Prefeitura discute mudanças no programa Fala Curitiba com vereadores

por José Lázaro Jr. | Revisão: Celso Kummer* — publicado 28/10/2025 13h25, última modificação 28/10/2025 14h27
Audiência Pública apresentou resultados da 9ª edição do programa. Executivo vê avanços na escuta da população.
Prefeitura discute mudanças no programa Fala Curitiba com vereadores

Beatriz Nadas apresentou números do Fala Curitiba aos vereadores durante audiência pública. (Foto: Rodrigo Fonseca/CMC)

Realizada nesta terça-feira (28), a audiência pública da Lei Orçamentária Anual (LOA) para 2026 foi coordenada por Serginho do Posto (PSD), presidente da Comissão de Economia, Finanças e Fiscalização da Câmara Municipal de Curitiba (CMC). Na atividade, representantes do Executivo discutiram com os vereadores o resultado da consulta pública Fala Curitiba. O programa, que chegou à sua nona edição em 2025, é o principal instrumento de participação popular na definição das prioridades do orçamento municipal, servindo de base para a elaboração da Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2026 e do Plano Plurianual (PPA 2026–2029).

À frente da exposição dos dados do Fala Curitiba, Beatriz Battistella Nadas, presidente do Instituto Municipal de Administração Pública (Imap), destacou que o programa passou por uma transformação metodológica significativa. “A cada ano o Fala Curitiba amadurece, e nesta edição nós nos desafiamos a ouvir mais e de maneira mais aberta. Queríamos captar o que o cidadão realmente pensa, sem limitar suas palavras a formulários padronizados”, afirmou. A mudança consistiu em substituir os antigos campos de múltipla escolha por espaços de texto livre, onde cada pessoa pôde descrever suas prioridades de forma espontânea.

Segundo Beatriz Nadas, a alteração ampliou a profundidade da escuta e revelou novas perspectivas sobre o que a população considera essencial. “Quando o cidadão tem liberdade de escrever, ele se sente mais respeitado e mais responsável pelo resultado”, observou. “O Fala Curitiba não é apenas uma coleta de dados. Ele é um exercício de cidadania e corresponsabilidade na construção da cidade”, argumentou a gestora pública.

Participação ampliada em todas as regionais

Entre março e agosto de 2025, o programa percorreu todas as dez regionais da cidade, com ações presenciais e digitais. O Fala Curitiba Móvel, composto por quatro equipes que visitaram pontos estratégicos diariamente, foi responsável por grande parte das interações. Somando as versões presencial e on-line, foram registradas 57.197 participações e mais de 21 mil sugestões individuais, superando as edições anteriores. “Esses números representam milhares de cidadãos que deixaram de ser espectadores e passaram a ser protagonistas das decisões públicas”, enfatizou Beatriz.

As regionais com maior engajamento foram Cajuru, com 17,3% das participações; Boa Vista, com 13,6%; e Pinheirinho, com 11,6%. No total, o levantamento identificou mais de 18 mil votos válidos em prioridades, refletindo as demandas mais recorrentes da cidade. “A regional Cajuru foi um exemplo de mobilização: apenas uma demanda sobre a Praça Santo André recebeu quase 1,6 mil votos, o que demonstra o poder de organização da comunidade”, destacou a presidente do Imap.

Obras públicas e saúde seguem entre as principais demandas

No ranking geral de temas, obras públicas (17%), esporte e lazer (12%), saúde (11%) e trânsito (10%) concentraram o maior volume de votos. Áreas como educação, meio ambiente e segurança pública também figuraram entre as mais citadas, evidenciando que as demandas locais se distribuem entre infraestrutura e qualidade de vida. “Há uma constância nos temas, mas também uma mudança no tom das demandas: o cidadão quer ver resultado, quer acompanhar a execução daquilo que ele mesmo escolheu”, observou Beatriz.

A presidente do Imap explicou que a integração entre o Fala Curitiba e as secretarias municipais permite maior eficiência na execução das prioridades eleitas. “Nosso papel é organizar a palavra do cidadão e garantir que ela chegue às áreas técnicas de forma estruturada”, afirmou. Para Beatriz Nadas,”o desafio agora é transformar essa escuta em ação concreta e manter o ciclo de retorno: o cidadão precisa ver que sua voz se materializa em obras e serviços”.

Apesar da expansão das ferramentas digitais, a gestora destacou que a participação presencial continua sendo determinante. Dos 57 mil registros, mais de dois terços ocorreram em formulários físicos distribuídos durante as visitas do Fala Curitiba Móvel. “A internet facilita, mas o contato direto com o agente público é o que realmente gera diálogo e compromisso. Essa interação humaniza o processo”, avaliou.

Beatriz Battistella afirmou que o modelo híbrido será mantido, com fortalecimento das abordagens de campo. “O Fala Curitiba Móvel é o coração do programa, porque leva a Prefeitura até onde o cidadão está”, disse. Para 2026, o Imap pretende ampliar o alcance das equipes e diversificar os pontos de atendimento, priorizando locais de grande circulação, como terminais, praças e feiras livres.

Sugestões integram o orçamento municipal

Todas as prioridades eleitas foram encaminhadas à Secretaria Municipal de Finanças para inclusão na proposta orçamentária. As sugestões se transformam em metas e ações previstas na LOA 2026, que será analisada pela Câmara Municipal. O resultado final reflete uma ampla gama de políticas públicas, da pavimentação de ruas à ampliação de consultas médicas e implantação de novos equipamentos esportivos e comunitários.

Na conclusão de sua fala, Beatriz Battistella Nadas reafirmou o compromisso da Prefeitura com a transparência e o diálogo contínuo. “Curitiba tem uma tradição de planejamento e de escuta social, e o Fala Curitiba é a prova de que a democracia participativa funciona quando há método, persistência e boa vontade de ouvir”, afirmou. “Mais do que um programa, ele é um canal de confiança entre o cidadão e o poder público.

*Notícia revisada pelo estudante de Letras Celso Kummer
Supervisão do estágio: Ricardo Marques