Ameaça contra vereadora será acompanhada pela Comissão de Direitos Humanos

por José Lázaro Jr. | Revisão: Vanusa Paiva — publicado 15/02/2022 18h50, última modificação 16/02/2022 08h31
Ameaças e injúrias raciais contra Carol Dartora, primeira vereadora negra de Curitiba, foram denunciadas em plenário. Caso foi levado ao Ministério Público do Paraná.
Ameaça contra vereadora será acompanhada pela Comissão de Direitos Humanos

Com a pandemia, as sessões da CMC são híbridas, presencial e por videoconferência. Na foto, Márcio Barros. (Foto: Rodrigo Fonseca/CMC)

Nesta terça-feira (15), o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal de Curitiba (CMC), Jornalista Márcio Barros (PSD), informou ao plenário que o colegiado acompanhará a apuração das ameaças e injúrias raciais contra a vereadora Carol Dartora (PT). Após denunciar as agressões em plenário, na semana passada, a parlamentar apresentou documento ao Ministério Público do Paraná (MP-PR), com mais de 80 páginas, indicando 26 perfis em redes sociais por crimes de ameaça, calúnia, injúria e injúria racial.

“A Comissão de Direitos Humanos vem prestar solidariedade à Carol Dartora, vice-presidente dessa comissão, que vem sofrendo reiterados ataques racistas e ameaças após sua participação no ato [por Moïse, no dia 5]. Independente do cargo que ocupa, para o qual foi eleita democraticamente, vemos a figura de uma cidadã, brasileira, mulher que merece respeito. Não há absolutamente nada que possa justificar as atitudes criminosas que vem sofrendo. Essa comissão lamenta que ainda tenhamos que conviver com tais discursos de ódio”, afirmou Márcio Barros.

Membros do colegiado, os vereadores Alexandre Leprevost (Solidariedade), Sargento Tânia Guerreiro (PSL) e Toninho da Farmácia (DEM) assinam a comunicação com Márcio Barros, na qual prestam solidariedade à Carol Dartora. “Desde que assumi a presidência, nós temos recebido diversas denúncias de racismo e homofobia. Na semana passada, nós recebemos um caso de injúria racial em um ônibus interestadual. Uma jovem que voltava para Curitiba de Porto Alegre recebeu um bilhete que terminava com ‘volta para a senzala’. Imediatamente elaboramos um ofício e mandamos para o Ministério Público do Paraná”, relatou Barros.

A manifestação da Comissão de Direitos Humanos se soma às outras declarações do presidente do Legislativo, Tico Kuzma (Pros), que tem repudiado em plenário os ataques racistas a Carol Dartora e a Renato Freitas (PT). “A CMC apoia as manifestações pacíficas. Na [última] reunião da Mesa Diretora afirmamos que as pessoas têm que ter muito cuidado para que, ao quererem a solução para o caso da Igreja do Rosário, não cometam outros crimes, como injúria e racismo. A vereadora Carol Dartora e também o vereador Renato Freitas vêm sofrendo essas perseguições. Não podemos admitir esse tipo de atitude”, reiterou Tico Kuzma.

O caso da Igreja do Rosário, quando, no dia 5 de fevereiro, manifestantes entraram no templo durante o protesto contra os assassinatos do  congolês Moïse Kabagambe e de Durval Teófilo Filho, no Rio de Janeiro, desdobrou-se, na CMC, em quatro representações contra Freitas, agora sob análise do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar (leia mais).