MiguéNews: confira dicas para não cair na rede da desinformação

por Sophia Gama*, especial para a CMC — publicado 19/08/2022 07h30, última modificação 19/08/2022 07h26
O combate diário às fake news parte também de cada cidadão.
MiguéNews: confira dicas para não cair na rede da desinformação

No combate às fake news, a primeira dica é: na dúvida, não repasse. (Arte: Emily Curbani/CMC)

Como diz o slogan da MiguéNews, campanha da Câmara Municipal de Curitiba (CMC) de combate às fake news: “Quem não confere a informação, passa por bobo na discussão”. Todo mundo já recebeu aquela mensagem que avisava: “Você precisa saber disso!”, “Especialista afirma...”, “Eles não querem que você saiba disso!”, seguida de alguma informação absurda — ou, no mínimo, duvidosa. No fim, algo como “Repasse para todos seus contatos”. Esses são alguns dos clichês que acompanham os boatos lançados na rede, tentando fisgar o leitor menos cauteloso. 

>> Confira o portal MiguéNews e espalhe verdades na Eleição de 2022. 

Segundo um estudo de 2018, realizado pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês), nos Estados Unidos, as notícias falsas se espalham 70% mais rápido pela internet que as verdadeiras, principalmente aquelas relacionadas à política. Os pesquisadores analisaram 126 mil postagens no Twitter, feitas entre 2006 e 2017, replicadas mais de 4,5 milhões de vezes. O levantamento ainda aponta que notícias relacionadas à política são disseminadas três vezes mais rápido.

Ao contrário do que se imaginava, os pesquisadores identificaram que os robôs aceleram tanto a disseminação de informações falsas quanto das verdadeiras. Ou seja, as fake news se espalham mais que as verdadeiras pela ação das pessoas, e não dos robôs. O estudo ainda mostrou que as mentiras provocam sensações como "medo, desgosto e surpresa", enquanto as histórias verdadeiras inspiram "expectativa, tristeza, alegria ou confiança".

De acordo com o Código Penal brasileiro, espalhar um boato sobre alguém, o que abrangeria as fake news, pode ser considerado um crime contra a honra, punido com multas e até a detenção do autor. Ou seja, não só quem produz o conteúdo, mas também quem ajuda a espalhá-lo, pode ser legalmente responsabilizado. As notícias falsas também podem ser enquadradas em outros tipos penais.

"As tentativas de se regulamentar o combate às fake news sofreram reveses durante o processo legislativo, seja por parte da base de apoio do governo no Congresso, seja pela Presidência da República", afirma o advogado Ricardo Tadao, diretor da Procuradoria Jurídica (Projuris) da CMC. Ele explica que "felizmente, a Justiça Eleitoral, em julgados recentes, tem entendido que a divulgação de fake news pode ser caracterizada como abuso de poder econômico". O problema, avalia o servidor, "representa hoje, sem sombra de dúvida, o maior risco para a democracia, diante do seu grande potencial em influenciar o resultado eleitoral". 

Anatomia de um migué
E como se prevenir, diante do volume de informações que circulam diariamente? No combate às fake news, a primeira dica é: na dúvida, não repasse. Alguns elementos comuns entre as falsas notícias ajudam no processo de checagem, para identificar se a informação é verdadeira ou não passa de um migué, no bom curitibanês. 

  • Pode desconfiar, logo de cara, se a informação vier com o link “quebrado”, ou que não abre;
  • O segundo passo é procurar a fonte da informação: a notícia foi escrita por alguém conhecido ou um veículo de comunicação confiável? Os “especialistas” mencionados possuem um nome, são conhecidos em suas áreas? Se não, já é outro indicativo de fake news;
  •  Outro sinal de alerta ao migué são os erros gramaticais e as contradições que marcam presença nas notícias falsas — sutis ou não, conforme a atenção do leitor;
  • Por fim, a característica mais comum entre as fake news: o tom alarmista ou sensacionalista, tentando passar a impressão de algo super importante ou um grande furo jornalístico. 

Essa fórmula, de apelar à sensação de urgência para tentar chamar a atenção do leitor, para depois revelar uma (des)informação chocante, busca que o destinatário compartilhe a notícia de forma impulsiva. Apenas mais tarde a pessoa irá processar o que leu, ou pesquisar sobre o assunto. Por isso a checagem é fundamental, principalmente antes do compartilhamento. 

Ainda em dúvida?
Desde que o termo fake news surgiu, as notícias falsas evoluíram muito. Assim, mesmo com todo o conhecimento, ainda estamos suscetíveis a cair na rede dos disseminadores de boatos, principalmente se compartilhado por alguém que conhecemos e confiamos. 

Por isso, diversos projetos de checagem de informações podem auxiliar a população em caso de dúvida. Um deles é o Gralha Confere, do Tribunal Regional do Paraná (TRE-PR), do qual a CMC é parceira na campanha contra as fake news. A iniciativa atende todo o estado, esclarecendo informações sobre o processo eleitoral.

Na última terça-feira (16), por exemplo, o Gralha Confere alertou que é falsa a notícia em circulação nas redes de que os eleitores que fizeram ou transferiram o título em 2022 teriam o voto computado para determinado candidato. O projeto também conta com uma cartilha que ensina o eleitor a identificar as fake news. 

No mesmo formato, porém a nível nacional, existe o Fato ou Boato, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Também existem agências especializadas em realizar a checagem de fatos, não apenas sobre as eleições ou o noticiário político, como a Agência Lupa, fundada em 2015. Já o Comprova é um projeto de jornalismo colaborativo que conta com diversos parceiros pelo Brasil contra a desinformação. 

Para mais dicas, checagens e, claro, memes, acompanhe as postagens do MiguéNews nos perfis da Câmara de Curitiba no Instagram, TikTok e Twitter. 

MiguéNews
O combate às fake news no processo eleitoral é tema da primeira temporada do MiguéNews, projeto especial da CMC, lançado na última segunda-feira (15), para ajudar no combate à desinformação. A iniciativa é fruto do convênio inédito firmado entre o Legislativo de Curitiba e o TRE-PR. 

A campanha reúne matérias informativas, históricas e tutoriais, reforçando o compromisso da Câmara com a educação política e a transparência pública. Nos vídeos produzidos para as redes sociais da Casa, a aposta é no humor, com a Família MiguéNews, satirizando quem espalha falsas notícias por aí. Por isso, lembre-se: quem não confere a informação, passa por bobo na discussão. 

Restrições eleitorais
Em respeito à legislação eleitoral, a comunicação institucional da CMC será controlada editorialmente até o dia 2 de outubro. Nesse período, não serão divulgadas informações que possam caracterizar uso promocional de candidato, fotografias individuais dos parlamentares e declarações relacionadas a partidos políticos, entre outros cuidados. As referências nominais serão reduzidas ao mínimo razoável, de forma a evitar somente a descaracterização do debate legislativo. 

Ainda que a Câmara de Curitiba já respeite o princípio constitucional da impessoalidade, há dez anos, na sua divulgação do Poder Legislativo, publicando somente as notícias dos fatos com vínculo institucional e com interesse público, esses cuidados são redobrados durante o período eleitoral. A cobertura jornalística dos atos do Legislativo será mantida, sem interrupção dos serviços de utilidade pública e de transparência pública, porém com condicionantes (saiba mais). 

*Notícia elaborada pela estudante de Jornalismo Sophia Gama*, especial para a CMC
Supervisão do estágio: Fernanda Foggiato
Edição: Fernanda Foggiato
Revisão: Alex Gruba