Plenário aprova Política de Transparência das Escolas Públicas de Curitiba

por Pedritta Marihá Garcia | Revisão: Celso Kummer* — publicado 26/08/2025 13h40, última modificação 26/08/2025 16h35
A regulamentação tramitou por quase quatro anos na Câmara de Vereadores de Curitiba.
Plenário aprova Política de Transparência das Escolas Públicas de Curitiba

Os dados referentes aos últimos 12 meses de cada CMEI e escola municipal de Curitiba deverão ser disponibilizados para que a comunidade escolar possa fiscalizar. (Foto: Rodrigo Fonseca/CMC)

Com 25 votos a favor e 7 abstenções, a Câmara Municipal de Curitiba (CMC) aprovou o projeto de lei que institui, na capital paranaense, a Política de Transparência das Escolas Públicas (PTEP). Nesta terça-feira (26), a deliberação aconteceu em primeiro turno e durou cerca de 2 horas e 15 minutos. Entretanto, antes que o texto seja enviado para sanção, e a lei passe a valer na cidade, o Legislativo ainda precisa validar a política pública em uma nova votação. 

A iniciativa aguardava para ser incluída na Ordem do Dia desde 2022, mas o texto acatado pelo plenário foi uma atualização das regras propostas, apresentada neste ano. O intuito da política pública é que a população curitibana tenha acesso a informações detalhadas sobre funcionamento, gestão e recursos dos Centros Municipais de Educação Infantil (Cmeis) e das escolas municipais de Curitiba. A discussão em torno da PTEP mobilizou, em plenário, a participação de 16 vereadores e vereadoras, de diferentes siglas partidárias.

Histórico do projeto de lei na Câmara Municipal

Em 2021, o projeto foi apresentado no Legislativo pelo ex-vereador e agora deputado estadual Denian Couto (Pode). E com a saída dele para assumir a vaga na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), o texto ganhou a coautoria da vereadora licenciada e hoje secretária municipal de Desenvolvimento Humano da cidade, Amália Tortato (414.00006.2023). Para que seguisse tramitando no Legislativo, este ano, a bancada do Novo ingressou na autoria da proposta: Guilherme Kilter (414.00013.2025), Indiara Barbosa (414.00053.2025) e Rodrigo Marcial (414.00144.2025). 

>> Leia também: Transparência nas escolas divide opiniões e marca debate na Câmara de Curitiba

 Pronta para votação desde junho de 2022, quando encerrou o trâmite nas comissões permanentes do Legislativo, após o parecer favorável da Comissão de Educação, Turismo, Cultura, Esporte e Lazer, a proposta (005.00322.2021) recebeu um substitutivo geral neste mês de agosto, que foi protocolado por Guilherme Kilter. A nova redação, segundo o parlamentar, foi apresentada após uma articulação entre a bancada do Novo e a Prefeitura de Curitiba. E o intuito é “consolidar e expandir a transparência na educação pública”. 

O que diz a política de dados abertos da educação pública?

Através da nova política pública, a comunidade escolar e a sociedade em geral terão acesso, pelas páginas oficiais da Prefeitura de Curitiba, a dados referentes aos últimos 12 meses de cada instituição de ensino infantil e fundamental da rede municipal. O objetivo é fortalecer o controle social e permitir um acompanhamento direto da aplicação de recursos públicos e do funcionamento das unidades.  

Conforme o substitutivo (031.00177.2025), dois tipos de dados deverão estar disponíveis para a consulta popular: informações pedagógicas e de recursos humanos; e informações sobre gestão e serviços de apoio. O texto aprovado pelo Legislativo não prevê sanções específicas, mas atribui aos servidores públicos a responsabilidade pela coleta e atualização das informações. Ainda segundo os vereadores, a medida pretende solucionar a dificuldade de acesso a dados centralizados sobre a rede municipal de ensino, especialmente relacionados à alocação de recursos e à gestão de pessoal docente.

Veja detalhes na tabela abaixo:

ASPECTOO QUE DIZ A PTEP?
Objetivo
  • promover maior interação entre a comunidade escolar e a Administração Pública;
  • garantir o direito de fiscalização cidadã;
  • ampliar a confiança na gestão da educação municipal.
Abrangência Todas as instituições de educação infantil e ensino fundamental mantidas pelo Poder Público Municipal.
Informações a serem disponibilizadas Dados dos últimos 12 meses de cada unidade escolar.
Dados pedagógicos e de recursos humanos
  • número de alunos matriculados e turmas atendidas;
  • índices de assiduidade de estudantes e professores;
  • aulas previstas e efetivamente ministradas;
  • nomes dos diretores e vice-diretores, com mandato;
  • quadro de servidores, afastamentos e substituições;
  • resultados de avaliações da direção escolar;
  • indicadores de desempenho e fluxo escolar.
Dados de gestão e serviços de apoio
  • valores e origem dos repasses recebidos;
  • fornecedores e processos de aquisição de bens e serviços;
  • contratos terceirizados (nutrição, transporte, segurança, limpeza);
  • obras de manutenção, reforma ou ampliação, com prazos e orçamentos.
Diretrizes de publicação
  • divulgação concisa e didática;
  • acesso público e direto nas páginas oficiais da Prefeitura;
  • atualização obrigatória a cada 6 meses;
  • observância da Lei Geral de Proteção de Dados (lei federal 13.709/2018).
Custos estimados Aproximadamente R$ 61 mil/ano, referentes à designação de um agente administrativo para coleta e atualização contínua dos dados.
Fundamentação legal


A expectativa é que a política aumente a confiança na administração escolar, fortaleça o exercício da fiscalização cidadã e qualifique o debate público sobre os desafios da educação em Curitiba. Hoje, em primeiro turno, o projeto recebeu 25 votos “sim” e as abstenções dos vereadores Angelo Vanhoni (PT), Camilla Gonda (PSB), Giorgia Prates - Mandata Preta (PT), Laís Leão (PDT), Marcos Vieira (PDT), Professora Angela (PSOL) e Vanda de Assis (PT).

Antes de estar pronta para sanção do prefeito Eduardo Pimentel, a proposta dos vereadores do Novo deverá passar por uma segunda deliberação, nesta quarta-feira (27). Se confirmada sua aprovação e a lei, sendo sancionada, a Prefeitura de Curitiba terá 90 dias após a publicação da norma no Diário Oficial para implantar a PTEP. Os detalhes sobre como foi o debate em plenário serão publicados em reportagem complementar.

*Notícia revisada pelo estudante de Letras Celso Kummer
Supervisão do estágio: Ricardo Marques