Tribuna Livre: startup Veever apresenta tecnologia para a inclusão

por Assessoria Comunicação publicado 06/11/2019 12h55, última modificação 11/11/2021 08h46

A tecnologia aliada à acessibilidade, em especial para a inclusão e a autonomia da pessoa com deficiência visual, foram tema da Tribuna Livre da Câmara Municipal de Curitiba (CMC), durante a sessão plenária desta quarta-feira (6). Proposta pelo vereador Herivelto Oliveira (Cidadania), a atividade recebeu o palestrante, publicitário e engenheiro elétrico João Pedro Novochadlo, cofundador da startup curitibana Veever (076.00047.2019). “Quando a gente faz um aplicativo gratuito, a principal coisa é a democratização da tecnologia”, disse o empreendedor, que apresentou em plenário o funcionamento do sistema.

“É uma tecnologia de fácil acesso e de baixo custo”, afirmou Novochadlo. Segundo ele, outros sistemas para facilitar a mobilidade da pessoa com deficiência visual, como óculos com sensores, chegam a R$ 18 mil. Herivelto Oliveira lembrou que a experiência da startup Veever já havia sido apresentada em audiência pública de sua iniciativa, no final de outubro, para a discussão da acessibilidade em Curitiba.

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Por meio da geolocalização, o Veever guia a pessoa com deficiência visual ou dificuldade de orientação, por meio de um assistente virtual de voz. Ao andar por espaços equipados com os dispositivos necessários (chamados de beacons), o usuário obtém mais autonomia e independência para pegar um ônibus, por exemplo. Ou em um ambiente interno, público ou privado, ter acesso às saídas de emergência.

A ideia, contou o convidado da Tribuna Livre, surgiu em 20014, a partir de trabalho voluntário dele no Instituto Paranaense de Cegos. A principal dificuldade dos alunos, explicou, era justamente para pegar o ônibus. Em 2015, ele e os sócios, Lohann Coutinho e Leonardo Custódio, levaram a proposta ao Hackathon Curitiba 2015, do qual foram vencedores. “E a solução que trago a vocês é o Veever”, indicou Novochadlo.

“O usuário ativa o aplicativo quando sai de casa. Em cima daquele ônibus existe um dispositivo instalado, e na medida em que o ônibus se aproxima do ponto de ônibus, o usuário, com o aplicativo gratuito, recebe o aviso sonoro”, continuou o jovem empreendedor, de 27 anos de idade. “Uma vez que a gente se debruça sobre um problema, acaba se deparando com outros problemas. Será que a gente não pode instalar esse mesmo dispositivo em brinquedos? A gente pode promover até uma questão lúdica, educacional.”

Outras opções viáveis, disse Novochadlo, seriam colocar o dispositivo em museus, para a autodescrição das obras, além de hospitais, restaurantes, e shoppings, por exemplo. De acordo com ele, o sistema também poderia ser adaptado para a transmissão em Libras, com vídeos, para a inclusão da pessoa com deficiência auditiva. A sturtup, ressaltou, foi responsável pela organização da tecnologia de acessibilidade do último Rock in Rio. Também doou sensores para o novo aeroporto paranaense, em Guarapuava, que no mês de dezembro deve começar os voos comerciais.

Veever na CMC
Segundo-secretário da CMC, Professor Euler (PSD) disse que a Comissão Executiva “tem interesse em conhecer melhor o projeto, para trazer a tecnologia à Casa”. O órgão diretivo, além dele, é formado pelo presidente e o primeiro-secretário do Legislativo – respectivamente, os vereadores Sabino Picolo (DEM) e Colpani (PSB).   

Também partiu de Euler questionamento ao custo do sistema. Um dispositivo (beacon), segundo Novochadlo, custa cerca de R$ 200, ou pode ser locado. Existe uma taxa mensal, conforme o número de beacons, e a quantidade desses sensores depende do mapeamento prévio do ambiente. Caso a CMC instale a tecnologia, prospectou o jovem, “um servidor poderia ser avisado da chegada da pessoa com deficiência visual”, para recepcioná-la.

Ao propositor da Tribuna Livre, Herivelto Oliveira, Novochadlo respondeu que o alcance da tecnologia varia de 5 centímetros a 250 metros, conforme regulagem. “Onde a Veever quer chegar depois do Rock in Rio? Frente à Urbs, temos buscado um projeto-piloto”, citou. Ainda junto ao poder público municipal, afirmou que está sendo negociada a instalação de sensores no Passeio Público. Também há conversas com shoppings, um estádio e uma universidade.

“Só para reforçar que estivemos na Urbs, junto ao João. Já existe um protocolo de interesse”, comentou o presidente da Comissão de Acessibilidade e Direitos da Pessoa com Deficiência, Pier Petruzziello (PTB). O vereador também é líder do  prefeito na CMC. Segundo ele, o projeto-piloto deve começar com 10 linhas de ônibus. “A última coisa que o João pensa é em ganhar dinheiro com isso. Será a consequência” continuou. “A Veever não surgiu com um propósito financeiro”, reforçou  Novochadlo.

“Creio que Curitiba é um celeiro na questão de tecnologia”, apontou Ezequias Barros (Patriota), que ainda pediu mais informações sobre o sistema disponibilizado a Guarapuava. “É uma alegria para vermos jovens curitibanos desenvolvendo produtos de sucesso”, observou Tico Kuzma (Pros). Para Bruno Pessuti (PSD), há inúmeras possibilidades de upgrade do sistema – como para a identificação, via bluetooth, de cartões pessoais. “É aplicável em todos os setores. Nas escolas também é fundamental”, avaliou Professor Silberto (MDB).

“Isso é um exemplo de cidadania. Um projeto que garante a acessibilidade, a inclusão, que realmente busca o bem comum, para nós é uma alegria. Vejo que poder público não pode se omitir diante disso, se temos uma tecnologia à disposição”, opinou Professora Josete (PT). “Com essa onda de ódio no mundo, se usa a tecnologia apenas para ganhar dinheiro, e muito dinheiro. E as pessoas estão esquecidas. E você, muito jovem, pensando nas pessoas. O financeiro é consequência”, declarou Marcos Vieira (PDT).

Para Mauro Bobato (Pode), este é “o início de um projeto que acho que pode ser um marco à nossa cidade”. Seu colega de partido na CMC, Oscalino do Povo, parabenizou o jovem por “fazer o bem e “transmitir seu saber” em palestras a jovens. Ao palestrar em escolas, comentou Novochadlo, “a gente desmistifica esse fato que o empreendedor tem que ser o cara de gravata”.

Ao finalizar a apresentação, Novochadlo propôs “15 segundos de reflexão”. “A pergunta que fica é”, disse o orador da Tribuna Livre, “se a gente fecha os olhos para os problemas dos outros, quem são os verdadeiros cegos nesse contexto todo?”. Ele ainda destacou, na Veever, o “trabalho formiguinha” dos três jovens: “Nós não somos o Facebook, o Google, uma grande empresa”.