Tribuna Livre aponta turismo de negócios como estratégico para Curitiba crescer
Gislaine Queiroz foi convidada para a Tribuna Livre pela vereadora Carlise Kwiatkowski. (Foto: Rodrigo Fonseca/CMC)
Fortalecer Curitiba como destino competitivo para grandes eventos e feiras foi a tônica da Tribuna Livre realizada nesta quarta-feira (10), na Câmara Municipal de Curitiba (CMC). A presidente do Curitiba Convention & Visitors Bureau, Gislaine Queiroz, destacou que “turismo é economia em movimento”, ao apontar o impacto da atividade na geração de empregos, renda e oportunidades para diferentes setores da cidade. Ela destacou a necessidade de atrair para a cidade um hotel internacional para elevar Curitiba para um novo patamar do turismo de eventos.
O debate, proposto pela vereadora Carlise Kwiatkowski (PL), trouxe representantes do setor turístico para a Câmara de Curitiba. O objetivo foi pedir o apoio dos parlamentares à ampliação das parcerias entre poder público e iniciativa privada. Segundo Gislaine, em 2024 a capital sediou mais de 500 eventos, um aumento de 30% em relação a 2023, confirmando o turismo de negócios como um dos principais motores da economia local, com forte capacidade de gerar receita e atrair investimentos para a capital do Paraná.
Turismo de negócios movimenta a economia de Curitiba
Durante a Tribuna Livre, Gislaine Queiroz ressaltou que o turismo de negócios gera impactos econômicos até três vezes maiores do que o turismo de lazer, com reflexos em toda a cadeia produtiva: hotéis, restaurantes, empresas de transporte, comércio e prestadores de serviços especializados. “O turista de negócios deixa um gasto três vezes maior que o turista de lazer, e esse impacto é fundamental para a cidade”, afirmou, destacando a relevância para as contas públicas e para o ISS arrecadado.
A presidente do Convention acrescentou que, na capital, cerca de 50% dos visitantes vêm motivados por eventos e compromissos profissionais, o que reforça a vocação do município como polo de feiras, congressos e seminários de diferentes áreas do conhecimento. Como exemplo, citou o Congresso Brasileiro de Oftalmologia, com 4 mil participantes que, realizado em paralelo a outros eventos corporativos, resultou na ocupação hoteleira de 100% em Curitiba, movimentando também a gastronomia, os serviços de transporte e a cultura. “Isso demonstra a vocação de Curitiba para sediar grandes eventos”, completou.
Desafios de infraestrutura e oferta de voos no Aeroporto Afonso Pena
Apesar do crescimento registrado, o setor do turismo enfrenta gargalos importantes, diz a presidente do Convention. A ausência de um centro de convenções moderno, com estrutura para receber 10 mil pessoas, e a limitação da rede hoteleira foram apontadas como entraves para atrair eventos de maior porte e com perfil internacional. “Alguns congressos não podem ser realizados aqui porque não temos hotel de bandeira internacional cinco estrelas com mais de 300 apartamentos”, observou Gislaine Queiroz, lembrando que esse é um dos critérios exigidos por organizadores internacionais.
Ela também defendeu a ampliação da malha aérea para permitir maior conectividade com outras regiões do país e do exterior. “Precisamos de novos voos nacionais, especialmente para o Nordeste, e conexões internacionais com Estados Unidos e Europa. A nova pista do aeroporto é uma oportunidade para isso”, disse a presidente do Convention. De acordo com a dirigente, ampliar a infraestrutura permitirá que Curitiba dispute eventos hoje concentrados em São Paulo e Porto Alegre, fortalecendo a imagem da cidade como destino competitivo.
Além disso, Gislaine Queiroz destacou o papel dos meios alternativos de hospedagem, como o Airbnb, que complementam a capacidade da rede tradicional e garantem o acolhimento de grandes volumes de visitantes em períodos de alta demanda. Sem esse complemento, explicou, seria impossível acomodar congressos médicos ou técnicos com milhares de participantes vindos de outros estados.
Parcerias público-privadas e promoção da cidade
Acompanhada de Cristiane Santos, diretora-executiva da Convention, Gislaine Queiroz lembrou que a entidade já conta com mais de 150 associados, representando 25 segmentos distintos da economia local, e atua em sinergia com o Instituto Municipal de Turismo. “Quando a Prefeitura trabalha junto com o setor privado, como acontece com o Curitiba Convention, os resultados aparecem de forma muito concreta”, disse, referindo-se ao aumento no número de eventos e visitantes.
Outro ponto debatido foi a necessidade de reforçar a promoção nacional e internacional da marca Curitiba como destino de turismo inteligente. A presidente explicou que, em diversos eventos fora do país, a cidade já é reconhecida pelo modelo de transporte e mobilidade, mas ainda carece de campanhas consistentes. “Temos que aproveitar a transversalidade do turismo: ele está em tudo, da inovação à gastronomia, da cultura à mobilidade. Cada evento é uma oportunidade de atrair investimentos e prolongar a permanência do visitante”, afirmou.
Ela citou como exemplo a participação recente no Rio Innovation Week, em que Curitiba foi apresentada não apenas como cidade de turismo, mas também como capital da inovação e das startups. Para Gislaine Queiroz, esse tipo de iniciativa amplia a visibilidade internacional, atrai investidores e mostra que a cidade está pronta para receber diferentes perfis de visitantes.
Propostas discutidas por vereadores
Ao longo do debate, vereadores apresentaram questões e sugestões relacionadas ao fortalecimento do turismo local. Renan Ceschin (Pode) destacou a boa imagem de Curitiba no exterior, observada durante sua residência na Europa. Sidnei Toaldo (PRD) ressaltou o potencial do turismo religioso e natural da região metropolitana. Já Pier Petruzziello (PP) questionou quais são os principais desafios estruturais para manter a cidade entre os destinos de destaque do Brasil, enquanto Serginho do Posto (PSD) sugeriu discutir a criação de uma taxa de turismo destinada a um fundo para divulgação da cidade.
Outros vereadores, como Olimpio Araujo Junior (PL), também lembraram que eventos de grande porte, como festivais religiosos e esportivos, movimentam o setor de serviços e precisam do apoio da iniciativa privada e do Convention para serem ampliados. Já Marcos Vieira (PDT) e Meri Martins (Republicanos) perguntaram sobre estratégias para estimular o chamado turismo “bleisure” (a junção dos termos em inglês business e leisure), que une viagens de negócios a experiências de lazer, prolongando a estadia e aumentando a receita local.
Na fase final da atividade, a vereadora Carlise Kwiatkowski agradeceu a presença dos representantes do setor e dos vereadores que participaram do debate. “Tudo isso passa através de uma boa governança. Estamos aqui para ouvir, ser a ‘mão amiga’ do setor privado e ajudar a fazer com que Curitiba se torne cada vez mais protagonista”, disse, reforçando o papel da Câmara de Curitiba no acompanhamento das políticas públicas.
*Notícia revisada pelo estudante de Letras Celso Kummer
Supervisão do estágio: Ricardo Marques
Reprodução do texto autorizada mediante citação da Câmara Municipal de Curitiba