Sugestão para melhor gestão na distribuição de vacinas é aprovada

por Pedritta Marihá Garcia e José Lázaro Jr. — publicado 18/08/2021 16h40, última modificação 18/08/2021 16h41
Indicação para que a SMS reavalie a distribuição das duas doses dos imunizantes contra covid-19 motivou debate em dois momentos da sessão plenária desta quarta (18).
Sugestão para melhor gestão na distribuição de vacinas é aprovada

Indiara Barbosa argumenta que “há meses o estoque para 2ª dose sempre está muito alto”, enquanto que a vacinação com a 1ª dose por vezes é suspensa por falta de imunizantes. (Foto: Carlos Costa/CMC)

O andamento da vacinação em Curitiba foi debatido desde o início da sessão plenária desta quarta-feira (18), quando, no pequeno expediente, Denian Couto e Pier Petruzziello (PTB) divergiram sobre a velocidade da imunização na cidade. Com objetivo de “vacinar a população rapidamente”, a Câmara Municipal de Curitiba (CMC) aprovou, na segunda parte da ordem do dia de hoje, sugestão de ato administrativo para que a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) melhor a gestão logística das 1ª e 2ª doses. 

Para Couto, um dos coautores da indicação (203.00419.2021) que será enviada à prefeitura, Curitiba ocupar somente a 23ª posição no ranking das 26 capitais é uma “posição vexatória”. “Estamos na rabeira na velocidade de imunização, justamente na capital com o melhor serviço de saúde do país. Por que estamos vacinando pessoas com 25 anos de idade quando há outras capitais vacinando adolescentes?’” questionou o parlamentar. 

O vereador vê nesse “atraso” falta de articulação da Prefeitura de Curitiba com o Governo do Paraná, a ponto de protocolar pedido de informação ao Executivo (062.00548.2021) questionando quantas vezes Rafael Greca se reuniu com o governador Ratinho Júnior para tratar da distribuição do imunizante para a capital. “São Paulo ingressou no STF [Supremo Tribunal Federal] para ter mais vacinas e ganhou na Justiça. Qual providência efetiva foi tomada aqui?”, perguntou. Líder do governo, Pier Petruzziello disse que as ponderações de Denian Couto eram “desinformação”, com o objetivo de “desconstruir” o Executivo no ano que é véspera de eleição geral. 

“Essa narrativa que tentam colocar, que Curitiba estaria atrasada na vacinação, não vai prevalecer. Curitiba não compra, nem distribui vacina. Ponto final. Se Curitiba não compra, nem distribui, que culpa tem? Se tem um problema entre o governo estadual e o governo Bolsonaro, cobrem desses dois entes. O PSD tem ótimos vereadores, que podem fazer essa ponte. É um problema político, não é do Rafael Greca”, rebateu Petruzziello. Hernani (PSB) concordou, dizendo que o vereador Denian Couto “não está ciente que hoje 83% [da população apta a se vacinar em Curitiba] já tomou a primeira dose”. “São 1,2 milhão de vacinados. Com a 2ª dose, passam dos 500 mil, que é um número bastante expressivo”, opinou. 

Na segunda parte da ordem dia, o debate continuou durante a votação da sugestão, que é assinada não só por Denian, mas também por Indiara Barbosa e Amália Tortato, do Novo, e por Marcelo Fachinello (PSC). O presidente do Legislativo, Tico Kuzma (Pros) lembrou que o Ministério da Saúde já foi questionado em relação à diferença da quantidade de vacinas que são enviadas entre o Paraná e o Rio Grande do Sul, por exemplo. Desde o começo do ano, o estado gaúcho tem recebido um número maior de imunizantes, apesar de ter uma população menor que a paranaense. 

“O número ainda causa estranheza sobre a divisão das vacinas pelo ministério. Algum tempo atrás, o Paraná (por mais que tenha quase 100 mil habitantes a mais que o Rio Grande do Sul) estava com quase 700 mil vacinas a menos na 1ª dose que o RS, isso se dava pela faixa etária, já que o RS tem mais idosos. Agora que estamos nos aproximando da faixa dos 18 anos, ainda há uma diferença de 270 mil doses [entre os dois estados]. Ou seja, o estado do RS, com população menor que o Paraná, ainda recebeu 270 mil doses a mais”, disse Kuzma. 

Segundo Indiara Barbosa, a sugestão para que a prefeitura reavalie a logística das vacinas foi feita com base de que “há meses, o estoque para 2ª dose sempre está muito alto”, enquanto que a vacinação com a 1ª dose por vezes é suspensa por falta de imunizantes. “[Hoje] existem 130 mil doses de 2ª dose disponíveis. A gente entende que, se a Secretaria de Saúde envidar esforços, consegue fazer uma gestão melhor. Nos portais do governo federal e do governo estadual é possível observar que estão chegando vacinas, que vai chegar para a 2ª dose [nos próximos dias] e a SMS poderia remanejar algumas doses que estão lá de 2ª para a 1ª dose, para não ter que suspender a vacinação”, considerou. 

Para Amália Tortato, que assina a indicação com Indiara, Denian e Marcelo Fachinello (PSC), a melhor gestão da distribuição das vacinas “poderá fazer com que Curitiba avance posições no ranking” das capitais brasileiras. “Entendemos que pode ser feita uma melhor gestão para que a Curitiba, que tem estrutura e consegue vacinar quando tem vacina, poderia estar vacinando e não suspendendo quando não tem a 1ª dose”, reforçou Indiara Barbosa. 

Vacinação em acadêmicos
Outra sugestão ao Executivo aprovada hoje orienta que a Secretaria de Saúde garanta a vacinação a estudantes ou profissionais que estão em processo de expatriação ou que foram selecionados em programas de formação, ensino e pesquisa no exterior (203.00416.2021). Autor da proposição, Serginho do Posto (DEM) explicou que há orientação do Governo do Paraná, para que pessoas que tenham agenda profissional no exterior comprovada ou que irão fazer intercâmbio estudantil ou acadêmico devem receber as duas doses do imunizante. 

“Temos alguns jovens, que através do convênio da UFPR e da PUC-PR, foram aceitos para um intercâmbio na França e têm prazo para iniciarem as graduações, e o Governo da França só aceita se eles tiverem recebido as duas doses para fazerem a viagem. A decisão do governo estadual proporciona aos municípios esta adequação [ao plano de vacinação]”, explicou o vereador. 

Apesar de não serem impositivas, as indicações aprovadas na CMC são uma das principais formas de pressão do Legislativo sobre a Prefeitura de Curitiba, pois são manifestações oficiais dos representantes eleitos pela população para representá-los e submetidas ao plenário. Por se tratar de votação simbólica, não há relação nominal de quem apoiou, ou não, a medida – a não ser os registros verbais durante o debate. 

Todas as sessões plenárias da CMC são transmitidas pelas redes sociais do Legislativo – YouTube, Facebooke Twitter. A íntegra dos debates de hoje pode ser conferida aqui.