Prefeitura quer aval da Câmara de Curitiba para financiar R$ 1 bilhão

por José Lázaro Jr. | Revisão: Ricardo Marques — publicado 16/05/2025 09h15, última modificação 17/05/2025 13h09
Dinheiro para a compra de ônibus elétricos é do BNDES e do banco alemão KfW. Prefeitura de Curitiba depende do aval da Câmara para fechar os contratos.
Prefeitura quer aval da Câmara de Curitiba para financiar R$ 1 bilhão

Novos ônibus elétricos transportarão mais de 400 mil passageiros por dia em Curitiba. (Foto: Rodrigo Fonseca/CMC)

A Câmara Municipal de Curitiba (CMC) recebeu, na quarta-feira (14), dois projetos de lei do Executivo pedindo autorização dos vereadores para a contratação de empréstimos nacionais e internacionais para a implementação de ônibus elétricos e geração de energia solar em equipamentos públicos da cidade. As medidas integram o Programa Curitiba Carbono Neutro, que busca reduzir as emissões de gases poluentes e ampliar a eficiência energética da capital. As operações financeiras pretendidas pela Prefeitura de Curitiba somam mais de R$ 1 bilhão.

No primeiro projeto, a Prefeitura de Curitiba pede autorização dos vereadores para contratar operação de crédito com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no valor de até R$ 380 milhões. O financiamento será utilizado para renovar a frota da Linha Direta Inter 2, substituindo ônibus a diesel por modelos elétricos, além de implantar eletropostos públicos para recarga. O empréstimo ocorreria no âmbito do Novo PAC, eixo Cidades Sustentáveis e Resilientes, tendo como contragarantia recursos do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) destinados a Curitiba (005.00407.2025).

O segundo projeto pede permissão ao Legislativo para a contratação de crédito externo com o banco alemão KfW, no valor de até 100 milhões de euros (aproximadamente R$ 635 milhões, na cotação atual). Os recursos devem ser aplicados na aquisição de ônibus para as linhas BRT Leste-Oeste e Interbairros II por veículos elétricos e na instalação de sistemas fotovoltaicos em prédios públicos, como escolas e terminais de transporte. O financiamento também prevê a construção de eletropostos públicos. A garantia ao KfW será dada pela União (005.00408.2025).

Nas justificativas dos projetos de lei, ambas as propostas do Executivo citam o cenário global de agravamento climático. “De 1960 a 2020, a temperatura média aumentou 1,2 °C em Curitiba, com mudanças no regime de chuvas e na umidade relativa do ar”, justificou o prefeito Eduardo Pimentel, nas mensagens aos vereadores. A expectativa é que a substituição de ônibus reduza as emissões de CO₂ em até 15.919 toneladas por ano, além de melhorar a qualidade do ar, diminuir ruídos e reduzir gastos com saúde pública.

“O investimento proposto trará impacto positivo direto a cerca de 216 mil pessoas que se deslocam diariamente para o trabalho ou estudo”, afirmou o prefeito na justificativa das duas propostas. No caso da eficiência energética, a estimativa é que a instalação de painéis solares gere até 22,8 MW de potência, suprindo o consumo de prédios municipais. As propostas tramitam em regime de urgência do Executivo, portanto devem ser votadas em até 45 dias.

Item

005.00407.2025 (BNDES)

005.00408.2025 (KfW)

Origem dos recursos

BNDES (Brasil) – R$ 380 milhões

KfW (Alemanha) – € 100 milhões (R$ 635 milhões)

Linhas de ônibus afetadas

Linha Direta Inter 2

BRT Leste-Oeste e Interbairros II

Infraestrutura adicional

Eletropostos 

Eletropostos e painéis fotovoltaicos

Objetivo principal

Substituir frota a diesel por elétrica

Substituir frota e gerar energia limpa

Público beneficiado direto

91 mil passageiros por dia

355 mil passageiros por dia

Redução de CO₂ esperada

5.951 t/ano

9.968 t/ano