Questionado sobre intervenção, coronel diz que Forças Armadas respeitam a Constituição

por Assessoria Comunicação publicado 04/10/2017 14h40, última modificação 21/10/2021 09h07

Atualização: Notícia atualizada às 11h45 desta quinta-feira (5), para acrescentar a transcrição completa da resposta do coronel Gerson Rolim da Silva, comandante do 20º BIB. O título foi alterado para melhor contextualizar a resposta do militar, evitando interpretações equivocadas.

Na Tribuna Livre desta quarta-feira (4), na Câmara Municipal, os vereadores receberam a visita do coronel Gerson Rolim da Silva, comandante do 20º Batalhão de Infantaria Blindado (BIB). Ele foi convidado por Noemia Rocha (PMDB) em virtude do aniversário de 75 anos do BIB, comemorados no mês de outubro. Durante a rodada de perguntas dos vereadores, ele respondeu sobre a situação das Forças Armadas, sobre as ações sociais do Exército, sobre o plebiscito separatista “O Sul é Meu País” e sobre os comentários, na imprensa, relacionados ao risco de intervenção militar.

Rolim da Silva disse aos parlamentares que intervenção federal “é um assunto muito polêmico, que tem gerado discussões calorosas”. “Mas eu faço repetir aqui as palavras do general Villas Bôas, que é o comandante do Exército. Intervenção federal é uma decisão que não cabe às Forças Armadas, [que] não cabe a nós. Nós somos apenas cumpridores da Constituição [da República] e a Constituição prevê que as instituições, que os Poderes é que vão nos acionar se isso for julgado necessário. Então, a decisão não cabe a nós. Cabe a nós cumprirmos o que as instituições decidirem, o que os Poderes decidirem”, afirmou.

“Nós vemos as instituições passando um momento político difícil, mas as instituições estão funcionando. Tanto que a Lava Jato está aí funcionando, dando os seus passos, dando a sua contribuição… as instituições estão funcionando.  Enquanto isso estiver acontecendo nós estamos apenas acompanhando. Estamos juntos. Vamos cumprir aquilo que as instituições e os Poderes decidirem para que as Forças Armadas cumpram. Isso é o que prevê a nossa Constituição, no artigo 142, e nós estaremos tão somente ligados ao artigo 142”, completou o comandante do 20º BIB.

Em outros momentos da Tribuna Livre ele também disse que “as Forças Armadas não fazem política” e que as Forças Armadas não podem ser vistas como algo separado da sociedade. “Pelas perguntas que foram feitas [pelos vereadores], vemos que temos muito em comum, não é pouco, não. Nós não somos a sociedade militar e os senhores são a sociedade civil, nós somos uma sociedade só, que é a sociedade brasileira. Não existe distinção. Somos uma só e é assim que tem que ser e assim que nós temos que continuar”, disse Rolim da Silva.

Com relação ao movimento “O Sul é o Meu País”, o coronel Gerson Rolim lembrou a própria Constituição prevê a união indissolúvel dos estados. “Na Amazônia também se fala em separatismo, mas devemos lutar contra essas ideias”. Ezequias Barros (PRP) perguntou sobre a situação dos equipamentos do Exército. “Há 15 anos a situação chegou a ser precária, o material era obsoleto, mas hoje demos um salto de qualidade. O país está em crise e o Ministério da Defesa está nesse pacote, porém podemos dizer que nós não baixamos o nível do nosso adestramento”.

Atividades
“Em todos esses anos, passaram pelo 20º BIB mais de 33 mil jovens. Durante a Segunda Guerra, muitos não conseguiam sequer ler os manuais dos armamentos. Foi então criada uma escola regimental, que nos seus dias mais frequentados, chegou a contar com mil alunos”, revelou o coronel Gerson Rolim. “Hoje temos, por exemplo, o Programa Força no Esporte [Profesp], do Ministério da Defesa, em parceria com mais ministérios”. De acordo com ele, o objetivo é promover a inclusão social para crianças em situação de risco. “No momento há 180 crianças nesse regime. E vamos além, dando instrução de ordem unida, valores cívicos, etiqueta e idiomas [inglês e espanhol]”.

Em resposta a Noemia Rocha, o coronel Gerson esclareceu sobre o Projeto Semear, que trata de dependentes químicos. “São grupos de 25 a 30 pessoas que se reúnem duas vezes por mês com a mediação de um facilitador”, diz ele que complementa: “são ao todo, no momento, 580 jovens atingidos diretamente, mais suas famílias”.

Ainda à Noemia Rocha, o coronel afirmou que a presença das mulheres no Exército teve início em 1992, chegando ao 20º BIB em 1997. Segundo ele, hoje fala-se em  inseri-las na área operacional, ou seja, nas armas de cavalaria, artilharia e infantaria. “Mas da minha experiência, posso afirmar que há impedimentos de natureza biológica. Não se trata de preconceito, mas de condição biológica”.

Felipe Braga Côrtes (PSD) lembrou que em 2015 homenageou a história do “20 BIB” com o diploma de congratulações e aplausos, entregue ao então comandante tenente-coronel Eduardo D´Avila e, também, junto ao vereador Paulo Salamuni, então líder do prefeito na Casa, o diploma de votos de congratulações pelos esforços do batalhão nas missões de pacificação que participaram com efetivo.

Braga Côrtes exemplificou a ação do 20 BIB como “mão amiga da sociedade” quando a unidade contribuiu para a reforma do telhado da Escola de Crianças com Deficiência Auditiva Centrau. O vereador salientou que "pediu auxílio após uma chuva forte ter quebrado a estrutura da escola que não tinha condições de reparar os danos". O coronel Rolim ainda doou um livro para a biblioteca da Câmara Municipal sobre a história de 73 anos do batalhão em 73 fotos, organizada pela assessora parlamentar de Braga Côrtes, Karoline Tragante: “20 BIB: o ontem, o hoje e o amanhã”.

Serginho do Posto (PSDB), presidente da Câmara, congratulou o comandante do 20º BIB e destacou a presença brasileira em missões no Haiti, por exemplo, e a recente participação do Exército para a garantia das eleições em segundo turno.


Max Wolf

“Num país onde as instituições estão moralmente falidas, o Exército Brasileiro mantém a sua retidão. E não se pode falar em Exército sem lembrar do general Ítalo Conti, falecido há seis anos”, afirmou Pier Petruzziello (PTB). “Meu irmão caipira serviu no 20º BIB e de lá saiu gente”, afirmou Tito Zeglin (PDT). “Eu não vejo o Exército só no 7 de setembro. Gosto de ver o Exército abrindo os portões do quartel para que a população conheça as atividades”, disse o vereador, que também lembrou da figura do Sargento Max Wolf Filho, paranaense morto durante a Segunda Guerra. Jairo Marcelino (PSD) disse ter voltado no tempo. “Me senti com 18 anos. Passei pelo 20º BIB em 1961”.

Também participaram da Tribuna Livre os vereadores Bruno Pessuti e Professor Euler, ambos do PSD, Julieta Reis (DEM), Mauro Bobato (Pode) e Mauro Ignácio (PSB).