Melhorias no manejo e destinação do lixo são debatidas em audiência

por Assessoria Comunicação publicado 25/10/2017 17h40, última modificação 21/10/2021 10h39
“O lixo não existe”, foi o que afirmou a bióloga e ativista da ONG Coletivo Lixo Zero, Katiani Merhy, em audiência pública nesta quarta-feira (25), na Câmara de Curitiba, quando explicava que se pode aproveitar quase tudo o que é descartado hoje. Entre diversos assuntos, foram discutidas formas de melhorar a coleta, a separação dos resíduos e a destinação adequada dos materiais. “Lixo é quando você mistura o que pode ser reciclado com material orgânico e aquilo que é rejeito e tudo se torna uma "meleca" que não dá para separar mais”, explicou Katiane.

A audiência foi promovida pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara Municipal. Quem fez a abertura do evento foi a presidente do colegiado, Fabiane Rosa (PSDC), e a condução dos trabalhos foi do vice, Goura (PDT). O objetivo da reunião foi apresentar os resultados das discussões do Fórum Curitiba Lixo Zero, realizado nos dias 9 e 10 de outubro, e faz parte das atividades da Semana Lixo Zero Curitiba, que vai de 20 a 29 deste mês.

Segundo a advogada Flávia de Sá Sotto Maior, também do Coletivo Lixo Zero, os principais eixos de trabalho levantados pelo Fórum dizem respeito à logística dos resíduos, à educação da população, à implantação de políticas públicas voltadas ao tema e à preservação ambiental. “Nosso objetivo é que até 2030 não utilizemos mais nada descartável, que possamos trocar tudo por materiais retornáveis ou biodegradáveis”. Ela destacou ainda a necessidade do poder público em dar condições do uso da compostagem dos resíduos orgânicos em grande escala.

Flávia apontou que cabe aos governos oferecerem incentivos à manutenção de recicladoras de todos os tipos de materiais, principalmente aos de baixa reciclabilidade, como o vidro. “Em Curitiba não temos nenhum equipamento [desse porte]. Hoje precisamos enviar nosso vidro para São Paulo”, conta. Ela sugeriu ainda consórcios intermunicipais para a criação de pátios de compostagem para tratamento de resíduos orgânicos em larga escala.

Cooperativas de catadores
Outro tema que surgiu durante o audiência foram as usinas de reciclagem e as cooperativas de catadores. Sobre isso, o superintendente de controle ambiental da Secretarial Municipal do Meio Ambiente, Edélcio Marques dos Reis, informou que hoje há 22 cooperativas em Curitiba e que há a previsão da inauguração de mais uma, planejada após o encerramento das atividades do IPCC (Instituto Pró-Cidadania de Curitiba) – entidade que atendia pessoas em situação de vulnerabilidade social. Segundo Reis, a administração tem cuidado com “carinho e atenção” dos catadores.

Questionado sobre o volume de resíduos recicláveis coletados pelo município, Edélcio informou que mensalmente são recolhidos 1,8 mil toneladas, contra 3,5 mil toneladas coletadas no início da campanha, no final da década de 1980. Um dos motivos apontados para essa diminuição seriam os veículos particulares que fazem esse recolhimento de materiais. “Hoje levantamos que existem 590 veículos fazendo coleta, eles retiram a maior parte. Quando a prefeitura chega, eles já levaram”. Segundo a estimativa de Edélcio, seriam 9 toneladas de recicláveis a serem captadas. “Hoje estudamos como abordar esse sistema. Porque proibir não podemos”, disse.
 
Presidente da Comissão de Urbanismo, Obras Públicas e Tecnologias da Informação da Câmara, Helio Wirbiski (PPS) também frisou o conceito de logística reversa, já que “poucas vezes se sabe o que isso significa”. Ele citou o evento do dia 21 de outubro, em que foram recolhidas 8 toneladas de lixo eletrônico na praça Santos Andrade, atividade que fez parte da Semana Municipal do Lixo Zero, estabelecida pela lei municipal 14767/2015, de sua autoria. “É o primeiro ano da lei e já temos resultados razoáveis. Temos condições de potencializar os resultados dessa norma”, disse.

Felipe Braga Côrtes (PSD) alertou sobre aos resíduos da construção civil. “Custa barato descartar na beira do asfalto, nos fundos de vale”, citando o descarte irregular de caliça. “Foi difícil montar a lei [que cria o programa de gerenciamento de resíduos da construção civil] para fazê-la se tornar real”, conta sobre o norma 11.682/2006.

Dentre vários temas discutidos na audiência, o modo de consumo e o padrão de vida foram citados pelo vereador Goura. “Desde andar a pé, de bicicleta, o uso de canudos de plástico. Pequenos hábitos que fazem a diferença quando pensamos em grande escala”. Também foram levantados pontos como fomento ao programa da prefeitura Câmbio Verde (troca de material reciclável por hortigranjeiros), incentivo ao trabalho dos catadores e ações voltadas à despoluição do meio ambiente.

Além de representantes da sociedade civil organizada, empresas e poder público, também estiveram presentes os vereadores Mauro Bobato e Oscalino do Povo, ambos do Pode, Katia Dittrich (SD), Marcos Vieira (PDT), Osias Moraes (PRB).