Dia de Enfrentamento ao Lesbocídio pode ser criado em Curitiba

por José Lazaro — publicado 22/09/2021 08h00, última modificação 22/09/2021 11h14
A iniciativa autoriza o Executivo a “promover ações educativas” e a realizar parcerias com grupos “com notória atuação na defesa dos direitos das mulheres lésbicas”.
Dia de Enfrentamento ao Lesbocídio pode ser criado em Curitiba

Data seria a de 22 de junho, em alusão a evento histórico da Liga Brasileira de Lésbicas.

Por iniciativa da Professora Josete (PT), de Renato Freitas (PT), de Carol Dartora (PT) e de Maria Leticia (PV), a Câmara Municipal de Curitiba (CMC) analisa a criação do Dia Municipal de Enfrentamento ao Lesbocídio. Pela proposta (005.00200.2021), a data para as atividade de conscientização seria o dia 22 de junho, em alusão à primeira plenária nacional da Liga Brasileira de Lésbicas, no ano de 2003. 

“No período recente, tivemos pelo menos quatro casos de possíveis lesbocídios em Curitiba. Fabíola do Rocio, Elaine Bastian de Goes, Fabiane Hilário e Ana Paula Campestrini foram brutalmente assassinadas em Curitiba”, diz a justificativa da proposição, na qual os autores destacam que os casos “sempre evidenciam viés lesbofóbico e machista”. Citando dossiê elaborado pela UFRJ, destacam que, de 2014 a 2017, houve 237% de aumento dos casos de lesbocídio. 

“O lesbocídio é compreendido como uma variante do feminicídio e se refere especificamente ao assassinato de lésbicas, tendo como motivação a lesbofobia. Outro elemento que recorrentemente compõe casos de lesbocídio é o desrespeito à memória da vítima e o apagamento ou a negação de sua condição lésbica, após a morte. Na maioria dos casos, as lésbicas são assassinadas por pessoas do sexo masculino”, alertam Josete, Freitas, Dartora e Maria Leticia.

Pelo projeto de lei, a data seria incluída no calendário oficial de eventos de Curitiba, sendo que o Dia Municipal de Enfrentamento ao Lesbocídio seria destinado à “construção de uma cultura de não violência contra as mulheres lésbicas”. A iniciativa autoriza o Executivo a “promover campanhas, atividades e ações educativas” e a realizar parcerias, para esse fim, com grupos “com notória atuação na defesa dos direitos das mulheres lésbicas”.

Homenagem a Áurea
No projeto, há a intenção de fazer da data uma homenagem à cantora Áurea Guerreira, como era conhecida Áurea Célia Miguel, que faleceu de covid-19, no dia 10 de janeiro, aos 71 anos de idade. “Sempre foi defensora de todas as mulheres, organizou e participou de diversos atos em prol da causa, especialmente das mulheres lésbicas. Mulher de fé católica, muito espiritualizada, infelizmente nos deixou precocemente”, diz a justificativa.