Mudada regra a capoeira em escolas; desincentivo a canudos é adiado

por Assessoria Comunicação publicado 09/04/2019 14h20, última modificação 05/11/2021 07h56

Com uma defesa emocionada da importância da capoeira nas escolas municipais, Mestre Pop (PSC) apoiou nesta terça-feira (9) o projeto da Prefeitura de Curitiba que corrige, segundo ele, a obrigação dos voluntários serem vinculados à Federação Paranaense de Capoeira. A alteração foi aprovada, de forma unânime, por 29 parlamentares (005.00004.2019). “O poder público não pode exigir isso em lei”, admitiu Pop, dizendo que sugerirá esse cuidado adicional à Secretaria Municipal de Educação (SME).

O tom desse debate foi diferente do ocorrido momentos antes no plenário da Câmara Municipal de Curitiba (CMC), quando Maria Leticia Fagundes (PV) e Pier Petruzziello (PTB) divergiram sobre o  adiamento, por seis sessões, do projeto de lei que desincentiva o uso de canudos e copos de plástico na cidade. Autora da proposição, Maria Leticia classificou de “vergonhoso” o adiamento, falando em “intimidação” e “falta de consciência”, pela base de apoio à prefeitura, quanto às questões ambientais.

Líder do Executivo, Petruzziello disse que o objetivo do adiamento era “melhorar a proposição”, pois comerciantes de bairro estariam preocupados com uma eventual proibição dos canudos e copos plásticos. “Não havia necessidade de agredir os vereadores [da base] num projeto de canudinho”, afirmou o parlamentar, “Não foi [voto] contrário. É normal na Câmara pedir prazo”, defendeu-se, para depois questionar se Maria Leticia conhecia a realidade da periferia. “Como é que vamos mexer com esses comerciantes?”, questionou. O adiamento foi defendido por Ezequias Barros (PRP) e Tico Kuzma (Pros).

É que originalmente a proposta de Maria Leticia (005.00079.2018) previa multa de R$ 2 mil a quem não oferecesse aos clientes opções para os copos e canudos de plástico, mas isso foi retirado do substitutivo geral (031.00089.2018).  O texto a ser votado em plenário previa apenas a criação de um selo chamado “Consciência Coletiva”, a ser dado ao comércio que substituir canudos e copos plásticos descartáveis por produtos menos poluentes, preferencialmente reutilizáveis ou biodegradáveis. Professora Josete (PT), Bruno Pessuti (PSD) e Professor Euler (PSD) citaram essa mudança ao defender que a matéria fosse votada hoje.

Capoeira nas escolas
“Quando eu presidi a Federação [de Capoeira], fizemos um convênio com a SME e se passou a exigir [de quem ensina capoeira nas escolas], além do diploma de capoeira, também o curso de primeiros socorros, formação em recreação para crianças e [certidão de] antecedentes criminais”, relatou Mestre Pop. “Eram 80 profissionais dando aula. Depois, eram 22, mas não tivemos mais problemas” disse. Professor Silberto (MDB), que foi diretor de escola, disse compreender a preocupação de Pop com a segurança de quem é autorizado a trabalhar dentro do colégio. “Se a escola tem mil alunos, são mil filhos que você tem ali. É uma responsabilidade muito grande”, afirmou.

O relato de Mestre Pop sobre como ele julgava gratificante o ensino de capoeira às crianças, e como isso pode se converter em uma atividade de formação humanística – citou a adaptação da cantiga “Zum, zum, zum, capoeira mata um” para “zum, zum, zum capoeira é pra mais um”, por exemplo – recebeu elogios da Professora Josete. Ela também rememorou seus tempos em sala de aula e defendeu o envolvimento da comunidade. “A escola pública tem que acolher, tem que conhecer esse jovem e ter um currículo que reflita as necessidades da comunidade”. “Precisamos de professores que possam misturar a sua história com a dos alunos”, acrescentou Osias Moraes (PRB), falando de uma escola mais inclusiva. “As crianças adoram capoeira”, completou Maria Manfron (PP).

Primeiros turnos
Foi aprovado, em primeiro turno, projeto de Serginho do Posto (PSDB) que declara de utilidade pública o Instituto Integração, Prevenção e Resgate Social Aparecido Marchione (IAM), ao alterar a lei municipal 12.500/2007, que concedia esta classificação à Associação de Moradores Jardim Bela Vista, no Tatuquara (015.00004.2018 com substitutivo geral 031.00002.2019). O parlamentar indicou que fará o debate da matéria nesta quarta, em segundo turno.

Também teve voto favorável projeto de Petruzziello que homenageia Rosemay Ortolani com o título de Cidadã Honorária de Curitiba (006.00014.2018). Graduada em Arquitetura e Urbanismo, atualmente é diretora na Associação Brasileira de Escritórios de Arquitetura, além de fazer parte da coordenação técnica da Mostra Mueller Ecodesign, projeto que buscou apresentar aos clientes do referido shopping, forma educativa, a sustentabilidade.

Segundos turnos
O plenário confirmou o projeto de lei que homenageia Constantina Gabardo, indicada por Oscalino do Povo (Pode) para denominar um bem público (009.00022.2018). Segundo o parlamentar, ela era filha de imigrantes italianos e nasceu em Curitiba em 1917. A família foi uma das pioneiras no desenvolvimento no bairro Água Verde. De acordo com o vereador, ela sofreu muita discriminação na época, por ser mulher e trabalhar fora de casa “visto que foi uma das precursoras na defesa dos direitos das mulheres e na luta pela igualdade de gênero no município de Curitiba”.

Também foi aprovado em segundo turno o projeto que autoriza o Poder Executivo a alienar em favor de Ribeiro Patrimonial Administração e Participações terreno no Boa Vista (005.00006.2019). Professora Josete, mesmo sem discordar da proposição, usou a tribuna para repassar os principais aspectos da proposta. “É ruim para a Câmara, enquanto instituição, quando um projeto passa [pelo plenário] sem discussão nenhuma. Temos que fazer com que a sociedade entenda a importância do parlamento”.