Câmara empossa Ana Júlia Ribeiro como vereadora de Curitiba

por José Lázaro Jr. | Revisão: Alex Gruba — publicado 04/07/2022 15h55, última modificação 05/07/2022 16h05
Mais nova da legislatura, ela comporá a maior bancada feminina da história da CMC.
Câmara empossa Ana Júlia Ribeiro como vereadora de Curitiba

Nova vereadora de Curitiba, Ana Júlia Ribeiro faz seu primeiro discurso na CMC. (Foto: Rodrigo Fonseca/CMC)

“Eu sou a Ana Júlia, tenho 22 anos, sou estudante, ativista pela educação pública, trabalhadora e filha de trabalhadores. Obviamente, não chego nesta Casa nas circunstâncias que eu planejei, nem no momento que eu queria, ou pelo motivo certo. Por outro lado, nós aprendemos desde cedo a valorizar a democracia e a respeitar a vontade popular e, principalmente, as regras do jogo democrático. Entendo que uma responsabilidade se apresenta a mim neste momento e estou aqui para assumi-la, da forma mais aguerrida e dedicada que eu puder”, disse Ana Júlia Pires Ribeiro, ao tomar posse como vereadora, nesta segunda-feira (4), na Câmara Municipal de Curitiba (CMC). 

“Quero dar as boas vindas, em nome da Câmara, à Ana Júlia. Ela será a vereadora mais nova da atual legislatura, com 22 anos de idade, e fará desta bancada feminina a maior da história da Câmara de Curitiba, que pela primeira vez terá nove mulheres vereadoras exercendo simultaneamente seus mandatos parlamentares”, destacou o presidente da CMC, Tico Kuzma (Pros), que conduziu a cerimônia de posse, realizada no Palácio Rio Branco. Suplente do Partido dos Trabalhadores (PT), ela assume a vaga aberta com a cassação do mandato de Renato Freitas pelo plenário da CMC.

Os vereadores Professora Josete (PT), Professor Euler (MDB) e Mauro Ignácio (União), respectivamente, segunda, terceiro e quatro secretários da Câmara, e Mauro Bobato (Pode) acompanharam a solenidade, além de nomes como Angelo Vanhoni, Mirian Gonçalves, Ricardo Gomyde e representantes do  MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), APP Sindicato, Sismmac, Sismuc, Sigmuc e Fenaguardas.

Ana Júlia é estudante universitária, cursando Direito na PUC-PR e Filosofia na UFPR. Ela foi uma das lideranças estudantis secundaristas durante as ocupações dos colégios estaduais, em 2016, em oposição à Reforma do Ensino Médio e à Emenda Constitucional 95/2016. Nessa época, na Assembleia Legislativa do Paraná, então com 16 anos de idade, Ana Júlia fez uma fala aos deputados estaduais em defesa das ocupações que a tornou bastante conhecida. Desde então, envolveu-se em campanhas pela erradicação do trabalho infantil e está associada à Associação Brasileira de Juristas pela Democracia.

A cassação do mandato do vereador Renato Freitas foi confirmada, em segundo turno, pelo plenário da Câmara de Curitiba, por 25 a 5 votos, no dia 22 de junho. Na ocasião, foi aprovado um projeto de resolução (004.00003.2022) que consolidava o entendimento do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar a respeito do Processo Ético Disciplinar 1/2022, de que Freitas quebrou o decoro parlamentar ao perturbar culto religioso e realizar ato político dentro da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos em fevereiro deste ano (502.00001.2022).  

Discurso de posse
“Não posso assumir o mandato nessas circunstâncias sem me posicionar pública, e enfaticamente, contrária ao processo, carregado de nulidades, que cassou o meu amigo e companheiro de partido, Renato Freitas. Ele foi cassado em um processo injusto, desproporcional e com manifesta motivação política”, disse Ana Júlia Ribeiro. “Se a cassação do Renato se deu pela luta popular que ele encampa, pelo que ele representa, por sua origem, se foi cassado pelas pautas que defende, cassaram mal. Cassaram muito mal”.

“Porque também vinda da escola pública, do seio da classe trabalhadora, chego a esta Casa legislativa para representar as pautas dos movimentos sociais. Mas também para continuar, no que me couber, o trabalho do Renato”, afirmou a nova vereadora. “Chego a esta Casa com a missão de fazer o meu melhor, inclusive para defender o Renato da injustiça que sofreu e manter o caminho aberto para que ele assuma o mandato e que a ordem estabelecida pelo eleitor em 2020 seja cumprida à risca”. 

Da tribuna, já anunciou que irá protocolar, hoje, quatro pedidos de informação oficial ao Município, perguntando a taxa de ocupação das escolas municipais, a condição de saúde dos professores, a alimentação dada nas unidades e do apoio psicológico dado à comunidade escolar. Criticando a entrega do título de cidadão honorário ao ex-juiz Sérgio Moro, disse que irá apresentar projeto para conceder a mesma honraria ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 

“Chego nesta Casa com ideias, projetos, sonhos, esperança e uma tarefa honrosa. O nosso projeto político é a defesa irrestrita de uma educação pública, gratuita, de qualidade, crítica e emancipatória. É de uma sociedade antirracista, é da luta das mulheres, dos direitos da juventude, da moradia e da classe trabalhadora”, afirmou a nova parlamentar. Já no final, a posse foi interrompida pela manifestação de Telma Mello, para quem o PT falhou na defesa de Renato Freitas, e retomada logo na sequência, ao que o presidente municipal da legenda, Angelo Vanhoni, informou que segue na Justiça Estadual a discussão sobre a cassação de Freitas.

Confira a cobertura fotográfica no Flickr da Câmara de Curitiba