Tribuna Livre apresenta pesquisa sobre atuação da Câmara de Curitiba

por Fernanda Foggiato | Revisão: Ricardo Marques — publicado 27/08/2025 17h55, última modificação 28/08/2025 09h03
Estudo encomendado pela AERP mostra que maior parte dos entrevistados não acompanha o dia a dia da CMC, mas gostaria de saber mais.
Tribuna Livre apresenta pesquisa sobre atuação da Câmara de Curitiba

Tribuna Livre recebeu dirigentes da Associação das Emissoras de Radiodifusão do Paraná (AERP) e da consultoria XYZ Estratégia. (Foto: Rodrigo Fonseca/CMC)

Espaço democrático de debates das sessões da Câmara Municipal de Curitiba (CMC), a Tribuna Livre desta quarta-feira (27) apresentou o resultado de pesquisa de opinião pública sobre a atuação do Poder Legislativo da capital. O estudo foi encomendado pela Associação das Emissoras de Radiodifusão do Paraná (AERP) à consultoria XYZ Estratégia. Foram ouvidas 600 pessoas, em abril deste ano, além da avaliação de especialistas.

A Tribuna Livre foi agendada por requerimento da Comissão Executiva da Casa e os resultados da pesquisa, apresentados pelo consultor Marcelo Romaniewicz, presidente da XYZ Estratégia. Na saudação ao convidado, o presidente Tico Kuzma (PSD) ressaltou a relevância da comunicação institucional para o funcionamento da Câmara de Curitiba, “sobretudo, para a forma como a sociedade curitibana enxerga o trabalho do Poder Legislativo”. 

“Nós sabemos que o papel da Câmara não se resume apenas à elaboração de leis ou à fiscalização do Executivo. Também é nossa responsabilidade prestar contas à população, garantir transparência em nossos atos e aproximar o cidadão das discussões”, pontuou Kuzma. O presidente também elogiou a credibilidade da equipe de servidores da Diretoria de Comunicação Social, “referência no trabalho que desenvolve” e “um exemplo para outras Casas Legislativas do país”, mas ponderou os limites do alcance da comunicação institucional feita de maneira orgânica.

Consultor vê “janela de oportunidade"

Romaniewicz explicou que a pesquisa de opinião encomendada pela AERP buscou traçar o panorama da relação entre a sociedade curitibana e a Câmara Municipal. De acordo com ele, o estudo foi realizado pelo instituto internacional Offerwise e ouviu a opinião de pessoas de ambos os sexos, de diversas administrações regionais da cidade. Além disso, foram realizadas entrevistas de profundidade com especialistas

O consultor defendeu que o artigo 37 da Constituição Federal assegura a publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos, desde que mantido o caráter educativo, informativo ou orientativo, vedada a promoção pessoal de autoridades e servidores. No entanto, dentro do contexto sociopolítico, o consultor assinalou a disparidade histórica entre a comunicação institucional dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.

O Executivo, seja municipal, seja estadual, seja federal, historicamente, pela cultura do nosso país, desenvolve práticas e políticas de comunicação social estruturadas, planejadas e recorrentes há décadas. E o Legislativo e o Judiciário, vamos colocar os três aqui, não o fazem da mesma maneira, com o mesmo profissionalismo, com a mesma intensidade”, afirmou o orador da Tribuna Livre. "Esse desequilíbrio não é interessante e traz consequências na percepção da população.”

Em relação à primeira pergunta, 93% dos entrevistados afirmaram que já tinham ouvido falar da Câmara Municipal de Curitiba. “A gente esperava que fosse um percentual, para essa resposta, em torno de 100%”, pontuou Marcelo Romaniewicz. No tópico seguinte, relativo ao nível de conhecimento sobre o trabalho da instituição, apenas 15% dos cidadãos disseram ser alto ou suficiente; outros 81%, médio, baixo ou muito baixo. “Ouvir falar é uma coisa. Conhecer é outra”, avaliou.

Apesar disso, 77% disseram considerar o papel da Câmara importante. No entanto, ao se avaliar o engajamento dos entrevistados, 89% disseram acompanhar o trabalho do Legislativo eventualmente, pouco ou nunca; 11%, apenas, sempre ou frequentemente. “São números paradoxais. Quase 80% acha importante, mas apenas 11% acompanham com mais frequência, com mais profundidade, o trabalho desenvolvido pela Casa de Leis do Município onde ela mora”, pontuou o consultor.

Ao mesmo tempo em que 79% das pessoas responderam ter interesse em saber mais sobre a Câmara Municipal de Curitiba, 93% afirmaram acompanhar muito pouco ou nunca acessar os canais digitais da Casa. “Vamos lembrar, existe muita informação disponível hoje, principalmente nas redes sociais, no universo digital, sobre o que a Câmara faz. E aí a gente pergunta sobre a eficácia disso em relação à população, questionou Romaniewicz. 

Então, nós temos aqui, na nossa opinião, uma janela de oportunidade. Ao mesmo tempo que [a sociedade] não conhece, não acompanha, [ela] acha importante [o trabalho da Câmara] e quer saber mais. Então, eu acho que nós temos aqui, sem dúvida nenhuma, uma grande janela de oportunidade, de construir uma relação mais próxima com a sociedade”, opinou o convidado da Tribuna Livre sobre o resultado da pesquisa de opinião.

“A gente precisa ressignificar o olhar, diz diretora da AERP

Diretora comercial da AERP e proprietária da Rádio Mais FM, Carolina Chab respondeu aos questionamentos dos vereadores ao lado de Romaniewicz. Ao primeiro-secretário da Comissão Executiva, vereador Bruno Rossi (Agir), ela afirmou que a associação reúne quase 400 emissoras de rádio e de televisão, em todo o Paraná. “A gente precisa ressignificar o olhar para os canais mais tradicionais”, defendeu. “A gente tem como premissa informar a população e sabemos fazer isso muito bem.”

“Como nós podemos fazer para aumentar a conexão com o povo e diminuir essa carência com a população que ainda não se interessa pela política?”, quis saber, na sequência, Carlise Kwiatkowski (PL). Seguindo a mesma linha de raciocínio, Meri Martis (Republicanos) e Sargento Tânia Guerreiro (Pode) atestaram o desinteresse e o desconhecimento da maior parte das pessoas sobre o Legislativo. "Como os vereadores podem contribuir para aproximar a população da política?”, indagou Martins.

Para Guerreiro, apenas temas polêmicos geram interesse. Lembrando do Câmera Aberta  - que abriu os gabinetes e até mesmo a tribuna da Câmara de Curitiba, num sábado - ela avaliou ser possível mudar essa realidade com iniciativas semelhantes. A segunda edição do evento será no dia 13 de setembro.

Na avaliação de Carolina Chab, abrir as portas da Câmara é, sim, importante. A diretora comercial da AERP, no entanto, argumentou que é necessário “fazer o movimento contrário, [...] ir até a população”. “Tudo o que vocês fazem aqui, que é grande, é nobre, [...] é necessário mostrar isso”, declarou. “A população não tem como amar a política, o que é feito, o que é discutido aqui dentro, se ela não conhece.”

Em resposta a Marcos Vieira (PDT), que chamou a atenção para os números contraditórios da pesquisa, Romaniewicz observou, novamente, que “distanciamento não quer dizer que há desinteresse, [...] há um distanciamento, mas eu quero saber”. Para “dar força e luz à democracia” e, ao mesmo tempo, a população ter meios de fiscalizar o poder público, o consultor reforçou a necessidade do equilíbrio na comunicação dos três poderes.

Jasson Goulart (Republicanos), por fim, destacou o trabalho da AERP. “Essa apresentação demonstra, realmente, a força da Comunicação”, afirmou. Além de Marcelo Romaniewicz e de Carolina Chab, a Tribuna Livre também foi acompanhada pelo diretor financeiro da AERP e diretor da Rádio Transamérica FM, Rogério Afonso; a diretora jurídica da AERP e representante da Rádio Vale do Mel FM, Melanie Triches; o diretor regional da AERP e representante do Grupo RIC, Gilson Betes; Rodrigo Liborio, representante da RPC TV; e Ricardo Massara, representante da Band TV.