Irmãos Rebouças: os engenheiros que fizeram história em Curitiba

por Assessoria Comunicação publicado 13/12/2012 18h40, última modificação 10/09/2021 08h14
A Câmara Municipal vem realizando um levantamento biográfico sobre as pessoas que nomeiam as ruas de Curitiba. O projeto, desenvolvido pela Assessoria de Comunicação, foi motivado por outra pesquisa do setor, que buscou dados sobre a atuação da Casa desde a sua criação, em 1693, junto com a fundação da cidade. O trabalho resultou na seção “Aconteceu”,  no site do Legislativo, que diariamente traz fatos históricos a respeito dos debates, leis e curiosidades da capital ao longo destes séculos. E nesta nova proposta, determinadas efemérides merecem atenção especial. Na semana em que se comemorou o Dia do Engenheiro, 11 de dezembro,  a Câmara rememora aspectos biográficos dos engenheiros Rebouças.

Se hoje Curitiba é a capital do estado do Paraná, tal fato se deve ao empenho e à perseverança de dois irmãos nascidos na Bahia, ambos engenheiros: Antônio e André Rebouças. Filhos de Antonio Pereira Rebouças, os irmãos tornaram-se engenheiros militares e chegaram a estudar na Europa, apesar das limitações culturais, políticas e econômicas impostas aos negros naquele período.

Depois de trabalhar em obras públicas no Rio de Janeiro, André se torna um “voluntário da pátria” e segue para o conflito contra o Paraguai, no qual chegou a participar da Batalha de Tuiuti. Os dois irmãos sempre se esforçaram por apresentar projetos e soluções que visassem a melhoria das condições de vida da população, como foi o caso da distribuição de água no Rio de Janeiro. Sempre enfrentaram percalços de natureza burocrática ou preconceituosa (em razão do fato de serem negros).

Apesar disso, foram eles, por exemplo, os responsáveis por estudos e soluções técnicas que viabilizaram a construção da estrada de ferro que liga Paranaguá a Curitiba. Graças a ambos, o projeto que se reputava infactível, revelou-se promissor e Curitiba pôde reunir condições para tornar-se a capital do estado.

Os irmãos Rebouças não participaram da execução das obras da estrada, mas elas foram realizadas entre os anos de 1880 e 1884. Ao longo de seu percurso existem pontes e túneis cuja precisão e ousadia atraem turistas de todo o mundo até hoje.

A construção da estação ferroviária em Curitiba alavancou o desenvolvimento da cidade, que, até meados dos anos 80 do século XIX, não ia muito além da Rua Marechal Deodoro, então conhecida como Rua do Imperador. A nova estação, que teve a localização sugerida pela Câmara de Vereadores, fez surgir a Rua da Liberdade, posteriormente batizada como Barão do Rio Branco, cuja importância econômica só rivalizava com a Rua do Mato Grosso, atual Comendador Araújo.

A presença de dois prédios públicos na Rua da Liberdade (Palácio da Liberdade, sede do executivo estadual, e Palácio do Congresso, sede do Legislativo) emprestou à rua uma importância que se consolidaria com a inauguração, em 1912, do prédio do Paço na Praça Municipal (hoje Generoso Marques).

A região localizada atrás da Estação Ferroviária ganhou contornos industriais com a instalação de fábricas diversas. A presença de extensas vias ligando esta região à parte sul da cidade fez com que ela também ganhasse importância estratégica. A administração pública de Curitiba homenageou os irmãos Rebouças batizando não só uma das ruas dessa região com o nome de Engenheiros Rebouças, mas toda a região. Hoje, o bairro Rebouças é uma das localidades mais valorizadas de Curitiba e sua importância histórica é inegável para o entendimento da dinâmica da cidade.

Cada passo para a consolidação da capital apresentou seu grau de dificuldade, mas iniciativas de engenheiros como os irmãos Rebouças foram imprescindíveis. E eles foram apenas dois exemplos da extensa lista de profissionais engenheiros que contribuíram para a determinação dos contornos da cidade. O nome dos Rebouças sintetiza o espírito empreendedor e ousado que sempre orientou os engenheiros que trabalharam em Curitiba, daí a lembrança de seus nomes por ocasião do Dia do Engenheiro.

Por João Cândido Martins