A situação da Saúde na capital do Paraná foi debatida, nesta terça-feira (30), na Câmara de Vereadores, durante audiência pública com representantes da Prefeitura de Curitiba. Durante três horas, a secretária da Saúde, Tatiane Filipak, e sua equipe apresentaram aos parlamentares os indicadores do Sistema Único de Saúde (SUS) para o segundo quadrimestre de 2025, que abrange os meses de janeiro a agosto. A atividade foi coordenada pela Comissão de Saúde, sob a presidência de Sidnei Toaldo (PRD), e foi transmitida ao vivo pelo canal da Câmara Municipal de Curitiba (CMC) no YouTube.

Confira abaixo dez destaques feitos pela secretária Tatiane Filipak durante a prestação de contas da Saúde à Câmara de Curitiba:

Mortalidade infantil de Curitiba está entre as menores do país

A secretária da Saúde de Curitiba anunciou que a cidade mantém índices de mortalidade infantil e materna entre os mais baixos do Brasil, resultado de ações integradas de Atenção Primária e de comitês especializados. De janeiro a agosto de 2025, a cidade registrou taxa de mortalidade infantil de 8,5 por mil nascidos vivos, patamar semelhante ao de países desenvolvidos. Já a razão de mortalidade materna foi de 31,2 por 100 mil nascidos vivos.

Tatiane Filipak enfatizou que esses números colocam Curitiba em posição de destaque nacional, atrás apenas de Florianópolis, e que a meta da gestão é reduzir ainda mais as ocorrências, com foco em óbitos evitáveis. Entre as medidas, está o acompanhamento das gestantes pelas equipes de saúde, uso de aplicativos de comunicação, visitas domiciliares e reuniões com conselhos de classe e sociedade civil. “O ideal aqui não é ter um número, era ser zero”, declarou.

De janeiro a agosto de 2025, Curitiba registrou 7.713 óbitos, tendo as doenças do aparelho circulatório como principal causa, seguidas das neoplasias. “O que chamo a atenção dos senhores aqui é que nós estamos muito próximos em relação à doença do aparelho circulatório e às neoplasias. Isso muito se diz em relação ao envelhecimento da população, mas também se discute em causas externas que podem estar contribuindo para a ampliação do caso de neoplasias no município”, afirmou Filipak.

Vacinação contra HPV será ampliada até 19 anos

A cobertura vacinal em Curitiba apresenta bons resultados em várias campanhas, mas enfrenta desafios com o público infantil. Em 2025, foram aplicadas mais de 668 mil doses de vacinas, incluindo contra a gripe e o HPV. A vacinação contra o HPV atingiu 89,5% entre adolescentes de 9 a 14 anos e agora está disponível até os 19 anos. Houve ainda reforço na imunização contra sarampo e meningite ACWY. 

A estratégia da Secretaria de Saúde inclui levar vacinas a locais de grande circulação, como terminais de ônibus, supermercados e escolas. Além disso, foram reformadas 16 salas de vacinação, tornando o ambiente mais acolhedor para as crianças. Tatiane Filipak destacou que a vacinação é fundamental para prevenir doenças graves, como a gripe, que ainda causa internações e mortes evitáveis, especialmente entre idosos e crianças. “Vacina é prevenção, é vida. Um paciente que acaba tendo um óbito por influenza, no caso da gripe, é uma morte evitável”, alertou.

Saúde em Casa bate recorde de atendimentos

O programa Saúde em Casa alcançou, em julho de 2025, o maior número de pacientes atendidos em um único mês desde a sua criação, com 1.433 pessoas beneficiadas. São equipes multiprofissionais que levam cuidados de médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e nutricionistas diretamente às residências, beneficiando principalmente idosos e pacientes com sequelas de AVC. As equipes atuam em situações complexas, como cuidados paliativos e atenção geriátrica.

Falando aos vereadores, a secretária municipal da Saúde destacou a ampliação do programa em Curitiba. “Pacientes em ventilação mecânica, que ficariam o resto da vida num hospital, mas hoje vão para casa com essa equipe. É menos hospitalização e mais qualidade de vida”, defendeu Filipak. Pelo impacto positivo, Curitiba foi credenciada pelo Ministério da Saúde para ampliar de 22 para 32 equipes de atenção domiciliar, anunciou a gestora do SUS.

Programa contra o tabagismo cresce 56% em um ano

Entre maio e agosto de 2025, o Programa de Controle e Cessação do Tabagismo atendeu 1.579 pessoas, um aumento de 56% em relação ao mesmo período de 2024. “Em janeiro a abril de 2024, atendemos 604 pessoas. Em 2025, foram 1.170, um aumento de 93%. Já no comparativo de quadrimestre, 2024 teve 1.015 e 2025, 1.579, ou seja, 56% a mais”, detalhou a secretária. O atendimento a quem busca o serviço é realizado em grupos de apoio ou consultas individuais, nos dez distritos sanitários de Curitiba.

O programa contra o tabagismo ganhou visibilidade com o apoio da RPC, emissora de televisão afiliada à Rede Globo no Paraná. “Nós fomos convidados pela RPC, que está fazendo junto com a nossa equipe um acompanhamento de cinco cidadãos que decidiram abandonar o tabagismo. Isso é importante porque, quando alguém conseguiu superar o desafio, o outro entende que também é capaz. Essa campanha vai nos ajudar nos índices ligados ao câncer e às doenças cardiovasculares”, ressaltou Filipak.

Tratamento do autismo já atendeu mais de 340 famílias

O Ambulatório Encantar foi destacado, durante a audiência na CMC, como referência nacional no atendimento a crianças com autismo e atraso no desenvolvimento. O programa adota a Intervenção Mediada pelos Pais, capacitando famílias para aplicar estratégias terapêuticas no cotidiano. Desde a criação, mais de 340 famílias participaram das atividades, e a metodologia inspirou o Ministério da Saúde a replicar o modelo em outras cidades, disse a secretária municipal.

Tatiane Filipak afirmou que o modelo do Ambulatório Encantar, com terapias multiprofissionais em um só local, traz resultados concretos. “A criança vinha, fazia a terapia e ficava em casa, mas acabava regredindo. Agora, com a participação ativa dos pais, vemos avanços significativos. Esse programa, que Curitiba implantou primeiro, já está sendo replicado nacionalmente para o acompanhamento de pacientes com Transtorno do Espectro Autista”, reforçou.

Fila por consultas e exames recua quase 40%

Tatiane Filipak anunciou que o programa Especialidades em Ação, da Prefeitura de Curitiba, reduziu em 38,8% a fila de espera por consultas e exames especializados em apenas sete meses. Houve queda em áreas de alta demanda, como oftalmologia, que registrou redução de 61,5%. O tempo médio de espera passou de 60 para 49 dias. A medida envolveu mutirões, ampliação de consultas e fortalecimento da telerregulação.

Segundo Tatiane Filipak, a capacidade mensal de consultas em especialidades como oncologia, ortopedia e cardiologia cresceu 80%. “Ampliamos a oferta de exames de ultrassonografia, endoscopia e colonoscopia. Essas ações fazem parte da reorganização da linha de cuidados, como no projeto Abraçar, que melhora o fluxo do paciente desde o diagnóstico até o tratamento”, destacou. 

Curitiba oferece teste molecular de rastreamento do câncer

Curitiba implantou o teste molecular DNA-HPV no SUS, tecnologia pioneira no Brasil para rastreamento precoce do câncer de colo de útero. Desenvolvido no Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP), o exame identifica o vírus anos antes do surgimento da doença, ampliando as chances de prevenção. A iniciativa começou em caráter piloto no Bairro Novo e deve se expandir para toda a cidade.

A secretária Tatiane Filipak destacou que Curitiba foi uma das dez cidades brasileiras escolhidas pelo Ministério da Saúde para implementar o projeto. A inovação complementa a vacinação contra o HPV e deve substituir progressivamente o Papanicolau. Além de maior precisão, o teste traz alternativas menos invasivas, como a possibilidade de coleta domiciliar, reduzindo barreiras de acesso ao rastreamento.

“A vacina é o primeiro ponto. Agora, a mulher que não foi vacinada pode fazer o teste molecular e identificar o tipo de vírus. Estamos falando de dez, quinze, vinte anos antes do surgimento do câncer. Isso é orgulho curitibano, porque o exame foi criado dentro do IBMP e hoje está sendo fornecido em todo o Brasil”, afirmou a secretária.

Rede de saúde mental é ampliada

Entre maio e agosto de 2025, foram registrados 4.471 acolhimentos, 4.181 usuários em acompanhamento e 640 internações na rede de Saúde Mental de Curitiba, que hoje tem 13 CAPS e uma Unidade de Estabilização Psiquiátrica, considerada única no país. “O paciente em surto psicótico não precisa ir para um hospital geral. A Unidade de Estabilização Psiquiátrica é o local certo, com psiquiatra, psicólogo e equipe multiprofissional. Em 72 horas conseguimos tirá-lo da crise. Depois ele vai para o CAPS e segue o plano terapêutico. Essa é uma experiência única no país e que tem dado grandes resultados”, disse Filipak.

Segundo a secretária da Saúde, o diferencial da rede é garantir portas abertas e atendimento imediato. O modelo inclui oficinas terapêuticas e de geração de renda, além de eventos de integração como a Festa Junina InterCAPS. Curitiba ainda mantém três residências terapêuticas para acolher pacientes sem apoio familiar. A secretária afirmou que a meta é oferecer alternativas humanizadas e reduzir internações hospitalares desnecessárias.

Curitiba inaugura maior biofábrica do mundo contra dengue

Em julho de 2025 foi inaugurada em Curitiba a maior biofábrica do mundo para criação de mosquitos Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia, que bloqueia a transmissão da dengue, zika e chikungunya. Com capacidade de produzir até 100 milhões de ovos por semana, a unidade é fundamental no combate a essas doenças no país. O projeto, chamado Wolbito do Brasil, é resultado de parceria entre a Prefeitura de Curitiba e instituições de pesquisa.

A secretária da Saúde explicou que os mosquitos com Wolbachia não transmitem os vírus causadores das doenças, reduzindo o risco de surtos. Além da biofábrica, foram realizados mutirões de limpeza que recolheram 133 toneladas de resíduos em áreas críticas. “É a junção da inovação com o cuidado básico, porque eliminar o criadouro ainda é fundamental”, ressaltou Tatiane Filipak.

Atenção Primária recebe 600 novos profissionais

Na audiência, a Prefeitura de Curitiba anunciou a recomposição das equipes de Atenção Primária da Saúde com a contratação de 600 novos profissionais. A medida busca suprir a aposentadoria de servidores e ampliar a capacidade de atendimento nas 109 unidades básicas. Segundo a secretária Tatiane Filipak, a atenção primária é a “porta de entrada do cidadão” e “é ali, no bairro, que se previne o infarto e o AVC”. 

Com a recomposição, cada unidade terá condições de oferecer consultas médicas e de enfermagem de forma mais ágil, além de reforçar programas de prevenção de doenças crônicas, como hipertensão e diabetes. A secretária destacou que a medida valoriza o vínculo entre equipe e comunidade, permitindo que cada cidadão tenha um médico e um enfermeiro de referência em seu bairro. “Investimos todo o possível”, declarou a secretária da Saúde.

*Notícia revisada pelo estudante de Letras Celso Kummer
Supervisão do estágio: Ricardo Marques