Plenário acata moção de protesto contra suposto ataque racista

por Fernanda Foggiato | Revisão: Vanusa Paiva — publicado 07/06/2022 12h25, última modificação 07/06/2022 15h13
Vereador de Pinhais é investigado por injúria racial. Requerimento partiu de Carol Dartora.
Plenário acata moção de protesto contra suposto ataque racista

Para Carol Dartora, o Legislativo da Grande Curitiba não pode chancelar o racismo estrutural. (Foto: Rodrigo Fonseca/CMC)

Na sessão desta terça-feira (7), a Câmara Municipal de Curitiba (CMC) aprovou moção de protesto contra um caso de injúria racial sob investigação da Polícia Civil do Paraná. O vereador de Pinhais Polaco do Pérola (Cidadania) é acusado de proferir ofensas racistas, no fim de abril, a uma comerciante e moradora da cidade. Acatado em votação simbólica, em turno único, o requerimento é de iniciativa de Carol Dartora (PT). Ela pede que a moção de protesto seja encaminhada ao Legislativo de Pinhais.

No dia 27 de abril de 2022, o vereador do Município de Pinhais Flazio Gorges, conhecido e eleito pelo nome Polaco do Pérola, do partido Cidadania, colocou o carro por cima da calçada, no bairro de Weissópolis, cercou, abordou e pronunciou série de ofensas racistas e injúrias raciais contra uma comerciante, vítima dos fatos”, cita a proposição (413.00008.2022). “As imagens são chocantes e o relato da vítima e das testemunhas dão conta de demonstrar a materialidade das ofensas e injúrias raciais, suficientes para qualquer ação mais contundente daquela Câmara Municipal, em relação aos atos cometidos pelo vereador".

Dartora aponta que a notícia tomou notoriedade no Paraná, mas que a Câmara de Pinhais não abriu procedimento para investigar a conduta do parlamentar. Conforme a vereadora, o Legislativo da Grande Curitiba “alega que foi uma questão pessoal do vereador e esqueceu que o vereador é uma pessoa pública”. Ela avalia que a Câmara Municipal, ao não se manifestar, chancela o racismo estrutural. “É importante dizer que não é mais momento de consentir com este tipo de violência".

Como Câmara Municipal comprometida em combater o racismo institucional e estrutural, bem como em responder ativamente aos atos de racismo e injúria racial, não podemos deixar de repudiar atos cometidos por outros membros do Poder Legislativo em qualquer esfera, bem como de requerer as medidas cabíveis para que o autor seja devidamente responsabilizado por seus atos, não sendo admissível a impunidade nos crimes de injúria racial e racismo”, completou Dartora.

Além de lamentar o episódio, Dalton Borba (PDT) lembrou a prisão de uma mulher em flagrante por injúria racial no Metrô de Belo Horizonte (MG), no último domingo (5), após agredir uma família com comentários racistas. Na avaliação de Noemia Rocha (MDB), é preciso pensar na Grande Curitiba. A vereadora ainda opinou que haveria uma “cegueira em relação ao posicionamento” daquele Legislativo.

Indicação ao Executivo
O plenário também avalizou, na segunda parte da ordem do dia, indicação ao Executivo em que o mote é a qualidade de vida dos moradores do Pinheirinho. Autor da proposta, Tico Kuzma (Pros) sugere a realização de estudos para a implantação do projeto Clube da Gente naquele bairro (205.00187.2022).

A medida, justifica a proposição, irá “proporcionar qualidade de vida para a população, através da oferta de infraestrutura e serviços sociais, na forma de mobilidade urbana, transporte, habitação, cultura, saúde, lazer e geração de emprego e renda”. Outro benefício do Clube da Gente, afirma a indicação, é oferecer aos usuários “atividades integradas de cunho socioeducativo, esportivo, de lazer e cultural”.

Votadas em turno único e de maneira simbólica (sem o registro no painel eletrônico), as indicações são uma manifestação legal dos vereadores, referendadas em plenário, mas não são impositivas. Cabe ao Executivo avaliar e acatar, ou não, as propostas. As sessões começam às 9 horas e têm transmissão ao vivo pelos canais da Câmara de Curitiba nYouTube, no Facebook e no Twitter.