Em votação simbólica, Câmara de Curitiba acata moções de repúdio

por Assessoria Comunicação publicado 11/10/2017 17h25, última modificação 21/10/2021 09h29
Nesta quarta-feira (11), em votações simbólicas consecutivas, a Câmara de Curitiba aprovou as duas moções de repúdio debatidas na véspera (leia mais). Uma delas, à revista Veja, pelo artigo intitulado “Essa gente incômoda", que parlamentares evangélicos consideraram uma “ofensa” (060.00013.2017); a outra, à exposição “Queermuseu” (060.00014.2017).

As votações simbólicas são realizadas sem o uso do painel eletrônico, por “contraste visual”, então não há registro do posicionamento de cada vereador – a não ser, no segundo caso, quando Goura (PDT) e Jairo Marcelino (PSD) tiveram seu desacordo registrado por Tico Kuzma (Pros), 1º vice-presidente, que então dirigia a sessão plenária.

Protocolada por Noemia Rocha (PMDB), a moção de repúdio à Veja foi assinada por Cristiano Santos (PV), Dona Lourdes (PSB), Dr. Wolmir Aguiar (PSB), Fabiane Rosa (PSDC), Katia Dittrich (SD), Maria Manfron (PP), Mauro Bobato (Pode), Mestre Pop (PSC), Oscalino do Povo (Pode), Osias Moraes (PRB), Professor Silberto (PMDB), Sabino Picolo (DEM), Marcos Vieira, Toninho da Farmácia, Zezinho Sabará, os três do PDT. A outra, do Queermuseu, também registrada pela vereadora do PMDB, teve menos apoiamentos: Ezequias Barros (PRP), Fabiane Rosa, Marcos Vieira, Osias Moraes, Professor Silberto e Tito Zeglin (PDT).

“Família muda”
O debate da véspera, quando as assinaturas foram coletadas, foi retomado por Maria Leticia Fagundes (PV) do ponto em que se discutia a definição de família, que para ela “muda ao longo dos anos”. A vereadora defendeu que questões como a mudança do comportamento da mulher na sociedade, reprodução assistida e os anticoncepcionais contribuem para isso.

“Falamos aqui de moralidade, como se isso justificasse até a liberdade de expressão. Falamos de família. Eu tenho família, tenho um filho, que é um homem bem educado, preparado. E sou uma pessoa preocupada com a abertura do pensamento. E a família não é um único modelo”, declarou. “Como a gente vai ter uma sociedade pluralista se a gente não entender a diversidade? São aceitos hoje casamentos homossexuais, isso não deixa absolutamente de ser família”, avaliou Maria Leticia.

“Se é uma sociedade igualitária que desejamos para nossos filhos e filhas, essa será atingida pela superação de preconceitos e do uso da tecnologia a nosso favor”, disse a vereadora do PV. Osias Moraes (PRB) respondeu que “nós entendemos, sim, que há vários tipos de famílias, e não estamos aqui para denegrir”. No entanto, ponderou que “o Estado existe hoje por conta da família” e “querer que nós venhamos aceitar que a pessoa nasce diferente do que realmente é não dá”.

Osias Moraes rebateu, em discurso durante as explicações pessoais, nota da coluna de Fábio Campana, publicada na edição dessa terça (10) do Diário Indústria e Comércio, sobre críticas dele e de Thiago Ferro (PSDB) à exposição "Imagem em profusão – Intersecções da colagem expandida", atividade da Bienal de Curitiba (leia mais). “O que o intelectual Moraes concebe como arte? Alguém sabe dizer?”, diz o texto de Campana.

“Vou lhe responder”, disse Osias. “Sabe o que o intelectual Moraes concebe como arte? Nada, eu não conheço nada de arte, mas uma coisa eu conheço bem, jornalista. Eu sei que isso aqui é a mão direita e isso aqui é a mão esquerda. Eu sei o que os olhos veem, e eu sei definir o que é pornografia e o que é arte.” O parlamentar continuou que “se eu tiver que fazer uma faculdade para definir o que é pornografia e o que é arte, fique você com sua intelectualidade”.