Tribuna Livre apresenta pesquisa sobre atuação da Câmara de Curitiba
Tribuna Livre recebeu dirigentes da Associação das Emissoras de Radiodifusão do Paraná (AERP) e da consultoria XYZ Estratégia. (Foto: Rodrigo Fonseca/CMC)
Espaço democrático de debates das sessões da Câmara Municipal de Curitiba (CMC), a Tribuna Livre desta quarta-feira (27) apresentou o resultado de pesquisa de opinião pública sobre a atuação do Poder Legislativo da capital. O estudo foi encomendado pela Associação das Emissoras de Radiodifusão do Paraná (AERP) à consultoria XYZ Estratégia. Foram ouvidas 600 pessoas, em abril deste ano, além da avaliação de especialistas.
A Tribuna Livre foi agendada por requerimento da Comissão Executiva da Casa e os resultados da pesquisa, apresentados pelo consultor Marcelo Romaniewicz, presidente da XYZ Estratégia. Na saudação ao convidado, o presidente Tico Kuzma (PSD) ressaltou a relevância da comunicação institucional para o funcionamento da Câmara de Curitiba, “sobretudo, para a forma como a sociedade curitibana enxerga o trabalho do Poder Legislativo”.
“Nós sabemos que o papel da Câmara não se resume apenas à elaboração de leis ou à fiscalização do Executivo. Também é nossa responsabilidade prestar contas à população, garantir transparência em nossos atos e aproximar o cidadão das discussões”, pontuou Kuzma. O presidente também elogiou a credibilidade da equipe de servidores da Diretoria de Comunicação Social, “referência no trabalho que desenvolve” e “um exemplo para outras Casas Legislativas do país”, mas ponderou os limites do alcance da comunicação institucional feita de maneira orgânica.
Consultor vê “janela de oportunidade"
Romaniewicz explicou que a pesquisa de opinião encomendada pela AERP buscou traçar o panorama da relação entre a sociedade curitibana e a Câmara Municipal. De acordo com ele, o estudo foi realizado pelo instituto internacional Offerwise e ouviu a opinião de pessoas de ambos os sexos, de diversas administrações regionais da cidade. Além disso, foram realizadas entrevistas de profundidade com especialistas.
O consultor defendeu que o artigo 37 da Constituição Federal assegura a publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos, desde que mantido o caráter educativo, informativo ou orientativo, vedada a promoção pessoal de autoridades e servidores. No entanto, dentro do contexto sociopolítico, o consultor assinalou a disparidade histórica entre a comunicação institucional dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.
“O Executivo, seja municipal, seja estadual, seja federal, historicamente, pela cultura do nosso país, desenvolve práticas e políticas de comunicação social estruturadas, planejadas e recorrentes há décadas. E o Legislativo e o Judiciário, vamos colocar os três aqui, não o fazem da mesma maneira, com o mesmo profissionalismo, com a mesma intensidade”, afirmou o orador da Tribuna Livre. "Esse desequilíbrio não é interessante e traz consequências na percepção da população.”
Em relação à primeira pergunta, 93% dos entrevistados afirmaram que já tinham ouvido falar da Câmara Municipal de Curitiba. “A gente esperava que fosse um percentual, para essa resposta, em torno de 100%”, pontuou Marcelo Romaniewicz. No tópico seguinte, relativo ao nível de conhecimento sobre o trabalho da instituição, apenas 15% dos cidadãos disseram ser alto ou suficiente; outros 81%, médio, baixo ou muito baixo. “Ouvir falar é uma coisa. Conhecer é outra”, avaliou.
Apesar disso, 77% disseram considerar o papel da Câmara importante. No entanto, ao se avaliar o engajamento dos entrevistados, 89% disseram acompanhar o trabalho do Legislativo eventualmente, pouco ou nunca; 11%, apenas, sempre ou frequentemente. “São números paradoxais. Quase 80% acha importante, mas apenas 11% acompanham com mais frequência, com mais profundidade, o trabalho desenvolvido pela Casa de Leis do Município onde ela mora”, pontuou o consultor.
Ao mesmo tempo em que 79% das pessoas responderam ter interesse em saber mais sobre a Câmara Municipal de Curitiba, 93% afirmaram acompanhar muito pouco ou nunca acessar os canais digitais da Casa. “Vamos lembrar, existe muita informação disponível hoje, principalmente nas redes sociais, no universo digital, sobre o que a Câmara faz. E aí a gente pergunta sobre a eficácia disso em relação à população, questionou Romaniewicz.
“Então, nós temos aqui, na nossa opinião, uma janela de oportunidade. Ao mesmo tempo que [a sociedade] não conhece, não acompanha, [ela] acha importante [o trabalho da Câmara] e quer saber mais. Então, eu acho que nós temos aqui, sem dúvida nenhuma, uma grande janela de oportunidade, de construir uma relação mais próxima com a sociedade”, opinou o convidado da Tribuna Livre sobre o resultado da pesquisa de opinião.
“A gente precisa ressignificar o olhar, diz diretora da AERP
Diretora comercial da AERP e proprietária da Rádio Mais FM, Carolina Chab respondeu aos questionamentos dos vereadores ao lado de Romaniewicz. Ao primeiro-secretário da Comissão Executiva, vereador Bruno Rossi (Agir), ela afirmou que a associação reúne quase 400 emissoras de rádio e de televisão, em todo o Paraná. “A gente precisa ressignificar o olhar para os canais mais tradicionais”, defendeu. “A gente tem como premissa informar a população e sabemos fazer isso muito bem.”
“Como nós podemos fazer para aumentar a conexão com o povo e diminuir essa carência com a população que ainda não se interessa pela política?”, quis saber, na sequência, Carlise Kwiatkowski (PL). Seguindo a mesma linha de raciocínio, Meri Martis (Republicanos) e Sargento Tânia Guerreiro (Pode) atestaram o desinteresse e o desconhecimento da maior parte das pessoas sobre o Legislativo. "Como os vereadores podem contribuir para aproximar a população da política?”, indagou Martins.
Para Guerreiro, apenas temas polêmicos geram interesse. Lembrando do Câmera Aberta - que abriu os gabinetes e até mesmo a tribuna da Câmara de Curitiba, num sábado - ela avaliou ser possível mudar essa realidade com iniciativas semelhantes. A segunda edição do evento será no dia 13 de setembro.
Na avaliação de Carolina Chab, abrir as portas da Câmara é, sim, importante. A diretora comercial da AERP, no entanto, argumentou que é necessário “fazer o movimento contrário, [...] ir até a população”. “Tudo o que vocês fazem aqui, que é grande, é nobre, [...] é necessário mostrar isso”, declarou. “A população não tem como amar a política, o que é feito, o que é discutido aqui dentro, se ela não conhece.”
Em resposta a Marcos Vieira (PDT), que chamou a atenção para os números contraditórios da pesquisa, Romaniewicz observou, novamente, que “distanciamento não quer dizer que há desinteresse, [...] há um distanciamento, mas eu quero saber”. Para “dar força e luz à democracia” e, ao mesmo tempo, a população ter meios de fiscalizar o poder público, o consultor reforçou a necessidade do equilíbrio na comunicação dos três poderes.
Jasson Goulart (Republicanos), por fim, destacou o trabalho da AERP. “Essa apresentação demonstra, realmente, a força da Comunicação”, afirmou. Além de Marcelo Romaniewicz e de Carolina Chab, a Tribuna Livre também foi acompanhada pelo diretor financeiro da AERP e diretor da Rádio Transamérica FM, Rogério Afonso; a diretora jurídica da AERP e representante da Rádio Vale do Mel FM, Melanie Triches; o diretor regional da AERP e representante do Grupo RIC, Gilson Betes; Rodrigo Liborio, representante da RPC TV; e Ricardo Massara, representante da Band TV.
Reprodução do texto autorizada mediante citação da Câmara Municipal de Curitiba