Concedida cidadania in memoriam ao arquiteto e urbanista Jorge Wilheim

por Assessoria Comunicação publicado 23/10/2018 12h45, última modificação 29/10/2021 07h21

Na manhã desta terça-feira (23), a Câmara Municipal de Curitiba (CMC) aprovou, em primeiro turno, o título de Cidadão Honorário de Curitiba ao arquiteto, urbanista e gestor público Jorge Wilheim. De iniciativa da Comissão de Urbanismo, Obras Públicas e Tecnologias da Informação, a proposta é a primeira concessão de cidadania honorária "in memoriam" feita pelo Legislativo. A matéria (006.00006.2018, com substitutivo geral 031.00074.2018) foi aprovada com 29 votos favoráveis. Estavam presentes à sessão plenária o arquiteto Ronaldo Duschenes, ex-presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU-PR) e o arquiteto e historiador Fabio Batista. Goura (PDT), integrante do colegiado de Urbanismo, leu em plenário uma carta encaminhada por Ana Maria Wilheim, filha do homenageado.

A mensagem lembra que Wilheim nasceu em Trieste, na Itália, em 23 de abril de 1928. Veio para o Brasil 11 anos depois, fugindo do fascismo. “No Brasil se dedicou genuinamente ao exercício do bem comum, da construção de políticas públicas inclusivas por meio do planejamento para o desenvolvimento social, econômico e físico de diversas cidades, especialmente do estado de São Paulo”, diz a carta. Ainda de acordo com a filha, o homenageado “sempre considerou as cidades como palcos onde a sociedade atua com suas contradições e entendia que os gestores públicos deveriam ser agentes mediadores dessas forças”. Para Goura, Curitiba fez parte da vida do homenageado. “Planejar e montar toda a estratégia para o processo de desenvolvimento urbano de Curitiba foi sua grande realização”.

Jorge Wilheim legou o Parque Anhembi (1967-73); os projetos de reurbanização do Vale do Anhangabaú (1981-91); e do Pátio do Colégio, sítio da fundação de São Paulo (1975). Na década de 1950, projetou uma nova cidade para 15 mil pessoas no Mato Grosso: a cidade de Angélica. Foi responsável por mais de 20 planos urbanísticos, destacando-se os de Curitiba, Goiânia, Natal, São Paulo, Campinas e São José dos Campos, entre dezenas de outras cidades. Em Curitiba, em 1966, ele propôs o Plano Preliminar de Urbanismo que serviria de base para o Plano Diretor da cidade elaborado pela equipe do então recém-criado Ippuc (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba). Wilheim propôs a urbanização da cidade com base no tripé transporte coletivo/sistema viário/uso do solo. Ele também previu o crescimento linear, mudando a proposta concêntrica desenvolvida no Plano Agache, em 1943.

Destacou-se como secretário geral adjunto da divisão da ONU para a realização da Conferência Global sobre Assentamentos Humanos - Habitat 2, na organização do grande encontro com quase 200 países representados em Istambul (1996); participou das reuniões preparatórias da Conferência de Estocolmo (Suécia); e foi, durante anos, o representante brasileiro na Comissão de Urbanismo da União Internacional dos Arquitetos, órgão assessor da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). “Wilheim se destacou como um dos mais importantes e visionários urbanistas brasileiros. Por mais de seis décadas, trabalhou e desenvolveu seu conhecimento sobre a dinâmica urbana, desenvolvendo soluções inovadoras em prol da qualidade de vida nas cidades e metrópoles em desenvolvimento”, finalizou Goura.

Apartes
Em aparte a Goura, Julieta Reis (DEM) destacou que Jorge Wilheim faz parte da história do planejamento urbano de Curitiba. “Não só na sua elaboração, como também na sua continuidade, haja vista ter sido o responsável pela criação da equipe que depois viria a constituir o IPPUC”, disse a vereadora. Para Helio Wirbiski (PPS), presidente da Comissão de Urbanismo, “preservar o legado de Wilheim é preservar nossa história”. Ele lembrou que o plano elaborado pelo urbanista previa o zoneamento da cidade. “E agora, em 2018, iremos novamente votar a lei de zoneamento de Curitiba”, lembrou ele.

Também em apoio à homenagem póstuma, Professora Josete (PT) disse que trajetória do arquiteto orgulha os cidadãos curitibanos. “Quando um nome é indicado pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo, sabemos que a indicação procede, que se trata de uma justa homenagem”. Maria Manfron (PP) parabenizou Goura e a Comissão de Urbanismo pela iniciativa. Para Tito Zeglin (PDT), “é graças a esse tipo de homem que nós temos uma cidade que é vista com bons olhos pelo mundo todo”. Antes de estar pronta para sanção do prefeito, o projeto de lei retorna à pauta desta quarta-feira (24), em segundo turno.