Eleição da Mesa Diretora da CMC para o biênio 2021-2022 é discutida em plenário

por José Lázaro Jr. — publicado 15/12/2020 17h00, última modificação 15/12/2020 19h50
O debate mobilizou oito parlamentares, por aproximadamente 45 minutos. A eleição da Mesa Diretora só acontecerá em 2 de janeiro, um dia após a posse dos vereadores.
Eleição da Mesa Diretora da CMC para o biênio 2021-2022 é discutida em plenário

Eleição da Mesa Diretora acontecerá no dia 2 de janeiro. (Foto: Rodrigo Fonseca/CMC)

Advertências do vereador Serginho do Posto (DEM) ao pregão eletrônico 22/2020, por meio do qual a Câmara Municipal de Curitiba (CMC) planeja adquirir novo mobiliário para o Legislativo, por um valor de até R$ 2,9 milhões, anteciparam a discussão sobre a sucessão da direção da CMC para o biênio 2021-2022. O debate mobilizou oito parlamentares, por aproximadamente 45 minutos (confira aqui). A eleição da Mesa Diretora só acontecerá em 2 de janeiro, um dia após a posse dos reeleitos e dos novos vereadores.

Ex-presidente da CMC no biênio 2017-2018, Serginho do Posto questionou a necessidade da despesa na conjuntura da pandemia do novo coronavírus. “O orçamento existe e não estou questionando a licitude, mas o momento. Qual a necessidade [dos gastos com mobiliário]? Não podemos concorrer com o Palácio de Versalhes, aqui é o Palácio Rio Branco, a Casa do Povo, [é um] Legislativo municipal que precisa atender as demandas da sociedade e da população, que passa por grandes dificuldades”, opinou o parlamentar.

“Em outro momento, eu poderia entender [a compra do mobiliário], mas agora não dá. O momento pede prudência, pois o Município vai ter que fazer um esforço muito grande para entregar serviços para a população”, complementou, após queixar-se mais genericamente de outras despesas da atual Mesa Diretora, presidida pelo seu correligionário de Democratas, Sabino Picolo, ausente da sessão por estar se recuperando da covid-19. A réplica foi feita pelo segundo-secretário da Mesa, Professor Euler (PSD), para quem a escolha do tema está relacionada à eleição da Mesa Diretora, ainda que Serginho do Posto não a tenha abordado na sua fala.

“Passaram dois anos usufruindo da modernização, mas agora, num período pré-eleitoral da Mesa, acredito que, querendo, um ou outro, ser candidato, o que é lícito, pois todos podem querer ser candidatos, agora resolveram partir para ataques infundados”, respondeu Euler. “O mobiliário pode parecer algo menor, mas não é. Foi realizado um estudo científico sobre ergonomia [na CMC] e quais os impactos disto na produtividade dos servidores”, justificou o parlamentar, alertando para o “grande número de afastamentos” de servidores do Legislativo anteriormente.

“Nesta gestão diminuímos significativamente o número de servidores afastados por motivos de saúde, de saúde mental, pois demos melhores condições para essas pessoas trabalharem. É um clima organizacional muito melhor. O que para alguns pode parecer bobeira, para outros é uma questão que reflete na saúde. É legal economizar, mas existem economias literalmente 'burras'. A economia que gera depois um custo muito maior na saúde das pessoas, no absenteísmo”, continuou Euler.

Para exemplificar seu ponto de vista, o vereador Euler deu o exemplo da reforma das salas administrativas entre os anexos 1 e 2, que agora estão tendo o telhado trocado, dentre outras melhorias. “Poderia ser feita em outro momento? Sim, poderia. Poderia, quer dizer, deveria ter sido feita na gestão anterior, porque é um prédio com goteiras, que não permite aos servidores um bom trabalho. Mas não foi feito, justamente para dizer que 'nós economizamos tantos milhões de reais'”, comentou. “Como diria o prefeito Rafael Greca, se não sabem fazer, deixa que a gente faz. Foi isso que aconteceu na comparação das duas gestões”, acrescentou.

“A eleição da Mesa movimenta, sim”, admitiu Mauro Bobato (Pode), que antes tinha apoiado a reclamação de Serginho do Posto. “As melhorias são bem-vindas”, contemporizou o vereador, para depois criticar outro aspecto da Mesa. “Para fazer tem que ter atitude, mas tem que ter democracia para explicar. Eu não vi colégio de líderes funcionar. Podiam falar da intenção da modernização, nem que fosse um ofício, um e-mail. Os dados são públicos, mas a Mesa deveria informar o que está fazendo”, defendeu.

Osias Moraes (Republicanos) elogiou a modernização da Casa, mas também se queixou desta falta de comunicação atribuída à Mesa Diretora, num ponto em comum com a vereadora Professora Josete (PT), que o sucedeu na fala. Ambos concordam que os parlamentares deveriam participar mais das decisões sobre a gestão administrativa da CMC, a começar por uma convocação mais frequente do Colégio de Líderes. Josete cobrou ainda que as candidaturas à Mesa estejam pautadas em “um projeto para a CMC”, que ela gostaria que contemplasse “a abertura da Casa à participação popular”.

Dizendo não defender o presidente Sabino Picolo, Herivelto Oliveira (Cidadania) elogiou os últimos dois anos da administração da CMC. “Eu entrei na CMC em 2019 e vi uma evolução muito grande na questão dos equipamentos, de reformas que precisavam ser feitas. Tínhamos goteiras em vários pontos. É preciso lembrar que é um prédio antigo e histórico, que precisa estar com a manutenção em dia. Eu percebi trabalho”, afirmou. Para Ezequias Barros (PMB), a atual Mesa teve “coragem para fazer as mudanças necessárias”. Ele comentou que em seu gabinete há mesas deterioradas e cadeiras de vários tipos, sem o cuidado ergonômico.

Único vereador não-reeleito a participar do debate, Paulo Rink (PL) comentou que foi presidente da Comissão da Economia tanto na presidência de Serginho do Posto, quanto nesta, de Sabino Picolo, e que se pudesse votar em 2021, ficaria ao lado da modernização da CMC. Ele criticou a devolução do Fundo Especial da Câmara, de R$ 56 milhões, há cinco anos, e a tentativa de, de 2018 para 2019, antecipar a devolução de recursos ao Executivo. “Nada pessoal contra o Serginho, mas ali na Comissão [de Economia] conseguimos manter a independência [financeira] da CMC [em relação ao Executivo”. Ele destacou que na gestão Serginho, as emendas parlamentares foram no valor de R$ 500 e R$ 600 mil, enquanto com Picolo foram de R$ 1 milhão e R$ 850 mil, “com conversas claras e transparentes”.