientes, nós não temos uma fila para atendimento dentro do CAPs”. À Delegada Tathiana Guzella, Filipak explicou que os CAPs ad são especializados no tratamento de transtornos pelo abuso de álcool e drogas.

Marcos Vieira, Indiara Barbosa (Novo) e Camilla Gonda (PSB) trataram da espera por exames, consultas e cirurgias especializados, como nas áreas da Odontologia, Neuropediatria e Oftalmologia, além da realização de mamografias. A última vereadora comentou, ainda, sobre melhorias na estrutura das  unidades de saúde, como a ausência de ventiladores. João da 5 Irmãos (MDB) ponderou ao problema do absenteísmo, enquanto João Bettega (União) falou de denúncias relacionadas ao Hospital Universitário Cajuru, que integra a rede SUS.

Nas respostas em plenário, a titular da Saúde reforçou que a Neuropediatria “é um grande desafio, ela é uma subespecialidade da Pediatria e são pouquíssimos os especialistas, hoje, que nós temos disponíveis”. Com relação ao tempo de espera para cirurgia de catarata, ela afirmou que Curitiba receberá um recurso extra e poderá lançar mutirões. “Hoje, o maior desafio nosso é a fila de Oftalmologia.” 

Sobre o tempo de espera para agendar consultas com dentistas, Filipak disse que o último concurso público foi prorrogado e que deve haver nova convocação para essa e outras áreas da saúde “o mais breve possível”. “A mamografia, ela pode ter o agendamento inclusive pela telessaúde. E nós ampliamos também a rede credenciada”, defendeu.

“Fomos pegos de surpresa em relação ao calor, nunca fez tanto calor nesta cidade. Então, de forma imediata, nós já fizemos uma compra de ventiladores e estamos distribuindo”, respondeu a Camilla Gonda. A médica ponderou que as compras, no serviço público, atendem a um trâmite legal. Ela confirmou que um dos grandes problemas ligados aos atendimentos eletivos é o absenteísmo. Cerca de 40% das pessoas, afirmou, “confirmam e não aparecem”.

Quanto ao Hosputal Cajuru, Filipak disse que a SMS não recebeu nenhuma denúncia sobre Setor de Anestesiologia e que a população pode registrá-las junto à Central 156. Em relação ao tempo de espera por uma cirurgia ortopédica, a secretária falou que “não é a prática que nós desejamos”, mas lembrou da classificação de risco. “O paciente que chega com politrauma, com traumatismo craniano, um traumatismo de tórax, ele tem minutos para a intervenção cirúrgica”, explicou. 

Combate ao mosquito da dengue e outros temas em pauta

Um tema que ganhou destaque na apresentação de Tatiane Filipak, o combate aos focos do mosquito Aedes aegypti, vetor da dengue e de outras arboviroses, retornou à pauta durante o debate com os vereadores. Reforçando que a maior parte dos criadouros estão nas residências, Vanda de Assis destacou o trabalho dos agentes de saúde e dos agentes de combate a endemias. Segundo a secretária, deverá ser aberto um processo seletivo para reforçar as equipes de combate a endemias.

À vereadora Camilla Gonda, a representante do Executivo disse que as ações de enfrentamento à dengue são multidisciplinares, isto é, reúnem não só a Saúde, mas diferentes secretarias municipais. Em resposta a Indiara Barbosa, Filipak defendeu que o método para detectar o índice de infestação pelo Aedes foi alterado para permitir uma resposta mais rápida. Marcos Vieira e João da 5 Irmãos, por sua vez, falaram dos mutirões contra a dengue.

Outros temas surgiram durante a discussão entre os vereadores e a SMS. Andressa Bianchessi (União) chamou a atenção para a esporotricose, “doença que assola a nossa cidade com relação aos pets, em especial aos gatos”. A parlamentar perguntou sobre o monitoramento dos casos e questionou a possibilidade de os tutores terem acesso à medicação no próprio Hospital Público Veterinário de Curitiba

A esporotricose, respondeu Filipak, “é um problema grave de saúde pública”. A Secretaria da Saúde, afirmou, trabalha em campanhas de comunicação e num manual para orientar os profissionais das clínicas veterinárias. Em relação à medicação, ela disse que “existe uma padronização específica do Estado”, mas que há tratativas para descentralizar o acesso ao “que eles chamam de medicação de alto custo”.

A secretária municipal apontou, ainda, que o aborto legal “entra na linha de cuidado da Maternidade, do atendimento de Ginecologia e Obstetrícia nesses hospitais especializados”. O tema havia sido levantado por Guilherme Kilter (Novo) e por Professora Angela (PSOL).

A vereadora também falou do protocolo de atendimento humanizado às mães de natimortos. “Nós temos que lembrar que o nosso Hospital e Maternidade do Bairro Novo foi e segue sendo uma referência neste modelo de atenção humanizada”, pontuou Tatiane Filipak. Quantos às maternidades da rede credenciada, “nada nos impede de aproximar as discussões para entender se, de alguma forma, isso não está sendo feito de forma eficiente e trabalhar para que isso aconteça”.

Em resposta ao vereador Toninho da Farmácia (PSD), que integra a Comissão de Saúde e que pediu que as portas abertas da SMS sigam abertas para os mandatos parlamentares, Tatiane Filipak propôs uma reunião para aprofundar, junto aos vereadores, a apresentação dos serviços da rede SUS de Curitiba. “Podem nos ligar a qualquer hora, encaminhar as demandas, e nós vamos responder”, garantiu.

“Os números são impressionantes”, elogiou Rafaela Lupion (PSD). Tico Kuzma reforçou os atendimentos realizados em 2024, números apresentados por Filipak. O presidente lembrou do aporte de mais de R$ 7 milhões ao Fundo Municipal da Saúde (FMS), no Orçamento 2025, por meio de emendas parlamentares. Além disso, citou os R$ 77 milhões, anunciados pelo prefeito Eduardo Pimentel, para suplementar os repasses a 12 hospitais da rede conveniada. 

“Essa Câmara Municipal hoje conseguiu ter certeza que a Saúde de Curitiba está em ótimas mãos”, concluiu Sidnei Toaldo (PRD) - na qualidade de presidente da Comissão de Saúde e Bem-Estar, a quem coube a condução da audiência pública. “Nós somos uma grande equipe e ter a Câmara de Vereadores do nosso lado nos fortalece. Então, sim, nossas portas estão abertas. E nós queremos construir um SUS digno para a população, junto com vocês”, finalizou a titular da SMS.