Câmara de Curitiba discute auxílio para famílias em áreas de enchente

por José Lázaro Jr. | Revisão: Celso Kummer* — publicado 31/07/2025 04h00, última modificação 29/07/2025 23h36
Proposta da vereadora Camilla Gonda institui política permanente de proteção climática para moradores de regiões vulneráveis de Curitiba.
Câmara de Curitiba discute auxílio para famílias em áreas de enchente

Política de apoio a residentes em áreas de risco de desastres naturais é debatida na Câmara. (Foto: Daniel Castellano/PMC)

Camilla Gonda - galeria.jpgCriar um sistema de auxílio emergencial para famílias em situação de vulnerabilidade social residentes em áreas de risco de desastres naturais. Essa é a proposta da vereadora Camilla Gonda (PSB), protocolada na Câmara Municipal de Curitiba (CMC), com a meta de institucionalizar uma política climática permanente, voltada especialmente para moradores de regiões sujeitas a inundações. “Esta iniciativa visa fornecer uma antecipação efetiva às necessidades emergentes  e urgentes das populações vulneráveis socioambientalmente, assegurando que elas possam enfrentar e se recuperar dos impactos dos desastres climáticos.”, afirma a parlamentar.

A Política Curitibana de Proteção Climática Permanente prevê a concessão de um auxílio financeiro a famílias inscritas no Cadastro Único (CadÚnico) ou em situação de pobreza, residentes em regiões previamente mapeadas como suscetíveis a desastres naturais. O pagamento seria feito de forma automática, acionado por sistemas de monitoramento climático, sem necessidade de solicitação por parte dos beneficiários. Na proposta, o auxílio será preferencialmente pago a mulheres chefes de família e poderá ser renovado enquanto persistirem os efeitos do desastre (005.00401.2025).

Pagamentos automáticos em caso de alerta climático

O acionamento do programa dependerá de gatilhos definidos por medições oficiais de risco emitidas por órgãos meteorológicos, em parceria com instituições públicas e privadas. A proposta também prevê a integração entre bases de dados socioeconômicos e geoespaciais para identificar, com antecedência, as famílias vulneráveis nas áreas afetadas. Entre as diretrizes do projeto estão a cientificidade das ações, a capacitação de equipes para resposta emergencial e a promoção de campanhas educativas sobre justiça climática.

A proposta da vereadora Camilla Gonda é que o valor do benefício seja calculado a partir do custo de uma cesta básica para 15 dias, somado às estimativas de gastos com abrigo, transporte e materiais de sobrevivência. O repasse será proporcional à intensidade do desastre e à localização do domicílio: moradores no epicentro da ocorrência receberão o valor integral, enquanto os que estiverem em áreas adjacentes terão direito a parcelas proporcionais.

A justificativa do projeto destaca a urgência de ações de mitigação em Curitiba, especialmente diante do aumento da frequência e da severidade de eventos extremos como enchentes. “Esses critérios garantirão que a ajuda chegue exatamente quando e onde for necessária.”, defende a vereadora. Na proposta, Camilla Gonda cita dados do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) e do Ministério da Ciência e Tecnologia, que indicam que até 45% das áreas de regionais como Cajuru, Bairro Novo, Tatuquara e CIC estarão sob risco elevado de inundações nas próximas décadas.

Viabilidade orçamentária e base legal do projeto

A estimativa apresentada aponta impacto financeiro pontual de aproximadamente R$ 59 milhões por evento climático extremo, considerando o cenário de ativação da política em toda a cidade. O valor representa entre 0,41% e 0,46% do orçamento anual da Prefeitura de Curitiba. O projeto cita precedente do Supremo Tribunal Federal (tema 917 – RE 878.911/RJ), que autoriza a criação de despesa por lei de iniciativa parlamentar, desde que não interfira na estrutura administrativa nem no regime de servidores.

Conforme previsto no texto, os recursos para a implementação da medida deverão constar nas próximas versões do Plano Plurianual e da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), a partir do exercício de 2026. O projeto de lei foi protocolado em 12 de maio de 2025 e está em análise pelas comissões temáticas da Câmara de Curitiba. 

Clique na imagem abaixo para entender como funciona a tramitação de um projeto de lei na CMC.

*Notícia revisada pelo estudante Letras Celso Kummer
Supervisão do estágio: Ricardo Marques