Instituto Paranaense de Cegos anuncia obras e busca captar R$ 7 mi
Enio da Rosa, do IPC, pediu apoio dos vereadores para concluir obras no instituto. (Fotos: Rodrigo Fonseca/CMC)
A Tribuna Livre da Câmara Municipal de Curitiba (CMC) recebeu, nesta quarta-feira (15), o diretor-geral do Instituto Paranaense de Cegos (IPC), Enio Rodrigues da Rosa, para apresentar o projeto de reestruturação e ampliação da instituição, que há 86 anos atua na inclusão de pessoas com deficiência visual. O convite foi feito pelo vereador Marcos Vieira (PDT), que ressaltou a importância do IPC e o compromisso da Câmara com a causa da acessibilidade. “São mais de oito décadas de trabalho, e o prédio precisa se adequar às normas atuais. Nosso objetivo é garantir que o Instituto continue cumprindo sua missão com dignidade e modernidade”, afirmou o parlamentar.
O plano de obras prevê investimentos de R$ 7 milhões para ampliar os espaços e torná-los totalmente acessíveis. O novo bloco substituirá a antiga quadra coberta e abrigará rampas, elevador, sinalização tátil, estacionamento subterrâneo e ginásio preparado para esportes adaptados, além de painéis solares e captação de água da chuva. “Esperamos concluir todas as reformas no próximo ano, com o apoio da Câmara e das emendas parlamentares que têm sido decisivas para o nosso avanço”, explicou Rosa. Desde 2012, o IPC já recebeu R$ 1,115 milhão em emendas de vereadores da CMC, aplicadas em melhorias estruturais como rampas, passarelas e a troca integral da cobertura da instituição de longa permanência para idosos cegos.
Tamanho atual e atendimentos do IPC
O IPC atende 190 estudantes no Centro de Atendimento Educacional Especializado, oferecendo cursos de Braille, informática acessível, mobilidade e atividades artísticas e esportivas, além de manter uma instituição de longa permanência (ILPI) para 23 idosos cegos. Rosa destacou que o perfil do público tem envelhecido, exigindo novas estratégias de acolhimento. “O envelhecimento populacional tem aumentado o número de pessoas que perdem a visão na velhice. Nosso trabalho é garantir que elas recuperem autonomia e qualidade de vida”, afirmou.
Durante o debate, os vereadores Tiago Zeglin (MDB), Bruno Rossi (Agir), Fernando Klinger (PL), João 5 Irmãos (MDB) e Meri Martins (Republicanos) elogiaram a atuação do IPC e levantaram questões sobre o número de atendimentos, o diálogo com o Executivo e os desafios da acessibilidade urbana. Em resposta, Rosa destacou que o relacionamento com a Secretaria Municipal do Desenvolvimento Humano tem sido “muito bom, com total apoio técnico e institucional”. Ele também registrou a visita do prefeito Eduardo Pimentel, “a primeira de um prefeito eleito em mais de meio século”, e detalhou as principais pautas apresentadas ao Executivo.
Pautas e desafios apresentados ao Executivo
Uma das pautas do IPC, segundo o diretor, trata da ampliação da Instituição de Longa Permanência (ILPI), que atualmente abriga 23 pessoas idosas cegas, mas enfrenta fila de espera. “Curitiba tem um número crescente de idosos que perdem a visão, e é urgente ampliar as vagas de acolhimento”, disse Rosa. Ele informou que o IPC pediu à Prefeitura a revisão do valor per capita repassado para a manutenção da ILPI, de modo a cobrir os custos crescentes com alimentação, cuidados e adaptação do espaço.
Outra pauta envolve a acessibilidade das calçadas. Rosa elogiou o programa municipal de recuperação de 500 quilômetros de calçadas, mas alertou que “não basta construir, é preciso garantir que elas sejam acessíveis e livres de obstáculos”. O IPC defende que as pessoas com deficiência participem das discussões técnicas sobre o traçado e a fiscalização das rotas. “Calçada é o espaço mais público da cidade. Todo mundo usa, mas é também o mais malcuidado. É fundamental que este Legislativo acompanhe se as novas obras cumprem as normas e estejam realmente acessíveis”, observou.
O terceiro ponto da pauta foi a inclusão dos alunos do IPC no SITES (Sistema de Transporte para a Educação Especial). O serviço, explicou Rosa, hoje se limita a transportar estudantes de escolas especializadas, deixando de atender instituições de reabilitação como o IPC. “Quando uma pessoa perde a visão, o impacto imediato é na mobilidade. Sem transporte, muitos não conseguem sair de casa para o processo de reabilitação. O SITES precisa contemplar também nossos estudantes”, afirmou, acrescentando que a entidade acompanha o tema por via administrativa e judicial.
No encerramento da Tribuna Livre, Rosa reforçou o pedido de apoio parlamentar e convidou os vereadores para o Café do IPC, em 23 de outubro, ocasião em que pretende apresentar os avanços das obras. “Viemos para agradecer, mas também para pedir que cada um avalie a possibilidade de destinar alguma emenda para que possamos finalizar tudo o que falta. O IPC está de portas abertas — seja para o café, seja para continuar transformando vidas”, concluiu.

*Notícia revisada pelo estudante de Letras Celso Kummer
Supervisão do estágio: Ricardo Marques
Reprodução do texto autorizada mediante citação da Câmara Municipal de Curitiba