Vereadores de Curitiba destacam Dia da Consciência Negra

por Assessoria Comunicação publicado 20/11/2019 11h35, última modificação 11/11/2021 09h07

Celebrado nesta quarta-feira (20), o Dia da Consciência Negra foi lembrado na sessão plenária da Câmara Municipal de Curitiba (CMC). O primeiro a homenagear a data foi Mestre Pop (PSC), em discurso no pequeno expediente. Ele lembrou da lei municipal 14.224/2013, que instituiria feriado na capital, barrada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a pedido da Associação Comercial do Paraná (ACP) e do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Paraná (Sinduscon-PR). O ato das entidades, avaliou, foi “totalmente racista”, fazendo com que Curitiba “deixasse de ser exemplo”.

“[O feriado municipal] não era dia de festa, até porque nós negros não temos motivo para festejar nada, e sim de conscientização. Quando se tirava essa pessoa de seus familiares, ele já chegava aqui morto”, disse Pop. “A vida do negro aqui [no país] não foi opcional. A vida do negro aqui não foi facultativa [contra argumento que o feriado poderia ser facultativo]. Então diga para o judeu esquecer do Holocausto. As cicatrizes são profundas.” Dentre outros pontos, o vereador ainda enalteceu a memória de líderes quilombolas, como Zumbi dos Palmares e Dandara.

>> Confira o álbum da sessão solene no Flickr da CMC.

Herivelto Oliveira (Cidadania) comentou a realização de sessão solene de sua iniciativa, em alusão ao Dia da Consciência Negra, na noite dessa terça-feira (10), para homenagear personalidades de destaque no empreendedorismo e pela atuação no mercado de trabalho. “Tivemos um plenário lotado, não houve nenhuma ausência. O Brasil hoje é o segundo país mais negro do mundo”, apontou. Segundo ele, 54% da população se diz negra ou parda. Um de seus projetos, continuou, é o “Brasil de Cor”, que desde 2016 entrevista negros, “dando a eles espaço, que a TV aberta não dá”. Do YouTube, o programa passou a ser vinculado, desde a semana passada, na TV Evangelizar.

“Temos um legado e ainda muito a contribuir. Eu prefiro usar o lado da construção e do otimismo. A sociedade tem tentado apagar a contribuição negra à história. Isso acontece no brasil e em Curitiba. Tanto que nossa cidade é apontada como uma cidade europeia, e os negros até pouco tempo atrás eram invisibilizados”, avaliou Oliveira. “Não acredito no vitimismo dos negros. Acho que o vitimismo muitas vezes impede que ocupem espaço na sociedade. Os negros têm espaço. Pode ser uma escalada até mais difícil, mas sem dúvidas podem chegar ao pódio, lá em cima.”

O Dia da Consciência Negra, observou Professora Josete (PT), “é um momento, acima de tudo, de reflexão”. “Infelizmente vivemos um momento de retrocesso, onde o  racismo tem se colocado de forma muito clara”, completou. Em visita à sessão plenária, o prefeito em exercício da capital, Eduardo Pimentel, também comentou a questão e a importância do debate: “O racismo não pode ocorrer em nenhuma parte de nossa sociedade. O respeito tem que ocorrer sempre”.