Nova Estratégia de Saúde da Família causa polêmica em plenário

por Assessoria Comunicação publicado 14/03/2018 15h10, última modificação 26/10/2021 09h26

Depois de Maria Leticia Fagundes (PV) defender, nesta quarta-feira (14), a redistribuição das equipes da Estratégia de Saúde da Família (ESF) conforme a vulnerabilidade social das regiões de Curitiba, parlamentares da oposição criticaram as mudanças propostas pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS). “O objetivo da Saúde não é atender os pobres e os carentes? Não entendo a oposição aqui”, disse a vereadora, que concorda com a pasta.

“Quem precisa da ESF são os pobres, os que estão distanciados [dos recursos públicos]. Sabem quem são os vulneráveis? [As unidades do] Tatuquara, Boqueirão, CIC, Caximba, Pantanal, Monteiro Lobato, Capanema, Sambaqui, Pompeia, Uberaba”, defendeu Maria Leticia. Para a parlamentar, algumas unidades de saúde, “bem situadas”, “não precisam mais da Estratégia de Saúde da Família”. “A [unidade] Ouvidor Pardinho tem ESF e atende [pessoas] que estacionam seus Audis e Mercedes”, apontou.

Dizendo que a frase foi “infeliz”, Maria Leticia se corrigiu, sem recuar na defesa da redistribuição das equipes de Saúde da Família, pois Goura (PDT) e Professora Josete (PT) comentaram que existem pessoas sem acesso à saúde complementar na Regional da Matriz, no entorno da Mãe Curitibana, no bairro São Francisco, e ao redor da Unidade Bom Pastor, no Vista Alegre – local que, segundo Felipe Braga Côrtes (PSD), teria sido o primeiro a ter a equipe de Saúde da Família remanejada.

“Na Matriz não tem só pessoas com BMW”, atalhou Goura, que disse que a ESF traz ótimos resultados, pelo jeito proativo como as equipes atuam na comunidade, e que faltava à prefeitura debater mais essa mudança com a comunidade.  “Houve debate”, discutiu Maria Leticia, para quem a conversa sobre as mudanças dentro do Conselho Municipal de Saúde foram suficientes. O argumento provocou Professor Euler (PSD), que rebateu dizendo que “se o Conselho de Saúde funciona como o de Educação, [ele] funciona a mando do Executivo”. A vereadora do PV refutou o comentário.

Para Josete, “não importa se o paciente anda de patinete ou de Audi, a saúde é um direito universal garantido pela Constituição [Federal]”. Ela acha que discorrer sobre “quem precisa e quem não precisa” da ESF tira do Sistema Único de Saúde (SUS) sua principal característica, que é atender a todos os cidadãos. Por isso, a Prefeitura de Curitiba deveria usar diagnóstico feito a partir do Índice de Vulnerabilidade das Áreas de Abrangência das Unidades Municipais de Saúde (Ivab) – calculado pelo Ipardes (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social) – para expandir a rede de atendimento das equipes de Saúde da Família, ao invés de redistribuí-las. “O índice não tem que ser usado para cortar o programa, mas para ver em qual região ampliar o ESF.”

Zezinho Sabará (PDT) manifestou-se favoravelmente ao aumento da ESF nos bairros mais pobres. “A unidade da minha região já atendia um número elevado de pessoas. Agora, com mais loteamentos, aumentaram 3,5 mil usuários na região da unidade. Ficou pior, todo dia tem briga”, reclamou o parlamentar, que vê na mudança uma chance de ampliar o atendimento médico na CIC. “É importante ter um grande número de equipes atuando na periferia”, tinha dito Maria Leticia, para quem as vantagens salariais dadas à ESF só fazem sentido a quem atende em regiões vulneráveis.

“Não é uma disputa do rico e do pobre”, opinou Felipe Braga Côrtes (PSD), que na véspera, com Euler e Josete, disse ter se reunido com moradores do Vista Alegre. “A unidade Bom Pastor existe há 23 anos e foi com muita luta [da comunidade] que ela se tornou uma das melhores do município”, exemplificou. “Se a comunidade não está de acordo, algo tem. [A prefeitura] devia fazer uma reunião com o conselho local de saúde”, sugeriu o vereador. A questão já foi levada pelos moradores, adiantou Côrtes, à Promotoria de Saúde do Ministério Público do Paraná (MPPR).