Vereadores defendem tratamento precoce à covid-19 em Curitiba

por José Lázaro Jr. — publicado 03/03/2021 17h15, última modificação 05/03/2021 17h02
Enquanto alguns vereadores defendem a adoção urgente do tratamento precoce, outros apoiam estritamente dar mais agilidade à vacinação massiva em Curitiba.
Vereadores defendem tratamento precoce à covid-19 em Curitiba

No telão, Ezequias Barros, por videoconferência, defende tratamento precoce à covid-19. (Foto: Rodrigo Fonseca/CMC)

Nesta quarta-feira (3), o vereador Ezequias Barros (PMB) voltou a defender o tratamento precoce contra a covid-19 em Curitiba e elogiou os médicos que têm receitado outras drogas, que não somente paracetamol, para quem apresenta sintomas iniciais de infecção pelo novo coronavírus. “Quero parabenizar esses médicos, que contra a vontade de alguns secretários, estão, sim, fazendo esse atendimento [com o tratamento precoce]”, afirmou. Hoje, antes dele, Éder Borges (PSD) também defendeu a prática, culpando “a grande indústria farmacêutica” pela resistência ao protocolo. Em oposição a eles, Professora Josete (PT) pediu respeito à ciência e que vereadores da CMC “não reproduzam fake news”.

“Não existe tratamento precoce”, rebateu a vereadora, acrescentando que “todas as publicações sérias falam da ineficácia desses e de outros medicamentos na prevenção à covid-19”. “Nós, que somos autoridades eleitas, temos a obrigação de trazer perspectivas e visões a partir da ciência, e isso se faz pesquisando publicações científicas, não se faz com achismo, por ter ouvido um médico falar, ou que numa cidade do interior foi usada cloroquina ou azitromicina”, disse Josete. A fala da parlamentar foi uma resposta a Barros, que relatou ter ouvido apoio da classe médica ao tratamento precoce. As opiniões dos vereadores estão disponíveis, na íntegra, no canal da CMC no Youtube – confira clicando aqui.

“Já são muitos os médicos no Brasil que recomendam a aplicação da medicação precoce nos primeiros sintomas da doença. Aqui em casa nós usamos”, relatou o vereador do PMB. Ezequias Barros contou que, com suspeita de covid-19, procurou a Unidade de Saúde Vila Clarice e receitaram a ele o uso de “prednisona, azitromicina, ibuprofeno e mais dois medicamentos que eu não me lembro o nome agora”. “Quando eu passei essa mesma medicação para a secretária [de Saúde, Huçulak], ela me devolveu a fala do médico Arns, aqui em Curitiba, que é contrário ao uso da ivermectina, da hidroxicloroquina, da azitromicina e da prednisona”, protestou o vereador.

Foi nessa hora que Ezequias Barros compartilhou com o plenário conversa recente com uma médica da cidade, que pediu a ele mais suporte da prefeitura para adotar o tratamento precoce no SUS. “Ontem, uma médica do SUS, que atende em uma das unidades de saúde de Curitiba, disse 'vereador Ezequias, não desista!'”, parafraseou o parlamentar. Ele continuou, dando voz à interlocutora: “diga para a secretária [Huçulak] que tem que mudar o protocolo. Eu estou usando, contra a vontade da cidade, contra a vontade da secretaria de Saúde. Estou usando e está dando certo”.

“É isso que pedimos para a cidade, que haja atendimento já nos primeiros sintomas”, resumiu Ezequias Barros. Ele e Éder Borges mostraram-se contrários ao protocolo de tratar casos ainda não agravados apenas com paracetamol. “A ciência não é dar paracetamol e mandar o paciente para casa, voltando depois para ser entubado quando não há mais o que fazer. O tratamento precoce precisa ser discutido e há uma centena de médicos e de médicas que o defendem. As pessoas que querem [o tratamento precoce] precisam ter esse direito”, reforçou Borges, que aproveitou para protestar contras as medidas de distanciamento social.

Na opinião do parlamentar do PSD, “o lockdown não salva vidas e faz os pobres ainda mais pobres”, resultando, segundo Borges, no aumento das doenças mentais. “Minha gente, o lockdown não é ciência. Diversos países já abandonaram esse sistema agressivo, que traz consequências terríveis”, afirmou. Tangenciando esse debate sobre como lidar com a covid-19, Marcelo Fachinello (PSC) foi assertivo ao defender que somente a vacinação em massa, com sua capacidade de conter o espalhamento do vírus, poderá devolver a normalidade ao município.

Fachinello defendeu que a CMC se prepare para dar apoio legislativo ao ingresso de Curitiba no consórcio intermunicipal para aquisição direta de vacinas. “Precisamos estar prontos para agilizar esse processo até 19 de março, por meio do consórcio, pois no dia 22 ele será instituído”, alertou. Antes, contudo, criticou a divulgação, pelo governo federal, de uma lista de repasses aos estados e municípios sem a devida contextualização. “Em 2020, o Paraná e Curitiba recolheram mais impostos federais do que receberam de voltat [em repasses]. Esse dinheiro é do cidadão. O governo federal não está fazendo nenhum favor, não são salvadores da pátria”, desmentiu.

Também preocupado com a viabilização das vacinas, Nori Seto (PP) defendeu que recursos recuperados pela Lava Jato sejam destinados ao Plano de Imunização, pois R$ 1,2 bilhão ainda estaria sem uso definido. “A vacinação é o meio mais certo e gostaríamos de reforçar o pedido da OAB [Ordem dos Advogados do Brasil] ao STF [Supremo Tribunal Federal] para que isto aconteça”, disse o parlamentar.

Receituário de redes sociais”
Durante a audiência de prestação de contas da Saúde, semana passada, na CMC, a secretária municipal de Saúde, Márcia Huçulak, posicionou-se contra o tratamento precoce. “Não tem, até o momento, apesar das pessoas insistirem com as bobajadas aí, nenhuma droga que seja eficaz, no mundo [contra a covid-19]. O que temos são vacinas”, disse a gestora do SUS, para depois complementar que “tem se gastado muito na pandemia, e muitos municípios vão responder lá na frente, [por terem adquirido] medicações que não têm comprovação nenhuma, inclusive provocam… Não trazem benefício nesse momento. Há uma confusão aí por conta desse receituário de redes sociais. Todo mundo diz que alguma coisa funciona” (confira aqui).