Ação antirracista do Coritiba recebe Congratulações da Câmara
“Racistas não são bem-vindos no Couto”: vereadores apoiaram campanha do Coritiba. (Foto: Rodrigo Fonseca/CMC)
O combate ao racismo retornou à pauta de debates da Câmara Municipal de Curitiba, na manhã desta segunda-feira (17), pela quarta sessão consecutiva. De forma unânime, com 33 votos favoráveis, o plenário acatou o requerimento de Votos de Congratulações e Aplausos ao Coritiba Foot Ball Club pela ação intitulada "Racistas não são bem-vindos no Couto". A proposição é de autoria da vereadora Giorgia Prates – Mandata Preta (PT).
Na partida contra o Andraus, na noite do dia 30 de janeiro, no Couto Pereira, a mensagem “Racistas não são bem-vindos no Couto” foi estampada no uniforme dos atletas do Coritiba. Além disso, pontuou Prates, mensagens e orientações sobre a Lei Vini Jr., da qual ela é uma das autoras, foram exibidas durante o intervalo do jogo (077.00036.2025).
“O clube acabou dando uma resposta firme e necessária ao racismo. A torcida se mostrou atenta, [...] se colocando na luta antirracismo”, parabenizou Giorgia Prates. “E essa é uma mobilização coletiva que gera mudança e que serve, sim, como exemplo.”
Deborah Cunha, secretária-executiva do Coritiba, e Vinicius Nordello, gerente Executivo de Comunicação do clube, assistiram à votação. O jornalista Franklin de Freitas, repórter-fotográfico e editor de fotografia do Bem Paraná, que no ano passado sofreu injúria racial enquanto trabalhava em campo, também acompanhou o debate em plenário.
Na discussão, entretanto, Prates lamentou que durante a repercussão da moção de apoio ao atleta Léo, do Athetico, vítima de injúria racial, tenha ocorrido “o apagamento do debate sobre o racismo”. “Na semana passada, eu vim fazer uma denúncia sobre a violência sofrida pelo jogador Léo Pelé, do Athetico Paranaense, no Couto, […] o que estava em jogo era a efetividade da Lei Vini Jr., mas o que aconteceu foi que o debate foi rapidamente desviado porque alguns vereadores desta Casa, blogueiros, correram para fazer desse um momento de palco para si mesmos”, opinou.
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“No afã de se autopromover e no desespero de também se colocarem como os defensores do povo negro e, por que não dizer, como os menos racistas da Câmara também apagaram o que realmente importava, o que era uma denúncia acabou virando uma disputa de egos e, mais uma vez, a luta contra o racismo foi silenciada por aqueles que então saíram dizendo que estavam sendo salvadores dos clubes”, avaliou a vereadora.
“A luta contra o racismo é uma luta de todos nós”, disse Nori Seto (PP) em apoio a campanhas do Coritiba e do Athetico. Bruno Secco (PMB) parabenizou o trabalho de Lordello e do Coritiba na luta antirracista. “A Câmara de Curitiba [não é racista] e Curitiba não é racista também”, afirmou Seto. Da Costa (União), Eder Borges (PL) e Renan Ceschin (Pode), por sua vez, questionaram trecho do discurso da autora de que vereadores teriam tentado de posicionar como “os menos racistas da Câmara”.
“Nós, que somos brancos, não podemos lutar contra o racismo?”, indagou Da Costa. “Eu não concordo que todo o mundo é racista, eu vejo isso como uma paranoia”, citou Borges. “Não basta não sermos racistas, temos que nos posicionar”, completou Ceschin sobre a luta antirracista. “A sua fala foi a mais coerente naquele dia, o senhor trouxe também o que o clube fez, qual foi o encaminhamento do clube”, ponderou Prates em resposta ao último parlamentar. “Gostaria de pedir voto nominal e também dizer que a Câmara realmente não é racista”, finalizou a autora dos Votos de Congratulações.
Aprovada moção contra o desarmamento civil
Na sessão desta segunda, o plenário da Câmara de Curitiba também acatou uma moção de apoio ao projeto de decreto legislativo, de autoria do deputado federal Ismael Alexandrino (PSD-GO), com o objetivo de sustar restrições à circulação de armas de fogo (PDL 206/2024). Autor do requerimento, Eder Borges explicou que o projeto de decreto legislativo pretende “segurar as investidas do Governo Federal contra o armamento civil”.
“Nós sabemos que um povo armado jamais será escravizado”, encaminhou Borges. O autor defendeu, ainda, que nações que desarmaram a população “se tornaram ditaduras”. A moção de apoio foi aprovada em plenário de forma simbólica (sem o registro no painel eletrônico), com quatro votos contrários (416.00001.2025).
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