Representante de usuários do transporte depõe na CPI

por Assessoria Comunicação publicado 03/10/2013 18h00, última modificação 20/09/2021 10h07

A CPI do Transporte Coletivo da Câmara de Curitiba ouviu, na tarde desta quinta-feira (3), o presidente da Confederação Nacional dos Usuários de Transportes (Conut), José Severino da Silva Felinto, que também é presidente da Federação dos Usuários de Transporte Coletivos, Rodoviários, Ferroviários, Metroviários, Hidroviários e Aéreos (Fuspar). Sob juramento, ele apontou deficiências no sistema de ônibus da cidade, opinou sobre soluções para a diminuição da tarifa e fez acusações verbais de corrupção dentro da Urbs. “O povo não aguenta mais ser transportado como sardinha em lata, pagando caro por isto”, afirmou.
    
Em resposta a questionamento do presidente da CPI, Jorge Bernardi (PDT), e de Geovane Fernandes (PTB), Felinto afirmou que, para baixar os R$ 2,99, é necessário que a isenção para idosos, pessoas com deficiência e estudantes não seja descontada da tarifa. “Tem que ter a fonte de onde vem o dinheiro, não se pode usar o dinheiro do usuário”. Para ele, o poder público deve arcar com esta despesa. “Hoje o coitado que mora no Sítio Cercado tem que pagar a passagem do idoso que mora no Batel”, completou.
    
Bernardi lembrou que Curitiba tem a terceira maior tarifa do país, ficando atrás somente de São Paulo e Brasília. Segundo ele, em Belém a passagem está R$ 2,20; Boa Vista R$ 2,25; Aracaju R$2,35 e São Paulo e Brasília, R$ 3,00.
    
Felinto mostrou um vídeo, de três a quatro minutos, feito pela Conut, que aponta os problemas do transporte na capital, como ônibus lotados, filas e falta de planejamento de trânsito. Ele destacou a questão dos “ligeirões”, que são mais largos que os demais e, por conta disso, não cabem em algumas canaletas. “A administração pública andou mal nos últimos anos e, em vez de defender o interesse dos usuários, bandeou-se para o lado do particular”.

Sugestões

Felinto fez um apelo aos parlamentares para que peçam a quebra do sigilo financeiro do Instituto Curitiba de Informática (ICI), empresas de transporte, Dataprom e Urbs. “A quebra de sigilo se reveste de plena legalidade na defesa do erário. Vai comprovar os tantos desvios de dinheiro público. Senhores vereadores, vamos encarar esta?”. Segundo ele, “aí está a doença, o câncer que mexe com o bolso do usuário”.
    
Entre as soluções para melhorar o sistema, apontou a anulação dos atuais contratos, diminuição imediata da tarifa, elaboração de uma nova planilha tarifária, nova legislação para o sistema e um novo órgão para gerenciar os transportes.
    
Paulo Rink (PPS) perguntou se a publicidade dos ônibus pode ajudar a baixar o atual valor. “Publicidade não atrapalha em nada. Mas tudo o que vem da propaganda do ônibus tem que ser apropriado à tarifa”, afirmou.

Denúncia de corrupção

Felinto afirmou aos parlamentares que existe um funcionário da Urbs que pode estar recebendo vantagens para aprovar a compra de ônibus. “Curitiba tem um padrão especial de veículos, conhecido como padrão Urbs, pois tem portas, escadas e rampas de acesso diferenciados. Este funcionário citado seria o responsável por avaliar as especificações e autorizar a compra”, disse o relator da CPI, Bruno Pessuti (PSC).
    
O depoente relatou que a informação foi fornecida a ele por um empresário, mas não quis revelar o nome. “Insistimos para que ele falasse quem é o empresário e ele ficou de conversar com esta pessoa para depor na CPI. Mas não deu detalhes e a denúncia ficou no ar”, complementou Bernardi.