Tema da Tribuna Livre, manutenção dos Correios recebe moção de apoio

por Assessoria Comunicação publicado 09/10/2019 13h50, última modificação 11/11/2021 08h07

A manutenção da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, cuja privatização foi anunciada pelo governo federal, em agosto passado, foi defendida na Câmara Municipal de Curitiba, na sessão desta quarta-feira (9). Por proposição de Professora Josete (PT), os carteiros Marcos Rogério Inocêncio e Ezequias Dutra, dirigentes do Sindicato dos Trabalhadores nos Correios no Estado do Paraná (SINTCOM-PR), foram os oradores da Tribuna Livre (076.00045.2019). Também partiu da vereadora moção de apoio e solidariedade à empresa pública - aprovada nesta manhã, em votação simbólica (059.00020.2019).

“Temos orgulho dessa empresa, do trabalho que é fundamental ao povo brasileiro. Principalmente aos municípios pequenos. Temos uma grande preocupação com todo o processo que está acontecendo com as privatizações [sujeitas ao crivo do Congresso]”, disse Josete. “Eles estão presentes em nosso país há mais de 350 anos, atuando nos 5.570 municípios brasileiros. Exercem papel fundamental na regulação do setor logístico. Não é uma empresa que possui monopólio, mas é responsável por 90% da entrega do comércio eletrônico. Chegam aonde a iniciativa privada não chega. E por que não chega? Porque não considera lucrativo, pela distância ou pela dificuldade de acesso”, continuou.

A vereadora defendeu que os Correios garantem “uma política de preço justa e acessível, que universaliza os serviços postais”. Também citou o artigo 21, inciso 10, da Constituição Federal, de que compete à União “manter o serviço postal e o correio aéreo nacional”. “A privatização dessa grande empresa pública representa risco concreto de fechamento [de agências]”, alertou Professora Josete, “especialmente em localidades que dependem dela para receber remédios, hemoderivados, livros didáticos, emissão de CPF [Cadastro de Pessoa Física] e outros serviços não atrativos para a iniciativa privada”.

“Não é uma bandeira partidária ou da esquerda”, justificou. Ainda segundo a parlamentar, “comparando a outros países, apenas oito privatizaram o serviço. Dois deles, após constatação dos efeitos negativos da privatização, voltaram atrás”, porque teriam ocorrido “o aumento significativo dos preços e a redução da qualidade”. “Os Correios têm tido lucros e garantido um serviço de qualidade à população, chegando aos municípios mais longínquos, onde o serviço privado não alcança. Eles têm mais de 90% preferência empresas na hora enviar suas mercadorias”, acrescentou.

Apelo da categoria
Diretor de Assuntos Jurídicos do SINTCOM-PR, Marcos Rogério Inocêncio defendeu a função social dos Correios, por meio de programas de responsabilidade social, e da geração de empregos diretos (no Paraná, 5,3 mil) e indiretos. “Não podemos privatizar os Correios, não podemos deixar isso acontecer jamais”, pediu. “É uma longa história. Ao falar da história dos Correios, falamos também da soberania nacional. Não tem outra empresa que se iguale aos correios no Brasil.”

Os carteiros, acrescentou Inocêncio, “trabalham sob sol e chuva”. “Sabemos que quem vai pagar o preço é a própria sociedade. Também os pais de família vão perder seus empregos. Os Correios são autossustentáveis, não dependem de um vintém do governo”, apontou o orador da Tribuna Livre da Câmara Municipal. Em sua avaliação, o fechamento de agências traria ainda mais prejuízos a municípios pequenos, como para a emissão do CPF: “Aqui em Curitiba é mais tranquilo”.

“Temos 508 agências no Paraná”, apontou o carteiro Ezequiel Dutra, também da direção do SINTCOM-PR. Sobre os municípios pequenos do país, ponderou: “Numa possível privatização, será que essas empresas [privadas] terão como chegar até lá, se não for através dos Correios? Na questão das entregas de encomendas, muitas delas acontecem porque as empresas pagam para os Correios”. “Essa camisa amarela tem a responsabilidade de trazer um bom atendimento à nossa população.”

“São 350 anos de história, que não podem ser jogados na lata do lixo. Estou feliz em representar mais de 500 mil pessoas que dependem desse ganha-pão. Se os Correios acabarem, não só a população estará prejudicada [mas também os funcionários]. Vivemos um momento de desemprego, e estamos preocupados. Todo dia sai uma noticia na mídia, de que querem privatizar os Correios”, afirmou Dutra. Os trabalhadores da empresa pública, de acordo com ele, “já não sabem mais o que fazer”. “Os Correios são do povo”, finalizou.  

Debate em plenário
“Quero reforçar o pedido que fizemos no final do semestre passado, devido ao trabalho fundamental que os Correios fazem ao país. Na entrega de remédios, urnas eletrônicas e outros insumos”, reforçou Bruno Pessuti (PSD). “A realidade das grandes cidades, com bancos digitais e tecnologia, é diferente.” A CMC aprovou, em junho deste ano, moções de apoio de sua proposição. Um requerimento apoiava a continuidade dos Correios como empresa pública. O outro, a manutenção da unidade ao lado do prédio histórico da Universidade Federal do Paraná (UFPR), na praça Santos Andrade (leia mais).

“Esta Casa sempre foi parceira dos Correios e dos funcionários dos Correios. Sempre estará ao lado dos senhores”, observou Jairo Marcelino (PSD). Dois anos atrás, a seu convite, a situação da estatal foi discutida numa Tribuna Livre. Oscalino do Povo (Pode) também os saudou: “São personalidades da melhor qualidade. Eu, como aposentado da Copel, me lembro de trabalhos que acompanhei junto aos senhores”. Além de Inocêncio, de Dutra e de outros carteiros, o debate foi acompanhado por funcionários da área administrativa da empresa pública.

Espaço democrático de debates, a Tribuna Livre é prevista no Regimento Interno da CMC. A atividade ocorre às quartas-feiras, durante a sessão plenária – geralmente, após a votação dos projetos de lei e demais proposições, a menos que seja aprovada a inversão da pauta. Propostos pelos vereadores, os debates podem ser acompanhados em tempo real, pelos canais do Legislativo no YouTube, no Facebook ou no Twitter.