Ajuste na lei que reconhece o futebol de saco vai à sanção

por Pedritta Marihá Garcia | Revisão: Ricardo Marques — publicado 11/06/2025 13h10, última modificação 11/06/2025 14h17
A proposta substitui o termo “futsac”, usado atualmente na normativa, por “futebol de saco”, modalidade esportiva genuinamente curitibana.
Ajuste na lei que reconhece o futebol de saco vai à sanção

O futebol de saco é reconhecido pelo Ministério do Esporte, desde 2014, como uma modalidade esportiva. (Foto: Marcos Juliano Ofenbock)

O plenário da Câmara Municipal de Curitiba (CMC) confirmou, nesta quarta-feira (11), a alteração da lei municipal 14.784/2016, que reconhece o futebol de saco como a primeira modalidade esportiva criada na capital paranaense. A proposta substitui o termo “futsac”, usado atualmente na normativa, por “futebol de saco”. Na votação de hoje, 18 vereadores foram favoráveis, 3 votos foram “não” e uma vereadora se absteve do voto. 

De autoria de João da 5 Irmãos (MDB), a iniciativa tramitou no Legislativo em regime de urgência. A proposição explica que o nome “futsac” foi registrado no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), em 2015, e faz referência à marca das bolas usadas no jogo, mas não à modalidade esportiva (005.00409.2025).

Ontem (10), em primeiro turno, o vereador explicou que a alteração na lei 14.784/2016 visa garantir segurança jurídica à modalidade esportiva em função da disputa judicial com uma desenvolvedora norte-americana de jogos eletrônicos, em tramitação no Tribunal Regional Federal da 2ª Região, no Rio de Janeiro. “A ideia é proteger este patrimônio curitibano e valorizar a língua portuguesa”, defendeu. 

O regime de urgência, no entanto, foi criticado por alguns vereadores, como Da Costa do Perdeu Piá (União) e Professora Angela (PSOL), que votaram contra a matéria. “Acho que temos muitas coisas mais importantes para discutir em Curitiba”, disse o vereador, nesta terça-feira, citando demandas coletivas nas áreas da segurança e da saúde. “Eu também acho que esta Casa precisa discutir com urgência o que é realmente urgente”, assentiu a parlamentar.

Hoje, ao encaminhar o voto favorável em segunda votação, João da 5 Irmãos rebateu as críticas afirmando que o regime de urgência é um processo democrático. “Se consegue as assinaturas [para protocolar a urgência], tramita, se não consegue, segue o fluxo. Neste caso, se trata de algo simples, é só uma alteração de nomenclatura. Já é uma lei existente. É o primeiro esporte que foi registrado, inventado na cidade”, argumentou.

“Lógico que temos temas mais importantes [para discutir]. É óbvio. O nosso trabalho é estar antenado a isto, como a segurança pública, os alagamentos nas periferias. Tivemos grandes conquistas na regional Cajuru, na regional Boa Vista. [...] Tenho um trabalho sério na cidade, um trabalho valoroso, de que me orgulho. Minha equipe está todos os dias nas ruas, atendendo a população. Meu objetivo nesta Câmara é trabalhar para aqueles que mais precisam”, completou João da 5 Irmãos.

Ainda segundo o autor do projeto, o trâmite célere facilitou a aprovação do projeto de lei, evitando passar pelas comissões temáticas “e perder esse tempo precioso da Câmara Municipal”. O regime de urgência (411.00008.2025) teve o apoio de Andressa Bianchessi (União), Bruno Rossi (Agir), Delegada Tathiana Guzella (União), Eder Borges (PL), Hernani (Republicanos), Lórens Nogueira (PP), Meri Martins (Republicanos), Rafaela Lupion (PSD), Renan Ceschin (Pode), Sargento Tânia Guerreiro (Pode), Serginho do Posto (PSD), Sidnei Toaldo (PRD) e Tico Kuzma (PSD).

Com a aprovação em segundo turno, a matéria que atualiza a legislação de 2016 já pode ser sancionada pelo prefeito de Curitiba, Eduardo Pimentel. Os votos contrários à proposta, em segundo turno, foram de Camilla Gonda (PSB), Da Costa e Professora Angela. Laís Leão (PDT) voltou a se abster da votação, assim como fez em primeiro turno.

O que é o futebol de saco?

A modalidade genuinamente curitibana foi criada em 2002 pelo professor curitibano Marcos Juliano Ofenbock, que também é conhecido por fomentar a história do Pirata Zulmiro, após uma viagem de intercâmbio à Austrália, em 1998. O futebol de saco é reconhecido pelo Ministério do Esporte, desde 2014, como uma modalidade esportiva.

Uma mistura de futebol, futevôlei e tênis, o futebol de saco é praticado com uma bola de cerca de 50 gramas, revestida de crochê, recheada com plástico granulado reciclado. As partidas podem ser disputadas individualmente ou em duplas. O objetivo é passar a bolinha sobre a rede e derrubá-la no campo adversário, sem usar as mãos e os braços. Os movimentos podem ser feitos com os pés, a cabeça e o tronco, por exemplo.