Curitiba terá Campanha de Conscientização sobre Climatério

por Fernanda Foggiato | Revisão: Ricardo Marques — publicado 13/10/2025 11h35, última modificação 13/10/2025 11h53
Projeto para instituir a Campanha Municipal de Conscientização sobre o Climatério foi aprovado em 1º turno unânime.
Curitiba terá Campanha de Conscientização sobre Climatério

Autora da proposta, a vereadora Rafaela Lupion alertou à desinformação sobre o climatério. (Foto: Rodrigo Fonseca/CMC)

Em primeiro turno unânime, com 25 votos positivos, o plenário da Câmara Municipal de Curitiba (CMC) aprovou projeto de lei com o objetivo de instituir a Campanha Municipal de Conscientização sobre o Climatério no calendário oficial de eventos da capital paranaense. “A gente pode perceber que muitas mulheres não têm ciência do que se trata o período do climatério, que consiste num período de um terço da vida da mulher. É muita coisa, são muitos anos e as pessoas acabam não tendo ciência”, alertou a autora, a vereadora Rafaela Lupion (PSD), na manhã desta segunda-feira (13), durante a discussão da proposta.

Lupion exibiu um vídeo em plenário que comprova o desconhecimento sobre a questão. “A cada 10 mulheres que eu abordei, que eu indaguei se têm ciência do que é o climatério, apenas 3 têm ciência e 7 pessoas desconhecem o termo, inclusive”, pontuou. A vereadora explicou que o climatério, fase marcada pela transição hormonal para a menopausa, afeta milhões de mulheres no Brasil, e pode ser associado a sintomas físicos e psicológicos, muitas vezes negligenciados.

Tais sintomas, discorreu a autora, podem incluir depressão, irritabilidade, tonturas, palpitações, suores noturnos, distúrbios menstruais, diminuição da libido, desconforto durante as relações sexuais, diminuição do tamanho das mamas e perda da firmeza, diminuição da elasticidade da pele, principalmente da face e pescoço, aumento da gordura circulante no sangue e aumento da porosidade dos ossos.

O projeto de lei propõe que as ações alusivas à data sejam realizadas anualmente, prioritariamente ao longo de outubro. O mês escolhido para a Campanha Municipal de Conscientização sobre o Climatério faz alusão ao Dia Mundial da Menopausa, celebrado em 18 de outubro. A ideia é conscientizar, por meio de atividades educativas, palestras, distribuição de materiais informativos e ações preventivas e afirmativas de saúde, sobre as mudanças físicas e emocionais associadas ao climatério.

A campanha também pretende disseminar informações sobre como tratar as alterações e desconfortos; reduzir estigmas associados ao climatério; e garantir o bem-estar e a saúde integral da mulher. A ideia é que as ações sejam multissetoriais, com a participação das secretarias municipais da Saúde (SMS), de Educação (SME), da Mulher e Igualdade Étnico-Racial (Smir) e de Desenvolvimento Humano (SMDH), além da Fundação de Ação Social (FAS) e a parceria com outros órgãos públicos, o Terceiro Setor e a iniciativa privada.

O texto aprovado em primeiro turno foi o substitutivo geral à redação original da proposta (005.00355.2025 e 031.00146.2025). A iniciativa retorna à ordem do dia, na sessão desta terça (14), para a confirmação em plenário.

Vereadoras reforçam desinformação sobre o climatério

Chamando a atenção para o envelhecimento da população, a vereadora Rafaela Lupion reforçou o convite para audiência pública nesta segunda, das 14h30 às 17h, com o tema "Climatério: os impactos na saúde feminina e um desafio para o serviço público". O debate contará com a presença de especialistas no tema e será transmitido, em tempo real, pelo YouTube da Câmara de Curitiba.

Ainda no debate da proposta de lei, a Delegada Tathiana Guzella (União) concordou que há poucas informações disponíveis sobre o climatério. Meri Martins (Republicanos) chamou a atenção para o olhar feminino na política. “É um momento de transição da nossa vida de mulher e nós vimos [no vídeo exibido por Rafaela Lupion] a desinformação”, reforçou. 

Relatora do projeto de lei na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Camilla Gonda (PSB) pontuou que, no Brasil, a média de idade da menopausa é de 48 anos e que apenas metade das mulheres recebe algum tipo de acompanhamento neste período. “A gente tem também um estudo, realizado aqui em Curitiba, que verificou uma grande carência de informação a respeito do climatério”, mencionou a vereadora.

Lembrando que os sintomas impactam toda a família, Carlise Kwiatkowski (PL) defendeu que o climatério precisa ser tratado como uma questão de saúde pública. Vanda de Assis (PT) observou que a rede pública de saúde precisa “receber investimentos e condições de recursos humanos” para que haja o acolhimento e o bom atendimento das mulheres.

Giorgia Prates - Mandata Preta (PT) sugeriu que a campanha também seja voltada às mulheres negras. “Alguns estudos dizem que as mulheres negras, por exemplo, entram nesta fase antes até dos 40 anos”, observou. Na avaliação de Indiara Barbosa (Novo), a campanha poderá aprimorar as políticas públicas da área da saúde. Laís Leão (PDT) focou na importância do conhecimento dos diferentes ciclos femininos.

Vereadores de Curitiba também participaram da discussão do projeto de lei. Renan Ceschin (Pode) frisou a necessidade da empatia masculina com suas parceiras. “A participação dos homens é de suma importância”, citou. Os vereadores Marcos Vieira (PDT) e Pier Petruzziello (PP), seguindo a mesma linha de raciocínio, destacaram o papel das campanhas educativas no combate à desinformação e do apoio dos homens à saúde integral da mulher.