Tribuna Livre do CMC Podcasts: crianças, adolescentes e mulheres mais seguras

por Alex Gruba | Revisão: Brunno Abati* — publicado 19/04/2024 07h05, última modificação 19/04/2024 08h42
Para aprofundar o debate sobre segurança para mulheres e crianças, a vereadora Sargento Tânia Guerreiro disse estar sempre alerta para defender a vida.
Tribuna Livre do CMC Podcasts: crianças, adolescentes e mulheres mais seguras

A principal mensagem da vereadora Sargento Tânia Guerreiro e convidadas é para as mulheres não terem medo de denunciar casos de abuso. (Foto: Reprodução CMC Podcasts)

A bancada do Tribuna Livre do CMC Podcasts recebeu a vereadora Sargento Tânia Guerreiro (Pode) para debater a segurança para mulheres, crianças e adolescentes. O assunto é uma das principais bandeiras da parlamentar, que tem um histórico no combate à pedofilia. Para ampliar o debate do tema, a vereadora convidou duas especialistas, a delegada Eliete Kovalhuk, atual titular da Delegacia do Adolescente, e a coordenadora-geral da Casa da Mulher Brasileira em Curitiba, Sandra Praddo.

Anos atrás, esses assuntos eram cochichados. Tanto da violência contra mulher que sofria nas garras do marido quanto da criança que sofria violência física, psicológica e sexual”, explicou a vereadora Sargento Tânia Guerreiro. Ela ressaltou que aquela história de que “em briga de marido e mulher não se mete a colher” não deve ser tolerada, porque casos de agressão representam, em verdade, um problema nosso enquanto sociedade. “Tem de meter a colher sim! Não temos bola de cristal para descobrir o que acontece em quatro paredes, pois 90% dos casos da violência sexual são domésticas, dentro dos lares”, explicou Guerreiro.

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Responsável pela delegacia que investiga adolescentes que cometem atos infracionais, a delegada Eliete Kovalhuk disse que é preciso compreender todo o contexto do adolescente, pois, muitas vezes, eles podem ter sido vítimas que replicam a violência que sofrem. Nesse sentido, há três demandas que precisam ser esclarecidas: a vulnerabilidade social, os conflitos interpessoais no ambiente escolar e, por fim, o abuso sexual. “As denúncias e os registros têm crescido, mas a subnotificação ainda é grande”, disse a delegada. As três participantes do podcast concordam que é preciso fortalecer a informação para que as vítimas sejam acolhidas ao fazer denúncias.

A Casa da Mulher Brasileira em Curitiba é um espaço público que oferece todas as garantias para as mulheres registrarem casos de violência doméstica e sexual. Segundo Sandra Praddo, há somente 11 casas com a mesma estrutura da que existe em Curitiba, próxima ao terminal do Cabral. “Oferecemos todos os serviços que a mulher precisa para sair de um ciclo de violência, com agenda online, triagem, escuta qualificada com psicólogos e assistentes sociais. É preciso ouvir todo o passado para compreender o caso”, disse Praddo. Segundo ela, a instalação da Delegacia da Mulher dentro da Casa da Mulher Brasileira, em 2019, fortaleceu o aumento das denúncias: em 2018, foram cerca de 12 mil denúncias, que subiram para 21 mil no ano seguinte.

“Precisamos falar mais sobre isso, a maioria não sabe dos direitos. A violência doméstica é sucinta, ela vai lentamente. A mulher primeiro leva um apertão no braço, depois um empurrão, depois um cala a boca”, disse a Sargento Tânia Guerreiro. Na Casa da Mulher Brasileira, Sandra Praddo explicou que há espaço para acolher não somente a mãe, mas também filhos e, até mesmo, animais de estimação. “Há casos em que o agressor usa o animal para fazer a vítima se calar. Uma das formas da criança ceder é o agressor ameaçar o animal quando a criança começa a se proteger dos abusos”, contou a vereadora.

Punição mais severa e vigilância da internet

A delegada Eliete Kovalhuk disse que muitas mulheres ainda demoram para fazer as denúncias diante de um relacionamento tóxico e que começam a buscar ajuda quando a violência passa a ser cometida contra as crianças. Sandra Praddo confirmou que a denúncia é fundamental: “O que não vai adiantar é não denunciar”. Sargento Tânia Guerreiro ressaltou que a legislação tem avançado, como o caso da chamada lei Joanna Maranhão, que ampliou o tempo de denúncia para vítimas de pedofilia, que podem fazer a denúncia até os 38 anos de idade. Ela, no entanto, luta por mais avanços, com punição mais severa para pedófilos.

As três falaram sobre a questão da internet. Praddo disse que a internet facilitou o acesso à informação para as mulheres. A delegada Kovalhuk apontou os riscos que o mundo virtual traz, e, por isso, é importante a vigilância dos pais no uso de celulares e computadores pelos adolescentes. A vereadora Sargento Tânia Guerreiro lembrou a responsabilidade dos pais. “Quem manda na casa não é a criança, ela não tem discernimento sobre certo e errado. O pedófilo costuma se aproveitar da situação, oferecendo um apoio que a criança não tem em casa”, disse a parlamentar.

Ao final do programa, Sargento Tânia Guerreiro ressaltou o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes (18 de maio), com a cor laranja simbolizando essa proteção. A parlamentar disse que seu livro, “O que você não sabia sobre pedofilia”, está para ser relançado em uma segunda edição – a primeira está esgotada. Para ela, a obra ajuda a esclarecer todas as respostas contra casos de abusos de crianças e adolescentes. “É para maiores de 18 anos, com termos pesados. Meu vocabulário é papo reto”, frisou a vereadora.

Tribuna Livre do CMC Podcasts

A segurança de mulheres, crianças e adolescentes foi um dos temas do Tribuna Livre do CMC Podcasts, que é um espaço para vereadoras e vereadores de Curitiba trazerem até dois convidados para debates de assuntos relevantes para a cidade. O CMC Podcasts conta também com outros programas produzidos pela Diretoria de Comunicação Social da Câmara Municipal de Curitiba, com episódios temáticos elaborados de acordo com as comissões permanentes da casa. Há também o Curitibou?, programa de entretenimento para falar de curiosidades e de curitibanices. Os episódios podem ser acompanhados no YouTube ou no Spotify.

 

*Notícia revisada pelo estudante de Letras Brunno Abati.            
Supervisão do estágio: Alex Gruba.