CMC retoma debates sobre linha férrea, aulas presenciais e SUS

por Fernanda Foggiato — publicado 04/08/2021 16h55, última modificação 04/08/2021 17h40
Os acidentes com trens no Cajuru, com 4 vítimas fatais no último ano, foram discutidos na última sessão antes do recesso, em 30 de junho.
CMC retoma debates sobre linha férrea, aulas presenciais e SUS

Herivelto Oliveira abriu discussão sobre cruzamentos no Cajuru, que estão recebendo semáforos inteligentes. (Foto: Rodrigo Fonseca/CMC)

Pronunciamentos dos vereadores em plenário, nesta quarta-feira (4), trouxeram de volta à pauta temas que têm sido frequentemente debatidos na Câmara Municipal de Curitiba (CMC). Herivelto Oliveira (Cidadania) registrou, por exemplo, que a empresa Rumo, concessionária da linha férrea, está instalando sensores em passagens de nível do Cajuru, onde os acidentes têm sido frequentes. 

Foi o vereador quem alertou, no dia 30 de junho, a última antes do recesso parlamentar, às quatro mortes em acidentes com trens nos cruzamentos do Cajuru. “Em julho tivemos outro acidente”, citou. Eles estão instalando sensores que avisam os motoristas, que fecham o sinal quando o trem está a 30 metros de distância”. Em sua avaliação, a medida poderá salvar vidas. 

Curitiba tem 37 km de linhas férreas, com 45 passagens de nível instaladas para a circulação de veículos e pessoas, com uma distância média de 700 metros entre elas. Oliveira ponderou que o trem não consegue frear imediatamente e que muitos motoristas, “por excesso de confiança ou até por descuido”, ignoram o sinal vermelho. Apesar de os radares instalados terem como identificar os veículos infratores, não podem emitir notificações. “De repente a gente pode pensar numa legislação específica para esse tipo de atitude”, cogitou. 

Para Alexandre Leprevost (Solidariedade), a mobilização dos vereadores, desde as legislaturas passadas, foi importante para que a empresa Rumo e o poder público tomassem uma iniciativa e o assunto evolua. “Foi dado o primeiro passo no Cajuru”, pontuou. Esta é uma demanda que venho recebendo desde que estou nesta Casa, da falta de sinalização nos cruzamentos.” 

A união da sinalização do semáforo inteligente, que detecta que o trem está vindo e quando está vindo fica vermelho, com o radar que possa realmente multar as pessoas, porque quem está furando o sinal onde o trem passa tem que ser multado, desses dois esforços, possa ser importantíssima”, opinou Leprevost. 

Aulas presenciais

Também foi dado continuidade ao debate sobre a retomada das aulas presenciais, em sistema híbrido, na rede municipal. “Gostaria de lamentar a forma como está sendo feito o retorno às aulas presenciais”, opinou Carol Dartora (PT). No dia 7 de julho, apontou a vereadora, os diretores da rede municipal foram comunicados que os professores trabalhariam em escala híbrida. “No dia 30, entenderam [o Executivo] que não haveria rodízio”, relatou. 

Além de a gente ver sendo jogado fora o que a gente entende como gestão democrática, a gente fica preocupado. É importante dizer que os trabalhadores da educação não pararam”, acrescentou Carol Dartora, que ainda alertou ao afrouxamento das medidas restritivas e à variante Delta. Em momentos de excepcionalidade, defendeu, “preservar a vida” é o mais importante. 

Para Professora Josete (PT), o retorno às aulas deveria ocorrer não só com a imunização dos professores, mas de todos os profissionais que atuam nas escolas, inclusive os terceirizados, com a primeira e a segunda dose. “Nos chamou a atenção uma ordem, é assim que a gente tem que entender quando não existe diálogo, que tomou de surpresa todos os equipamentos da educação.” 

Além do fim da escala híbrida, a determinação, na última sexta-feira, ampliou de uma para duas semanas por mês, por criança, a participação nas aulas presenciais. “Imagine a dificuldade para as escolas se organizarem. Isso exige comunicação aos pais, às mães. Um outro cronograma para que a escola possa realmente atender de forma adequada as crianças”, pontuou. 

Na sessão dessa terça-feira (3), o presidente e a vice-presidente da Frente Parlamentar do Retorno Seguro às Aulas, respectivamente, Nori Seto (PP) e Amália Tortato (Novo), falaram das visitas realizadas pelos vereadores a unidades da rede municipal de educação. Conforme balanço parcial da força-tarefa, apresentado inicialmente na estreia de série de lives no Instagram na CMC, na última quinta-feira (29), os equipamentos públicos estão bem preparados para a recepção das crianças. Denúncias e sugestões podem ser apresentadas feitas pelo e-mail retornosegurocmc@gmail.com e pelo telefone (41) 3350-4622, que funciona como WhatsApp. 

Unidades básicas

As vereadoras Professora Josete e Maria Leticia (PV) voltaram a se manifestar sobre a reorganização do SUS municipal e a campanha de vacinação contra a covid-19. “A equidade não está sendo garantida na política de vacinação de Curitiba e a nossa dúvida é se está sendo feito o rastreamento nos locais de maior vulnerabilidade, para saber se essas pessoas estão sendo vacinadas”, disse a primeira parlamentar. 

Josete apresentou mapa das unidades com a imunização contra o novo coronavírus, comparando a distância entre os pontos de vacinação da Caximba, por exemplo, com maior vulnerabilidade, e bairros da região norte. Ainda em sua avaliação, a rede básica robusta e os agentes comunitários de saúde poderiam ter sido aproveitados pelo Executivo municipal para o rastreamento de casos da covid-19, por exemplo.

Conforme Maria Leticia, o fechamento das unidades básicas em meio à pandemia tira “capilaridade” da rede e trará diversos impactos à população, dentre eles a dificultar o acesso à vacinação para a população das periferias da cidade. “Descentralizar é a maneira de gerir a saúde. Precisamos reabrir todas”, declarou. 

A vereadora afirmou que o Município não atingiu as metas de preventivos e de mamografias, por exemplo. “É preciso que se pense a longo prazo”, argumentou. “Vou repetir uma coisa que já disse. A Secretaria de Saúde e o prefeito serão lembrados pela história na cidade de Curitiba como a única gestão pública que fechou unidades de saúde, principalmente na pior fase que a cidade enfrenta, na pandemia.” 

Só neste ano, na pandemia, foram investidos R$ 2 bi na saúde [pública] municipal”, respondeu o líder do prefeito, Pier Petruzziello (PTB), que deve retomar o debate na próxima semana. “O discurso é sempre mais fácil que a efetividade lá na ponta, de quem está trabalhando.” Mauro Bobato (Pode) disse receber frequentemente demandas da população, na região no Umbará, em função de unidade básica fechada, mas que entende o trabalho da Secretaria da Saúde.