"20 de Novembro não é festa, é dia de conscientização", diz Pop

por Assessoria Comunicação publicado 20/11/2018 11h10, última modificação 03/11/2021 07h45
Nesta terça-feira, 20 de novembro, o vereador Mestre Pop (PSC) defendeu, na Câmara Municipal de Curitiba (CMC), que a data sirva para a conscientização da população sobre os efeitos prolongados dos mais de 300 anos de escravidão na sociedade brasileira. “O Dia da Consciência Negra não é de festa. É de conscientização. Tem que ser uma oportunidade de aprendizado sobre aquilo que aconteceu no nosso país”, aponta o vereador que vê na desigualdade social um reflexo da política discriminatória que vigeu do século 16 ao 19, no Brasil.

Em setembro de 2016, a segunda turma do Supremo Tribunal Federal (STF) negou provimento ao agravo regimental da Câmara de Vereadores contra a suspensão do feriado no dia 20 de novembro (leia mais). Instituído pela lei municipal 14.224/2013, a data não saiu do papel. Antes mesmo de ser realizado pela primeira vez, ela foi suspensa pelo Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR), a pedido da Associação Comercial do Paraná (ACP) e do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Paraná (Sinduscon-PR). “A medida traria prejuízos econômicos à cidade”, argumentaram as entidades.

Levantamento feito pelo Ministério da Justiça e Cidadania mostra que mais de mil cidades brasileiras decretaram feriado no 20 de novembro – dia em que foi morto, em 1695, Zumbi dos Palmares, um símbolo da resistência à escravidão. “A CMC aprovou lei para o Dia da Consciência Negra, mas não tivemos êxito na Justiça [para fazer valer o feriado municipal]. O STF achou que a lei era inconstitucional. Não entendemos a contestação, visto que outras capitais têm o feriado. Isso nos deixou muito constrangidos”, desabafou Serginho do Posto (PSDB), presidente do Legislativo.

Serginho do Posto pediu atenção dos vereadores à articulação de Mestre Pop, para que sejam feitas emendas coletivas em apoio às ações sugeridas pelo Conselho Municipal de Política Étnico Racial (Comper). O presidente do Comper, Dênis Denilto, esteve em plenário no dia de hoje, sentando-se com a Mesa Diretora durante o pequeno expediente, quando o vereador Mestre Pop protestou contra a discriminação racial. “Temos que conscientizar as pessoas, para que a escravidão nunca mais se repita. A gente não tem que esquecer, como dizem alguns. Se você acha que tem que esquecer [os 300 anos de escravidão], peça aos judeus para esquecerem o holocausto”, bradou Pop.  

Também no início da sessão, Professora Josete (PT) relatou sua experiência nos anos 1980, quando a redemocratização do Brasil permitiu revisar a geografia e a história ensinadas durante a ditadura militar. “Nos anos 1970, aprendíamos que uma princesa bondosa tinha libertado os escravos. Só depois, nos anos 1980 e 1990, vimos que a libertação foi fruto de uma grande luta social e que mera assinatura da abolição não garantiu a liberdade. Sem políticas sociais, muitos [negros] continuaram escravizados, trabalhando a troco de casa e de comida. Não tinham acesso a trabalho, moradia e alimentação dignas”, disse a parlamentar. “A meritocracia não existe”, disse Mestre Pop, “quando alguns começam a corrida bem atrás”.

Tito Zeglin (PDT) convidou os parlamentares a participarem das atividades da Festa do Rosário, iniciada no último dia 15 de novembro, em alusão ao Dia da Consciência Negra.