Oito vereadores questionam secretário de Finanças na Câmara de Curitiba
Debate dos vereadores com secretário de Finanças foi transmitido ao vivo pelo canal da CMC no YouTube. (Foto: Carlos Costa/CMC)
A nova alíquota do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) no Paraná, que foi reduzida de 3,5% para 1,9% do valor venal de automóveis, motocicletas e caminhonetes, foi o assunto mais abordado nas perguntas dos vereadores da Câmara Municipal de Curitiba (CMC) ao secretário de Planejamento, Finanças e Orçamento da Prefeitura de Curitiba. Vitor Puppi veio à CMC para a prestação de contas quadrimestral do Executivo e, como é de costume, respondeu a perguntas dos parlamentares na parte final da audiência pública.
Após apresentar o resultado financeiro positivo de 2025 e enaltecer a nota máxima Capag A+ de Curitiba na avaliação da Secretaria do Tesouro Nacional (STN), Vitor Puppi respondeu a perguntas de oito parlamentares, dos quais metade questionou o gestor público sobre o impacto da redução do IPVA nas contas de Curitiba, uma vez que parte dessa arrecadação estadual é revertida para o Município. "A nossa estimativa é de perda de arrecadação em torno de 400 milhões de reais”, que Puppi considerou relevante, durante sua resposta às vereadoras Laís Leão (PDT), Giorgia Prates - Mandata Preta (PT) e Camilla Gonda (PSB).
“Nós não temos ainda projetos que sejam prejudicados, porque estamos lidando com a Secretaria da Fazenda do Estado [do Paraná] nas compensações que temos pleiteado, mas nós acreditamos que virá alguma coisa”, acrescentou o secretário de Finanças. Sobre a possibilidade da compensação para Curitiba vir do aumento no número de emplacamentos, levantada pela delegada Tatiana Guzella (União), Puppi ponderou que isso deve ocorrer parcialmente e que o tempo dirá o tamanho desse reequilíbrio. “É claro que ao longo do tempo essa arrecadação [do IPVA decorrente de novos emplacamentos] vai ser incrementada, mas a partir de um valor menor [da alíquota]. O Estado vai arrecadar menos no início, é claro que vai, um pouco menos, mas isso tende a subir”, comentou.
Política de pessoal, Guarda Municipal e Saúde
A vereadora Giorgia Prates também questionou sobre planos de valorização da Guarda Municipal, como aumento de cargos e vagas, além da atualização de áreas de atuação. Puppi respondeu que as definições estão em estudo pela área de Recursos Humanos da Prefeitura de Curitiba, dentro do teto orçamentário previsto para 2026. Pier Petruzziello (PP) fez questão de registrar o anúncio do prefeito Eduardo Pimentel sobre a contratação de 628 novos profissionais para a Saúde, incluindo especialistas em autismo.
“Nós vamos estabelecer tetos financeiros de acordo com a capacidade do Município. Espero que, em breve, a gente tenha algumas decisões. Fizemos alguns avanços neste primeiro semestre, mas é compromisso do prefeito nessa gestão avançar mais. Então devemos fazer isso sim, mas sempre respeitando a nossa capacidade e o nosso equilíbrio fiscal”, afirmou o secretário.
Evasão de empresas e parcerias público-privadas
A vereadora Indiara Barbosa (Novo) abordou a migração de empresas de tecnologia para municípios vizinhos com alíquotas menores de ISS. Puppi admitiu que há casos, mas disse que a Prefeitura aposta no fortalecimento de programas locais. “O ISS do setor de Informática tem crescido. Então é claro que nós temos alguma migração de empresas, porque é algo fácil de migrar, mas as empresas também têm interesse em estar aqui, em todo o hub que existe na cidade. Nós queremos incrementar e melhorar o Tecnoparque. Eu acho que isso é uma medida possível também para as pequenas empresas”, declarou.
Rodrigo Marcial (Novo) perguntou sobre o uso de novos instrumentos de financiamento e fundos de investimento para ampliar os aportes municipais. Puppi ressaltou as dificuldades de estruturar PPPs no Brasil, mas defendeu a modalidade, recorrendo ao exemplo do hospital viabilizado em Pinhais via parceria público-privada. “Tem muito mais interesse público fazermos um hospital em dois, três anos, do que demorar dez anos licitando projeto executivo, enxoval e maquinário. É isso que é a parceria público-privada, e por isso ela tem um tempo mais longo de maturação”, afirmou.
Impacto da Reforma Tributária em Curitiba
As vereadoras Indiara Barbosa e Laís Leão, além do presidente da Comissão de Economia, Serginho do Posto (PSD), levantaram preocupações sobre os efeitos da reforma tributária. Puppi alertou para a concentração do poder regulatório do futuro Comitê Gestor. “Vamos aumentar a complexidade no início, porque nós vamos ter dois sistemas [tributários] andando em paralelo, e o Comitê Gestor vai ser responsável por regulamentar tudo isso”, explicou.
O secretário acrescentou que Curitiba precisará investir em fiscalização para não perder espaço para cidades maiores. “Na minha cabeça, quando abrir o sistema de fiscalização, Curitiba tem que se habilitar e tem que correr atrás disso para fiscalizar e fazer parte. Porque, do contrário, vai ficar a reboque [de outras iniciativas]”, disse.
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