Prefeitura discute mudanças no programa Fala Curitiba com vereadores
Beatriz Nadas apresentou números do Fala Curitiba aos vereadores durante audiência pública. (Foto: Rodrigo Fonseca/CMC)
Realizada nesta terça-feira (28), a audiência pública da Lei Orçamentária Anual (LOA) para 2026 foi coordenada por Serginho do Posto (PSD), presidente da Comissão de Economia, Finanças e Fiscalização da Câmara Municipal de Curitiba (CMC). Na atividade, representantes do Executivo discutiram com os vereadores o resultado da consulta pública Fala Curitiba. O programa, que chegou à sua nona edição em 2025, é o principal instrumento de participação popular na definição das prioridades do orçamento municipal, servindo de base para a elaboração da Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2026 e do Plano Plurianual (PPA 2026–2029).
À frente da exposição dos dados do Fala Curitiba, Beatriz Battistella Nadas, presidente do Instituto Municipal de Administração Pública (Imap), destacou que o programa passou por uma transformação metodológica significativa. “A cada ano o Fala Curitiba amadurece, e nesta edição nós nos desafiamos a ouvir mais e de maneira mais aberta. Queríamos captar o que o cidadão realmente pensa, sem limitar suas palavras a formulários padronizados”, afirmou. A mudança consistiu em substituir os antigos campos de múltipla escolha por espaços de texto livre, onde cada pessoa pôde descrever suas prioridades de forma espontânea.
Segundo Beatriz Nadas, a alteração ampliou a profundidade da escuta e revelou novas perspectivas sobre o que a população considera essencial. “Quando o cidadão tem liberdade de escrever, ele se sente mais respeitado e mais responsável pelo resultado”, observou. “O Fala Curitiba não é apenas uma coleta de dados. Ele é um exercício de cidadania e corresponsabilidade na construção da cidade”, argumentou a gestora pública.
Participação ampliada em todas as regionais
Entre março e agosto de 2025, o programa percorreu todas as dez regionais da cidade, com ações presenciais e digitais. O Fala Curitiba Móvel, composto por quatro equipes que visitaram pontos estratégicos diariamente, foi responsável por grande parte das interações. Somando as versões presencial e on-line, foram registradas 57.197 participações e mais de 21 mil sugestões individuais, superando as edições anteriores. “Esses números representam milhares de cidadãos que deixaram de ser espectadores e passaram a ser protagonistas das decisões públicas”, enfatizou Beatriz.
As regionais com maior engajamento foram Cajuru, com 17,3% das participações; Boa Vista, com 13,6%; e Pinheirinho, com 11,6%. No total, o levantamento identificou mais de 18 mil votos válidos em prioridades, refletindo as demandas mais recorrentes da cidade. “A regional Cajuru foi um exemplo de mobilização: apenas uma demanda sobre a Praça Santo André recebeu quase 1,6 mil votos, o que demonstra o poder de organização da comunidade”, destacou a presidente do Imap.
Obras públicas e saúde seguem entre as principais demandas
No ranking geral de temas, obras públicas (17%), esporte e lazer (12%), saúde (11%) e trânsito (10%) concentraram o maior volume de votos. Áreas como educação, meio ambiente e segurança pública também figuraram entre as mais citadas, evidenciando que as demandas locais se distribuem entre infraestrutura e qualidade de vida. “Há uma constância nos temas, mas também uma mudança no tom das demandas: o cidadão quer ver resultado, quer acompanhar a execução daquilo que ele mesmo escolheu”, observou Beatriz.
A presidente do Imap explicou que a integração entre o Fala Curitiba e as secretarias municipais permite maior eficiência na execução das prioridades eleitas. “Nosso papel é organizar a palavra do cidadão e garantir que ela chegue às áreas técnicas de forma estruturada”, afirmou. Para Beatriz Nadas,”o desafio agora é transformar essa escuta em ação concreta e manter o ciclo de retorno: o cidadão precisa ver que sua voz se materializa em obras e serviços”.
Apesar da expansão das ferramentas digitais, a gestora destacou que a participação presencial continua sendo determinante. Dos 57 mil registros, mais de dois terços ocorreram em formulários físicos distribuídos durante as visitas do Fala Curitiba Móvel. “A internet facilita, mas o contato direto com o agente público é o que realmente gera diálogo e compromisso. Essa interação humaniza o processo”, avaliou.
Beatriz Battistella afirmou que o modelo híbrido será mantido, com fortalecimento das abordagens de campo. “O Fala Curitiba Móvel é o coração do programa, porque leva a Prefeitura até onde o cidadão está”, disse. Para 2026, o Imap pretende ampliar o alcance das equipes e diversificar os pontos de atendimento, priorizando locais de grande circulação, como terminais, praças e feiras livres.
Sugestões integram o orçamento municipal
Todas as prioridades eleitas foram encaminhadas à Secretaria Municipal de Finanças para inclusão na proposta orçamentária. As sugestões se transformam em metas e ações previstas na LOA 2026, que será analisada pela Câmara Municipal. O resultado final reflete uma ampla gama de políticas públicas, da pavimentação de ruas à ampliação de consultas médicas e implantação de novos equipamentos esportivos e comunitários.
Na conclusão de sua fala, Beatriz Battistella Nadas reafirmou o compromisso da Prefeitura com a transparência e o diálogo contínuo. “Curitiba tem uma tradição de planejamento e de escuta social, e o Fala Curitiba é a prova de que a democracia participativa funciona quando há método, persistência e boa vontade de ouvir”, afirmou. “Mais do que um programa, ele é um canal de confiança entre o cidadão e o poder público.”
*Notícia revisada pelo estudante de Letras Celso Kummer
Supervisão do estágio: Ricardo Marques
Reprodução do texto autorizada mediante citação da Câmara Municipal de Curitiba