Câmara lamenta falecimentos de Jaime Lerner, Fabio Campana e Jefferson Wanderley

por Filipi Oliveira — publicado 31/05/2021 15h44, última modificação 31/05/2021 15h44
Lerner foi prefeito de Curitiba, tendo projetado o nome da cidade para todo o mundo, e governador do Paraná; Campana foi secretário de Comunicação da Prefeitura e do Governo; e Wanderley foi vereador por dois mandatos
Câmara lamenta falecimentos de Jaime Lerner, Fabio Campana e Jefferson Wanderley

Personalidades da política local, Jaime Lerner, Fabio Campana e Jefferson Wanderley foram lembrados durante a sessão desta segunda-feira (31). (Arte: Higor Paulino/CMC)

A Câmara Municipal de Curitiba (CMC) lamentou, na sessão desta segunda-feira, o falecimento de três personalidades ligadas à política local: do ex-prefeito e ex-governador do Paraná Jaime Lerner, do colunista político e ex-secretário de Comunicação Social de Curitiba e do Paraná Fabio Campana e do ex-vereador de Curitiba Jefferson Wanderley.

O presidente da CMC, Tico Kuzma (Pros), lamentou as três perdas, durante a sessão plenária desta segunda-feira (31), fazendo um registro das biografias e das realizações de cada um deles. “Nossas condolências às famílias e amigos de Lerner, Campana e Wanderley, assim como todos que perderam seus entes queridos para essa terrível doença provocada pela covid-19. Nossos sentimentos a todos”, disse.

Ele também lamentou o falecimento do casal Vilma e Ubaldo Paolini, moradores do Campo do Santana, vítimas da covid-19. “Em meu nome e também do vereador Mauro Bobato (Pode), registro aqui que a dona Vilma foi uma grande liderança da região, presidente do Conselho da Saúde do Caximba, sempre apoiado as ações da comunidade e da Prefeitura, atuante nas questões da saúde e da ação social. Nossos sentimentos aos familiares e amigos da dona Vilma e do seu Ubaldo”.

Pier Petruzziello lamentou o falecimento do administrador do Centro Israelita do Paraná e responsável pelo departamento de Infraestrutura do Museu do Holocausto de Curitiba, Isac Weishof. “A comunidade judaica de Curitiba está triste, com a chama mais branda. O Isac liderou alguns movimentos humanitários, inclusive na recente campanha das cestas básicas do Curitiba 18💙18. A comunidade judaica perde uma grande referência, uma pessoa iluminada que deu a sua vida à comunidade judaica. Uma perda irreparável”, disse.

O plenário da Câmara de Curitiba observou instantes de silêncio aos mencionados e também pelo falecimento de Ana Carolina Debas, José Hilarindo Iguinacio (Sr. Zeca) e Rodrigo Zicarelli da Silva.

Jaime Lerner
Arquiteto e urbanista, Jaime Lerner foi uma referência política e no planejamento urbano, que deixa à cidade legados urbanísticos, socioeconômicos, de mobilidade e no meio ambiente. Lerner foi prefeito de Curitiba por três mandatos (1971-1974, 1979-1983 e 1989-1992) e governador do Paraná por outros dois (1995-1998 e 1999-2002). Na quinta-feira, a Mesa Diretora da CMC decretou luto oficial de três dias com bandeiras a meio mastro (leia mais). Na sessão desta segunda-feira, o plenário aprovou uma sugestão à Prefeitura de Curitiba para a elaboração de um projeto de lei que altere o nome do Parque Barigui para Parque Jaime Lerner (leia mais).

“Os frutos de suas gestões vemos até hoje: a inovação no transporte público com canaletas exclusivas, copiadas por pelos menos outras 250 cidades em todo o mundo; parques e monumentos em metal e vidro que viraram cartões-postais, como o Jardim Botânico, a Ópera de Arame e a Rua 24 Horas; e várias outras intervenções que mostraram Curitiba para o mundo”, acrescenta Kuzma. “Lamentamos profundamente a perda desse grande homem, que trouxe a paixão e os critérios técnicos de sua profissão para a política da nossa cidade. Se Curitiba é hoje uma das melhores cidades para se viver, muito disso passa pela gestão de Jaime Lerner.”

À frente do Poder Executivo da capital, Lerner implementou instrumentos previstos no Plano Diretor de 1966 que ajudou a desenhar. Entre os feitos de suas gestões estão: o calçadão da rua XV de Novembro, a Rua das Flores, primeira via exclusiva para pedestres do Brasil; a abertura do Teatro Paiol; o pioneiro BRT, canaleta exclusiva para a circulação dos biarticulados, sistema de transporte com as estações-tubo copiado ao redor do mundo; implantação do “ligeirinho”; lançamento das campanhas Lixo que Não é Lixo e Câmbio Verde, reconhecidas e premiadas internacionalmente; criação dos parques Barigüi, Tanguá, Tingui e São Lourenço, além da Universidade Livre do Meio Ambiente e do Jardim Botânico, principal cartão-postal da cidade (saiba mais aqui).

Fabio Campana
O jornalista, publicitário e editor Fabio Campana faleceu no último sábado (29). Foi secretário de Comunicação Social da Prefeitura de Curitiba e, por 3 vezes, secretário de Comunicação do Governo do Estado. Nascido em Foz do Iguaçu, vivia em Curitiba desde 1960. Segundo biografia publicada em seu blog, Campana era diretor da editora Travessa dos Editores, com as revistas Et Cetera e Ideias.

No jornalismo, foi editor de seu blog por 15 anos, da revista Atenção e do jornal Correio de Notícias. Atuou como colunista político na Gazeta do Povo, O Estado do Paraná, Tribuna do Paraná, Gazeta do Paraná e Tribuna do Norte. Foi comentarista político das rádios BandNews, Banda B e CBN. Como escritor, publicou 10 livros: Restos Mortais, contos (1978); No Campo do Inimigo, contos (1981); Paraíso em Chamas, poesia (1994); O Guardador de Fantasmas, romance (1996); Todo o Sangue (2004); O último dia de Cabeza de Vaca (2005); Ai (2007); A Árvores de Isaías (2011); O Ventre, o Vaso, o Claustro (2017); e As Coisas Simples (2019).

Como publicitário, trabalhou em grandes agências de Curitiba, como Equipe e Exclam. No marketing político, atuou em diversas campanhas para governador do Paraná e em inúmeras campanhas para prefeituras, além de ter dirigido a comunicação das campanhas presidenciais que elegeram dois presidentes do Paraguai, Juan Carlos Wasmosy, em 1993, e Raúl Cubas Grau, 1998. Casado com a psicóloga e professora Denise de Camargo desde 1975, Fábio Campana deixa também dois filhos e um neto.

Jefferson Wanderley
Jefferson Weigert Wanderley era formado em Engenharia Civil e foi eleito duas vezes vereador de Curitiba, de 1977 a 1982, pela Arena, e 1983 a 1988, pelo PDS. Em 1965, ele foi convidado pelo então prefeito Ivo Arzua para organizar a criação da Cohab, a Companhia de Habitação Popular de Curitiba (lei municipal 2545/1965), tendo sido o seu primeiro presidente entre os anos de 1965 e 1968. A grande marca de sua gestão na companhia foi a criação do primeiro conjunto habitacional de Curitiba e um dos pioneiros do Brasil: a Vila Nossa Senhora da Luz, na Cidade Industrial de Curitiba.

Inaugurada em novembro de 1966 pela Operação Desfavelamento Cohab-CT, a construção de 2.150 casas realocou cerca de 25 ocupações irregulares da capital – de locais como o Rio Belém, o Santa Quitéria e a Favela do Ahú. Em 2016, a Câmara Municipal de Curitiba publicou uma série de reportagens para marcar o aniversário de 50 anos da Vila Nossa Senhora da Luz, com pesquisa das jornalistas Fernanda Foggiato e Michelle Stival da Rocha (leia mais aqui).

Jefferson Wanderley integrou, por designação de Arzua, o Conselho Deliberativo do Ippuc (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba). Em 1966, participou da elaboração do Plano Diretor de Curitiba, que teve origem em um concurso público vencido pelo consórcio entre as empresas Serete e Jorge Wilheim Arquitetos Associados. Era um momento importante do desenvolvimento da cidade, que estava em franca explosão demográfica, mas tinha uma estrutura urbana que respondia às necessidades rurais (saiba mais).