Ressocialização de dependentes químicos é tema de audiência pública na Câmara

por Mariana Aquino*, especial para a CMC. | Revisão: Celso Kummer** — publicado 19/09/2025 14h55, última modificação 22/09/2025 10h53
Vereadores, deputado e representantes da área da saúde e dos direitos humanos debatem a importância de políticas que ressocializam os usuários de drogas em Curitiba
Ressocialização de dependentes químicos é tema de audiência pública na Câmara

Com o tema "Ressocialização na prática: O impacto das drogas nas famílias curitibanas", auditório da CMC recebe vereadores, deputado e secretários da Prefeitura. (Foto: Carlos Costa/CMC)

Com as recentes discussões sobre o impacto das drogas na cidade de Curitiba, o vereador Fernando Klinger (PL) realizou uma audiência pública no auditório da Câmara Municipal de Curitiba (CMC) para debater o processo de ressocialização dos dependentes químicos (407.00029.2025). Com transmissão ao vivo pelo YouTube da CMC, o evento contou com a participação de vereadores da Casa, de um deputado estadual e de representantes das áreas da saúde e dos direitos humanos. 

“Hoje estamos aqui para debater um tema que repercutiu muito na nossa Casa nos últimos dias. Mas é necessário que esse debate aconteça para que a população entenda o impacto das drogas nas suas vidas e na vida das suas famílias. Tudo que conversamos hoje aqui, eu irei pessoalmente levar ao Prefeito para que medidas sejam tomadas o quanto antes”, discursou Fernando Klinger (PL) na abertura da audiência pública. 

Para a vereadora Meri Martins (Republicanos), essa audiência pública foi causada pela indignação da população curitibana em decorrência dos antigos debates levantados sobre o uso de drogas. “É importante que nós mostremos que as drogas matam, destroem as famílias, destroem o usuário. Nós temos visto constantemente pessoas com um futuro brilhante que se perderam no caminho por conta das drogas”, afirmou a vereadora. 

Em complemento à fala de Meri Martins, o vereador Guilherme Kilter (Novo) disse que as drogas não podem estar dentro dos lares curitibanos. “Não podemos permitir que as drogas entrem nas nossas famílias. Esse espaço é destinado a gente fazer um contraponto contra o incentivo às drogas. Eu faço questão de falar isso aqui, nós vereadores, Curitiba e os curitibanos somos contra as drogas. Queremos uma ressocialização com dignidade aos usuários”, disse Kilter. 

>>> Confira álbum completo da audiência pública clicando aqui

Para os parlamentares as drogas são um dos principais problemas da cidade

Em discurso sobre o papel da Prefeitura na reinserção dos dependentes químicos no meio social, a secretária de Desenvolvimento Humano, Amália Tortato, disse: “Nesta gestão do prefeito Eduardo Pimentel nós estamos dispostos a ter uma visão humanista sobre a questão das drogas. Sabemos que é um trabalho árduo, mas a gente tem feito um trabalho forte nesse sentido”. Para a secretaria de Desenvolvimento Humano, os dependentes químicos acabam perdendo vínculo familiar e enfrentam dificuldades para se ressocializar na prática. 

“O problema é o seguinte, a maioria dos dependentes químicos que iniciam os tratamentos estão brigados com a família e aí não tem para onde voltar, por isso nossa gestão está empenhada em continuar criando mais hotéis de apoio. Os Hotéis Nova Morada Vida Nova contam com apoio psicológico e médico para que essas pessoas tenham uma reinserção de qualidade”, complementou Amália Tortato. 

Segundo a vereadora Indiara Barbosa (Novo), os cidadãos curitibanos estão cansados de pedir ações que combatam o uso de drogas na cidade. “Em todos esses anos de vida política, o que eu mais ouço é a população reclamar que não temos políticas eficientes que combatam o uso de drogas na nossa cidade”. Para Indiara, a solução encontrada foi a destinação de mais recursos financeiros, por meio da Comissão de Finanças da CMC, às comunidades terapêuticas. 

“Essa não é uma batalha invencível. Nós acreditamos que é possível vencer. Nós criamos a Frente Parlamentar em Apoio às Comunidades Terapêuticas, Cuidados e Prevenção às Drogas, na Assembléia Legislativa para acompanharmos e fiscalizarmos os programas e as políticas públicas governamentais destinadas à proteção da sociedade. O objetivo é garantir os direitos à vida e à família”, apresentou Gilson de Souza (PL), deputado estadual, as iniciativas da Assembléia Legislativa para o combate às drogas.

Assistência Social de Curitiba investe em prevenção 

De acordo com a representante da Fundação de Ação Social de Curitiba (FAS), Claudia Estoril, a entidade filantrópica olha para a prevenção como o caminho para a redução de danos do impacto das drogas na cidade. “Eu acredito muito na prevenção. Temos que, obviamente, trabalhar em processos interventivos de acordo com o público que estamos lidando. Nós estamos investindo em educação básica, para que as nossas crianças aprendam nas escolas os malefícios das drogas”, disse Claudia Estoril. 

Para o secretário de Segurança Alimentar e Nutricional, Leverci SIlveira, o combate à fome também é um mecanismo de prevenção. “A maioria das pessoas que usam drogas é porque está em estado de desespero, de fome, de falta de nutrientes no corpo. Nós da secretaria de Segurança Alimentar atuamos com a Mesa Solidária com o objetivo de reduzir o número de pessoas que passam fome nas ruas. Se a gente olhar com cuidado para isso, vamos ver que essa é uma grande ferramenta de prevenção para que as pessoas continuem usando drogas para cessar sua fome”, discursou Leverci. 

Além da questão de assistência social e segurança alimentar, a representante da Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba, Flavia Vernizi Adachi, apresentou a importância de ter serviços que atendam às diferentes necessidades de cada indivíduo. “Não dá para falarmos de políticas públicas se a gente não entender que cada indivíduo tem uma realidade com diferentes níveis de complexidade. Então, hoje, nós da secretaria da saúde estamos trabalhando para que os profissionais da área da saúde estejam preparados para atender os usuários no primeiro momento, durante o tratamento e até a ressocialização”, complementou Flavia Vernizi. 

“Eu sei as políticas de ressocialização da Prefeitura e estou me curando”, diz Igor Andrade

“Estou aqui hoje para dar meu depoimento, queria dizer que não é fácil vencer as drogas. Eu luto contra as drogas desde 2019, fui diagnosticado pelos psiquiatras do sistema de saúde da cidade com Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC). Eu sabia que tinha problemas com as drogas, mas não sabia que eu tinha uma doença. Eu sei as políticas de ressocialização da Prefeitura e estou me curando com o apoio delas”, contou Igor Andrade no seu depoimento aos presentes na audiência pública. 

Nos depoimentos seguintes, os presentes na audiência relataram também sobre a importância das comunidades terapêuticas para a sua ressocialização. No encerramento do debate, foi proposto por parte dos vereadores e dos representantes da Prefeitura que as políticas de combate às drogas devem ser feitas em parcerias com todos os órgãos públicos da cidade. 

*Matéria elaborada pela estudante de Jornalismo Mariana Aquino*, especial para a CMC.
Supervisão do estágio: José Lázaro Jr.
Edição: José Lázaro Jr.  

**Notícia revisada pelo estudante de Letras Celso Kummer
Supervisão do estágio: Ricardo Marques