Câmara de Curitiba respeita gastos com pessoal, mesmo com inclusão de inativos

por José Lázaro Jr. | Revisão: Ricardo Marques — publicado 28/05/2025 07h45, última modificação 28/05/2025 09h10
O Legislativo teria direito a R$ 362,8 milhões, mas a Câmara de Curitiba abdicou de R$ 120 milhões em 2025, para apoiar serviços públicos da capital.
Câmara de Curitiba respeita gastos com pessoal, mesmo com inclusão de inativos

Aline Bogo explicou as mudanças no cálculo dos limites da EC 25/2000. (Foto: Rodrigo Fonseca/CMC)

Segundo a Emenda Constitucional 25/2000, a Câmara Municipal de Curitiba (CMC) pode gastar, no ano, até 70% do seu orçamento com gastos de pessoal. Em 2020, a CMC acabou com uma despesa de 37,69% e, em 2024, cinco anos depois, havia baixado esse percentual anualizado para 34,44%. Neste ano, uma mudança na legislação, exige que, diferentemente dos anos anteriores, quando só eram computados os servidores ativos, entrem na conta também os inativos e pensionistas. De janeiro a abril, a CMC atingiu 16,92%.

“Esse limitador da EC 25/2000 teve uma alteração a partir desta legislatura, que agora nós precisamos contar também o gasto com inativos e pensionistas, apesar de o pagamento não ser feito pela Câmara, mas pelo Instituto de Previdência [IPMC]”, informou a diretora contábil-financeira do Legislativo, Aline Bogo, nesta terça-feira (27), na audiência de prestação de contas quadrimestral das finanças públicas. Falando à Comissão de Economia, Finanças e Fiscalização, presidida por Serginho do Posto (PSD), ela projetou que, apesar da mudança, a CMC continuará dentro dos limites legais.

Explicando o cálculo dos 16,92% aos vereadores, Aline Bogo informou que o orçamento da Câmara de Curitiba poderia ser de até R$ 362 milhões, considerando que a CMC tem direito a 4,5% de algumas receitas do Município. De janeiro a abril, a Câmara registrou despesa com os ativos de R$ 34,3 milhões (9,47%) e com os inativos e pensionistas de R$ 27 milhões (7,45%), totalizando os 16,92% da regra da EC 25/2000. No outro limite para gasto com pessoal, que é fixado pela Lei de Responsabilidade Fiscal 101/2000, que é 6% sobre a Receita Corrente Líquida (RCL), a CMC atingiu 1,11%, mantendo o viés de baixa, porque nele não há o cômputo dos inativos e pensionistas.

Serviços públicos têm aporte de R$ 120 milhões da Câmara de Curitiba em 2025

Apesar de ter direito a R$ 362 milhões, ao elaborarem o Orçamento de Curitiba para o ano de 2025, os vereadores limitaram as finanças do Legislativo a R$ 242 milhões. Ao abdicar de R$ 120 milhões antecipadamente, em vez de apenas “devolver” os recursos ao final do ano, a Câmara de Curitiba permite ao Executivo planejar o uso desse dinheiro no pagamento dos serviços públicos e investimentos voltados à população. “De janeiro a abril, a Prefeitura repassou à Câmara um total de R$ 80 milhões, dos quais a CMC executou R$ 69 milhões”, informou Aline Bogo.

Separando a despesa do quadrimestre em três grupos, a diretora contábil-financeira informou que despesa de pessoal ficou com 61,20% dessa parcial, outras despesas correntes (“que são todos os bens e serviços adquiridos para a continuidade do trabalho do Legislativo”) com 38,5% e investimentos de 0,2%. “É da natureza dos Legislativos que o maior gasto seja com pessoal”, apontou Aline Bogo. Dos R$ 42 milhões gastos com pessoal, considerando as obrigações patronais, 50,8% são despesas com efetivos, 40,6% com comissionados e 8,5% com subsídios dos parlamentares.

Nas despesas correntes, considerando os valores previstos para o ano todo, são R$ 20 milhões em repasses à Previdência e R$ 10,8 milhões para benefícios e auxílios, sendo os maiores contratos de serviços de tecnologia (R$ 16 milhões) e locação de mão de obra (R$ 6 milhões), que até abril tiveram desembolsos proporcionais às pactuações entre a CMC e as empresas. Em investimentos, estão previstos R$ 19 milhões para a construção de uma nova sede, que não foram mexidos no primeiro quadrimestre. No primeiro semestre, foram gastos com viagens R$ 115 mil, somando passagens (R$ 76,5 mil), hospedagens (R$ 20,69 mil) e diárias (R$ 17,9 mil).