Na Câmara: Mutirão da Saúde da DPE-PR atendeu 102 pessoas
Defensor Rafael Souto participa do atendimento da cabeleireira Karina Ribeiro. (Fotos: Rodrigo Fonseca e Carlos Costa/CMC)
O Mutirão da Saúde promovido pela Defensoria Pública do Estado do Paraná (DPE-PR), em parceria com a Câmara Municipal de Curitiba (CMC), totalizou 102 atendimentos nesta quarta-feira (9). O número supera tanto o mutirão anterior na CMC, em março, voltado a questões de Direito de Família, que teve 84 atendmentos, quanto o anterior de Saúde, em 2024, na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), com 57 registros.
Durante a ação, defensores públicos e servidores ofereceram orientações jurídicas e encaminhamentos administrativos sobre fornecimento de medicamentos, leitos hospitalares, consultas e tratamentos negados pelo poder público. A defensora do Núcleo de Defesa da Saúde da DPE-PR, Fabiola Parreira Camelo, explicou que o objetivo é “ampliar o acesso à Defensoria Pública, abrir mais essa porta, tanto na orientação, no esclarecimento de direitos, como na tentativa de solução de demandas”.
Coordenador dos postos avançados da DPE-PR, o defensor Rafael de Mateus Souto acompanhou o Mutirão da Saúde, realizado das 9h às 15h no auditório da Câmara de Curitiba, e elogiou a parceria entre órgãos públicos para “a efetivação do direito à Saúde”. Fabiola Camelo explicou que, nesses atendimentos especiais, a equipe da DPE-PR busca, primeiro, resolver as situações de forma extrajudicial, “tentando entender o problema e dialogar com as secretarias responsáveis antes de judicializar o caso”.
Também participaram do Mutirão da Saúde servidores do Núcleo de Apoio Técnico da Prefeitura de Curitiba, que analisaram as demandas apresentadas durante o evento. A enfermeira auditora Carla Regina Batista contou que a presença da equipe municipal ajuda a evitar processos desnecessários: “Às vezes, é apenas desconhecimento de fluxo. A gente entrando no prontuário já consegue esclarecer para o paciente o que está acontecendo, de forma mais ágil”.
“Preciso da cirurgia para voltar ao trabalho”: depoimentos mostram importância do Mutirão*
Há um mês, a cabeleireira Karina Ribeiro, de 37 anos, mãe solo de duas meninas, entrou na fila do SUS após ser diagnosticada com necrose óssea no fêmur esquerdo, uma condição que já passou para a outra perna. A fila, no caso dela, é de um ano. “[Já são] 30 dias que não consigo trabalhar e ficar em pé”, desabafa. Hoje, de cadeira de rodas, Karina também passou pelo atendimento com a Defensoria Pública, que a orientará no caso, após a juntada de documentos médicos. “Eu só tenho a agradecer à Defensoria e à Câmara por essa oportunidade que oferecem às pessoas, buscando proporcionar uma qualidade de vida melhor”, disse, em tom de gratidão.
Alda de Jesus, de 44 anos, é cozinheira industrial e buscava ajuda para o filho de 6 anos, que é autista. Ela conta que aguarda atendimento especializado da Prefeitura de Curitiba desde novembro de 2024, quando estava na posição 15° da fila de espera. Passado um ano, e ainda na 11° posição, ela veio ao Mutirão. Alda explica que o filho, Adryan, tem problemas de coordenação motora e ainda não consegue escrever o próprio nome, pois tem dificuldade em segurar o lápis. Por isso, acredita que a terapia ocupacional será fundamental para o desenvolvimento dele. Após ser atendida pela Defensoria Pública, Alda recebeu a informação de que até o final do ano seu filho seria chamado para iniciar a terapia. “Eles me atenderam muito bem, me deram o suporte que eu precisava e me falaram tudo que eu precisava entender”, finaliza Alda.
Após um acidente de moto que resultou em uma fratura exposta no antebraço direito, o tatuador Edson França, de 56 anos, espera há dois anos por uma cirurgia reparadora para voltar a trabalhar. Hoje ele esteve no mutirão da Defensoria Pública em busca de apoio para resolver o caso. Segundo Edson, o braço não calcificou corretamente após a primeira cirurgia, o que o levou a entrar na lista de espera da Ortopedia no Hospital do Trabalhador. Ele relata que em novembro de 2023 ocupava a posição 61° na fila, mas que agora “caiu” para a 460°.
Relembrando uma conversa com médico que lhe atendeu durante a consulta de perícia, Edson até brinca “se o senhor estivesse com o meu braço, estaria apto para realizar cirurgia?”. Ele conta que soube do mutirão pelas redes sociais e decidiu buscar atendimento. Após ser atendido pela Defensoria Pública, Edson conta que o seu caso será encaminhado para análise administrativa, para apurar os motivos da demora no agendamento da cirurgia.
Posto avançado da DPE na Câmara está perto de completar 4 mil atendimentos
Realizado no auditório da Câmara, o Mutirão da Saúde contou com o apoio da equipe do posto fixo da DPE-PR na CMC, inaugurado em 2023. Desde então, o posto já ultrapassou 3.700 atendimentos individuais de cidadãos que buscaram orientação jurídica gratuita no local. O presidente da Câmara, vereador Tico Kuzma (PSD), ressaltou que “com o posto da Defensoria aqui dentro e com ações como os mutirões, a Câmara amplia o acesso à justiça e cumpre sua função de servir à população de forma direta e transparente”. Nori Seto (PP) e Meri Martins (Republicanos), da Mesa Diretora, prestigiaram a abertura das atividades.
No período da tarde, defensor público-geral do Estado, Matheus Cavalcanti Munhoz, compareceu à Câmara de Curitiba e destacou a importância da parceria com o Legislativo. “A Câmara é um espaço democrático, que aproxima as pessoas do poder público e nos permite atender quem mais precisa. Esses mutirões mostram como é possível garantir efetividade de direitos e fortalecer a Defensoria como instrumento de justiça social”, afirmou.

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